DISCOS
LiftOff
Train of Thought
· 05 Nov 2018 · 09:35 ·
LiftOff
Train of Thought
2018
Ed. de Autor
LiftOff
Train of Thought
2018
Ed. de Autor
Diálogo jazz.
O projeto LiftOff nasce da união de esforços de duas figuras centrais do jazz contemporâneo nacional: o pianista Óscar Marcelino da Graça e o vibrafonista Jeffery Davis. Formado em Aveiro no ano de 2002, o projeto gravou em 2003 o seu primeiro disco, que não chegou a ser publicado. Assim, este disco de estreia chega muitos anos após a génese do projeto.

Nascido na Canadá em 1981, Jeffery Davis vive em Portugal desde 1985. Vibrafonista com uma sólida formação académica (EPME, ESMAE e Berklee College of Music), Davis tem colaborado com músicos como Joe Lovano, Gary Burton, Dave Liebman, Terrence Blanchard e Roswel Rudd, entre outros. Integrou o Drumming (Grupo de Percussão) e tem colaborado em projectos como XL Trio (com Sérgio Carolino e Telmo Marques), duo com Federico Casagrande (disco “The Settlement”), Kinetix Duo, Erro de Sintax, trio de percussão com Pedro Carneiro e Alexandre Frazão, entre outros. Lidera diversos projectos em nome próprio e editou o disco “Haunted Gardens”, gravado em quarteto, em 2009.

O pianista Óscar Marcelino da Graça nasceu em Aveiro, em 1980, com uma formação académica que passou pelo Conservatório de Música de Aveiro, Escola Superior de Música de Lisboa, Escola de Jazz do Porto, Hot Clube de Lisboa e Berklee College of Music. Integrou formações como Nuno Costa Quinteto, Nelson Cascais Decateto, sPiLL ou Orquestra de Jazz do Hot Clube de Portugal e tem colaborado com músicos como Sara Serpa, Ohad Talmor, Bernardo Moreira e João Guimarães, entre outros. Em 2012 editou o seu disco de estreia na condição de líder, “Velox Pondera” (Tone of a Pitch), gravado com Demian Cabaud e Marcos Cavaleiro.

O disco “Train of Thought” reúne um total de nove temas: oito originais, cinco de Graça, três de Davis; e uma versão de um clássico de John Coltrane, “Giant Steps”, com arranjos de Graça e Davis. Além de Graça (piano e órgão) e Davis (vibrafone), o disco conta com a participação de Nélson Cascais (contrabaixo) e Alexandre Frazão (bateria). O grupo assume uma vontade de marcar a diferença: desde logo pela originalidade das composições; e também, naturalmente, pela relação instrumental de piano e vibrafone que, não sendo inédita, é pouco usual.

Piano e vibrafone entrelaçam ideias, fomentam um diálogo constante, vão alternando de posições, num permanente jogo de equilíbrio. Davis e Graça exibem virtuosismo e elegância, cérebro e sentimento, não há nota que caia fora do sítio. E a dupla é complementada pelo trabalho da secção rítmica, sempre com precisão metronómica - Cascais e Frazão não são apenas veteranos do jazz nacional, confirmam o seu estatuto em cada colaboração, como é este o caso. Muitos anos após a génese do projeto, chegou finalmente o seu disco de estreia. Chegou tarde, mas valeu bem a pena.
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

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