DISCOS
Ashley Beedle & Darren Morris
Mavis
· 24 Jun 2010 · 12:36 ·
Ashley Beedle & Darren Morris
Mavis
2010
!K7


Sítios oficiais:
- Ashley Beedle & Darren Morris
- !K7
Ashley Beedle & Darren Morris
Mavis
2010
!K7


Sítios oficiais:
- Ashley Beedle & Darren Morris
- !K7
Por mais anos que tenham, há mensagens que nunca morrem. A verdade interior de Mavis Staples continua viva.
Há coisas que não vale muito a pena perder tempo a pensar nelas. Partir para a acção será mesmo o ideal. Porque quando a vontade de fazer é intrínseca e a experiência é uma ferramenta que permite o assentar de ideias, meio caminho está percorrido para que a música nasça de forma espontânea e sem conceptualismos que criem sobrecarga desnecessária no simples espírito humano. Sons simples e honestos como desígnios elementares.

E é por aí mesmo que este projecto Mavis se fica, não querendo ser mais do que é: um conjunto de canções simples, espontâneas, de fino recorte e, acima de tudo, um reflexo de quem quer criar sem se sentir constrangido nem pelo passado, nem pelo presente. Não se estranhe, pois, a presença do protagonista que dá forma a esta honesta homenagem a Mavis Staples, o sr. Ashley Beedle, lenda viva da música electrónica britânica envolvido em múltiplos projectos como os memoráveis Ballistic Brothers ou X-Press 2.

Sem se perder em redundâncias, Mavis Presented By Ashley Beedle & Darren Morris é mais que um mero disco de covers. Esquadrinhar o ideário de Mavis foi o ponto de partida, tendo-se seguido uma recontextualização domingueira entre a pop e a soul. São essencialmente canções oníricas e solarengas, aromatizadas por vozes (Candi Staton, Kurt Wagner, Ed Harcourt, Edwin Collins, Cerys Matthews, Danielle Moore e Sarah Cracknell) que distintamente soltam um charme pacificador sobre uma escrita original que amiúde se debruçou sobre os problemas sociais de uma América agoniada consigo mesma.

O clamor de revolta de Mavis Staples nos idos anos de 1960 e 70 mantém-se vivo mas é suavizado pela sóbria e competente produção de Ashley Beedle e Darren Morris. Mavis é disco de bom gosto, discreto, de contornos clássicos, apreciável por quem ainda se sujeite voluntariamente à inabalável certeza interior de treceiros, a uma franqueza de princípios gerada por gente que nada mais quer que a elevação da alma e a pura verdade. Os empíricos e intemporais "Nemesis Required" ou "Revolutions" ainda são rebentos genuínos dessa suprema inspiração originada pelo melhor que a consciência humana tinha e tem para dar. Simples exemplos que demonstram porque há mensagens de boa-fé que nunca morrem, por mais anos que tenham.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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