DISCOS
V/A
Active Suspension vs Clapping Music
· 07 Dez 2002 · 08:00 ·
V/A
Active Suspension vs Clapping Music
2003
Active Suspension


Sítios oficiais:
- Active Suspension
V/A
Active Suspension vs Clapping Music
2003
Active Suspension


Sítios oficiais:
- Active Suspension
A proposta é simples: reunir num duplo CD (eles não gostam que lhe chamemos compilação) músicas dos artistas das editoras Clapping Music e Active Suspension e colaborações desses músicos com artistas de fora. O esforço conjunto de artistas, editoras, designers resulta numa recolha de músicas que mostra uma França musical que vai para além dos consagrados Air, Daft Punk ou St. Germain e que faz pensar se algo do género seria possível em Portugal.

A pequena editora Active Suspension foi criada no Verão de 1998 em Paris, e desde então lançou um bom punhado de interessantes bandas e artistas. Segundo garantem, cedo apostaram num caminho independente e sempre acreditaram no futuro da música. Pensam (e nós também) que vão sobreviver. Ninguém pode dar garantias disso, mas se por algum motivo abandonassem agora o esforço que mantiveram durante quatro anos, a música ficaria por certo mais pobre.

A Clapping Music é igualmente Parisiense e mantém uma relação muito chegada com a Active Suspension. É interessante pensar se seria possível alguma vez em Portugal, que duas editoras distintas fizessem uma compilação de material “menos conhecido” ou por editar. O cenário parece longe da realidade nacional e talvez nunca se venha a concretizar, mas os resultados poderiam ser extremamente benéficos para as possíveis cooperantes.

No primeiro dos dois discos podemos encontrar uma grande variedade de estilos que se caracterizam por não poderem ser encaixados na “música popular” francesa. Quando em Portugal alguns bradam aos céus por causa de semelhante “mal”, é necessário apercebermo-nos que isso é algo que vai acontecendo de país em país, por toda a Europa.

Dos artistas “residentes” presentes neste primeiro CD, Domotic, My Jazzy Child, Noak Katoï, Herz Chain, Shinsei, Hypo, Encre, O.Lamm e Concertmate, o destaque vai para os quatro primeiros desta lista. Domotic (aka Stephane Laporte) apresenta dois temas (um dos quais com uma colaboração) onde mistura de forma irrepreensível digital e analógico. “Pimmi” (última faixa do disco) é uma música de poucos tons onde são explorados trilhos em artes digitais. Noak Katoï apresenta um tema com vozes relaxantes que nos remetem à introspecção e à paz interior com um baixo por fundo, enquanto que My Jazzy Child apresenta-se com uma música com um grande trabalho essencialmente vocal (electrónico-vocal?).

O segundo disco segue a linha do primeiro e mais uma vez voltamos a ter uma selecção bastante eclética de bandas e artistas. Rock, electrónica ou hip-hop são estilos que confluem no seio de um CD que deve ficar alguns furos abaixo do primeiro. Encontramos algumas músicas de paisagens leves e distantes, caso do tema “More important than the governement, more important than the church in the home” de Quasigital Love ou outras com ritmos mais arrojados com hip hop, como “Fabriquedecollyre” de Orval Carlos Sibelius. Curioso é o facto de ser a música hip hop a únca cantada em francês. Como em Portugal, o hip hop é um dos últimos redutos (a par da musica tradicional) que usa quase exclusivamente a própria língua como meio de expressão.

Dos artistas “residentes” na editora encontramos Encre, Orval Carlos Sibelius, Quasigital Love, Hypo, Collen, Davide Balula, King Q4 e O.Lamm.

A estes juntam-se os convidados (que também não são poucos) TTC, Ddamage, Sogar, The Konki Duet, Fabrique de Couleurs, Rudde e Emmanuelle de Héricourt.

Para quem quiser entrar em contacto com estas editoras, aqui está um guia-base do material mais interessante por eles editado ou por editar. Um retracto também vasto de uma França musicalmente rica (mas atenção, nem todos os artistas pertencentes às fileiras das editoras são franceses), que faz olhar para Portugal como um sítio onde ainda muito há por fazer.
Tiago Gonçalves
tgoncalves@bodyspace.net

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