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FCT
From Sun Ra to Donald Trump
· 19 Dez 2017 · 11:43 ·
FCT
From Sun Ra to Donald Trump
2017
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O tÃtulo é provocador, o jazz é sério.
O acrónimo FCT significa Francesco Cusa Trio. O italiano Cusa (Catania, 1966) é baterista e neste seu trio conta com a companhia de Simone Graziano (piano) e Gabrielle Evangelista (contrabaixo). Neste disco em particular o trio do baterista italiano conta ainda com a colaboração do saxofonista Carlo Atti. O título do disco é desde logo curioso e desperta a curiosidade sobre a música. Também os títulos dos temas são dignos de registo: “Adam Smith counts every penny”; “Deficit in the economy of the black jazzman in the sixties”; “Fiscal regime in the life of the New York taxidriver-jazzman” (e estes são só alguns).
Se os títulos são irónicos e provocadores, a música é mais conservadora. O quarteto desenvolve um jazz sério, sólido, bem, estruturado. O líder baterista Francesco Cusa mantém a estabilidade rítmica; o contrabaixo de Evangelista exibe solidez; e o piano de Graziano sabe combinar a estrutura e a imaginação. Já o saxofone de Carlo Atti, apesar de surgir como convidado externo, acaba por se revelar a estrela da companhia, principal dinamizador neste contexto. O disco arranca com o contrabaixo em destaque, seguido de apontamentos da bateria. Entra depois o piano, tranquilamente. Logo depois chega o saxofone tenor de Atti que, dali a pouco, já estará a ziguezaguear, desbravando o caminho. É assim o início do disco, que rapidamente conquista pela sua plasticidade, um jazz moderno, aberto e acessível.
O quarto tema, “Delivering a load of musical boxes to Wall Street”, abre com o piano em espiral, repetindo um motivo, até que os restantes vão entrando, abrindo espaço à evolução desse motivo base. Ao sétimo tema, “Sun Ra vs. Donald Trump (Wrestling bout, refereed by Roland Barthes)”, ouvimos a banda num óptimo envolvimento colectivo. O quarteto exibe uma excelente dinâmica, trabalhando a improvisação de forma elegante e fluída. Spoiler: no final do disco não ficaremos a saber qual a ligação entre o genial extraterrestre Sun Ra e o ignóbil quadragésimo quinto POTUS, mas isso fica para segundo plano. A música, que é o aquilo que aqui mais nos interessa, é bela. E isso basta.
Nuno CatarinoSe os títulos são irónicos e provocadores, a música é mais conservadora. O quarteto desenvolve um jazz sério, sólido, bem, estruturado. O líder baterista Francesco Cusa mantém a estabilidade rítmica; o contrabaixo de Evangelista exibe solidez; e o piano de Graziano sabe combinar a estrutura e a imaginação. Já o saxofone de Carlo Atti, apesar de surgir como convidado externo, acaba por se revelar a estrela da companhia, principal dinamizador neste contexto. O disco arranca com o contrabaixo em destaque, seguido de apontamentos da bateria. Entra depois o piano, tranquilamente. Logo depois chega o saxofone tenor de Atti que, dali a pouco, já estará a ziguezaguear, desbravando o caminho. É assim o início do disco, que rapidamente conquista pela sua plasticidade, um jazz moderno, aberto e acessível.
O quarto tema, “Delivering a load of musical boxes to Wall Street”, abre com o piano em espiral, repetindo um motivo, até que os restantes vão entrando, abrindo espaço à evolução desse motivo base. Ao sétimo tema, “Sun Ra vs. Donald Trump (Wrestling bout, refereed by Roland Barthes)”, ouvimos a banda num óptimo envolvimento colectivo. O quarteto exibe uma excelente dinâmica, trabalhando a improvisação de forma elegante e fluída. Spoiler: no final do disco não ficaremos a saber qual a ligação entre o genial extraterrestre Sun Ra e o ignóbil quadragésimo quinto POTUS, mas isso fica para segundo plano. A música, que é o aquilo que aqui mais nos interessa, é bela. E isso basta.
nunocatarino@gmail.com
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