DISCOS
Zomby
Where Were U in 92?
· 23 Dez 2008 · 09:52 ·
Zomby
Where Were U in 92?
2008
Werk Discs / Flur


Sítios oficiais:
- Zomby
- Werk Discs
- Flur
Zomby
Where Were U in 92?
2008
Werk Discs / Flur


Sítios oficiais:
- Zomby
- Werk Discs
- Flur
O disco de estreia Zomby é o mais recente case study da mutação-em-curso do underground britânico. Poderá o futuro voltar a ser amanhã?
Praticamente pilhado o filão de 80, a probabilidade do mesmo começar a acontecer ao de 90 torna-se numa hipótese cada vez mais forte à medida que a nova década se aproxima. Observem-se os recentes casos de Shed, de Andy Stott, de Burial e agora de Zomby que, numa demanda pela revitalização do velho espírito rave, têm incorporado os princípios elementares do IDM, do techno de Detroit e do hardcore (que tão bem caracterizaram as festas do início dos anos 90) numa estrutura sonora que tem, amiúde, o minimal e o dubstep como pontos de partida da acção criativa.

O irreverente Zomby, depois de despertadas as necessárias atenções em torno de um conjunto de dissertações em tonalidades dubstep – recentemente editou um EP via Hyperdub de Kode 9 -, revela a tempo das festas de fim de ano um curioso exercício revivalista onde o hardcore-techno dos Shut Up And Dance ou dos Altern 8 é dissecado por portentosas linhas de baixo, melodias hipnóticas sujas e breakbeats rústicos.

Apesar da questão que dá título ao disco que nos remete para o nostálgico espírito rave que se sentia no underground britânico em finais de 80 e inícios de 90 – que mais tarde viria a contaminar o resto do mundo -, Where Were U in 92? é um genuíno fruto dos nossos dias que não é o que parece à primeira vista - um disco conceptual -, nem se torna no objecto que pretendíamos ao fim de uma dúzia de escutas - um disco com uma alma verdadeiramente inovadora.

Where Were U in 92? conquista-nos lentamente pela natureza contraditória que lhe corre nas veias, pelo animo positivamente nostálgico, pelo engenho do alinhamento, pela produção repleta de ornamentos inacabados e, um pouco à semelhança de Burial, pelas vozes e sons que ecoam na obscura câmera do dub. Os temas raramente extravasam os quatro minutos. A atitude é directa e é sintetizada numa amalgama de tal forma consistente que escassas são as vezes em que os temas se distinguem verdadeiramente uns dos outros. Talvez por isso, os 14 temas percorrem pouco menos de 40 minutos num frenesim intenso e recheado de pequenos pormenores deliciosos. Pormenores que tanto agradarão à memória dos que ainda sonham com o passado glorioso, como afeiçoar-se-ão ao ouvido atento de quem busca o radioso som do amanhã. Let´s Jack before we die? Talvez seja de aproveitar.
Rafael Santos
r_b_santos_world@hotmail.com

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