DISCOS
El Guincho
Pop Negro
· 13 Jan 2011 · 11:39 ·
El Guincho
Pop Negro
2010
Young Turks / Popstock


Sítios oficiais:
- El Guincho
- Young Turks
- Popstock
El Guincho
Pop Negro
2010
Young Turks / Popstock


Sítios oficiais:
- El Guincho
- Young Turks
- Popstock
Ao segundo disco, Pablo Díaz-Reixa confirma a forma de El Guincho e do indie espanhol. Spanish do it better.
Se ainda duvidas houvesse da graça criativa de Pablo Díaz-Reixa nestes tempos tão dados a tentativas e procuras solarengas (sim, sim, já sabemos que o Priberam diz que solarengo é algo “relativo ao solar (casa nobre)” ou “aquele que, como serviçal ou lavrador, vivia no solar ou fazenda de outrem” mas não dá com nada dizê-lo de outra forma) e dignas de celebração, Pop Negro desfaz em muito boa parte essas suspeitas. Porque o segundo disco do espanhol El Guincho é um nunca mais acabar de explosões com epicentro algures entre a África e o Caribe que resultam inevitavelmente – ou nem por isso – num verdadeiro festim pop tingido de mil cores. E, ei, com bom gosto.

Pablo Díaz-Reixa soube jogar bem os trunfos neste Pop Negro que de sombrio tem pouco ou nada tem. Soube deixar o riacho correr mais em direcção das canções (cada vez mais assumidas, cada vez mais directas e imediatas), soube gerir as suas influências a seu favor – e ser mais El Guincho do que outra coisa qualquer – e soube até dosear a quantidade. Com menos de 34 minutos, Pop Negro tem o timing exacto para ser um disco entusiasmante do início até ao fim. Quase sem excepções. E quando em “Bombay” ouvimos Pablo Díaz-Reixa dizer “no te vayas a china que allí no tienen cortinas” sabemos que estamos no sítio certo. Por momentos parece que esta é a única saída possível para os males que assolam o dobrar de 2010 para 2011. Spanish do it better.

Canções como “Bombay”, cocktail que só podia mesmo ser servido com uma cobertura de steel drum bem generosa, “Novias”, espécie de queixume caribenho que é espécie de máquina do tempo rumo a dias de sol que é espécie de impossibilidade infinitamente melódica ou “Soca del Eclipse”, canção tipicamente enganadora ao início mas totalmente recompensadora na altura em que tantas canções se decidem (no refrão, claro), chegam para encher as medidas de quem na pop vê uma espécie de escape, de quem acha que o indie deve sair das suas barreiras e molhar os pés nas águas mais quentes, e para dar uma chapada de luva branca em quem achou que Alegranza foi apenas um golpe de graça cheio de cagança. “FM Tan Sexy”, mais ou menos a meio do objecto, é quase um pedido derradeiro e um alerta: ponham mais sexo nessa, desculpem o estrangeirismo, Frequency Modulation, por favor.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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