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Factory Floor
Factory Floor
· 22 Out 2013 · 19:08 ·
Factory Floor
Factory Floor
2013
DFA


Sítios oficiais:
- Factory Floor
- DFA
Factory Floor
Factory Floor
2013
DFA


Sítios oficiais:
- Factory Floor
- DFA
Ouçam os ritmos… e praticamente mais nada.
Entre os leitores mais veteranos do Bodyspace, ou interessados em arqueologia da música portuguesa, é possível que haja quem se lembre dos The Astonishing Urbana Fall. Sobretudo, de como a lenda refere as suas mudanças de concerto para concerto. Nunca sabendo o público o que deles esperar. Como de Barcelos a Londres vai um passinho, o método mutante foi, rezam as crónicas, igualmente adoptado pelo trio de Nik Colk Void, Dominic Butler e Gabriel Gurnsey, contribuindo para adensar a expectativa e o entusiasmo perante o iminente lançamento do seu álbum de estreia. Chegados a esse álbum, editado pela DFA, o que apraz dizer logo de entrada é que este é um disco que tanto deve a Londres como a Nova Iorque. E que fica a dever um pouco mais de…inesperado.

A escolha do adjectivo “inesperado”, no entanto, não se refere ao disco em si. Até ao lançamento do single “Fall Back”, as opiniões esperariam algo mais violento ou abrasivo. Mas ”Factory Floor” pode até ser encarado como um disco feito para dançar. Se há instrumentos aqui que não sejam percussivos, quer orgânicos, quer electrónicos, são sintetizadores de sons que se aproximam do percussivo. E se nada é possível ter contra um disco que podia ser composto de uma remix que isolasse e acelerasse os ritmos de bandas como os Konk ou Liquid Liquid, acrescidos de uma voz robótica/neutral, e de um ambiente de cave escura de paredes e chão em cimento tão ao gosto brit, também se torna verdade que o cansaço se apodera das mentes que apenas querem um disco para ouvir nos fones a medida que o disco prossegue. Deseja-se que, para lá das percussões, embora estas estejam sempre cheias de energia cinética, apareça um riff, um trompete, scratching, um baixo industrial a la Godflesh. Qualquer coisa, em suma.

Significará isto que, ao lado dos Factory Floor, os Prinzhorn Dance School sao os Emerson Lake & Palmer? Não propriamente. Pode não haver aqui abundância de ganchos, mas também não há propriamente espaço “vazio”. ”Factory Floor” é recheado de estímulos, e oferece várias alternativas em cada música sobre que ritmo tentar “acompanhar”. E talvez faca ainda mais sentido num espaço onde só se queira dançar por 50 e poucos minutos. Em casa ou na rua, ficamos a espera que a mutação seguinte encontre novas cores, ou novas tonalidades de cinzento.
Nuno Proença
nunoproenca@gmail.com

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