OPTIMUS ALIVE 2014
Passeio Marítimo de Algés
10-12 Jul 2014
DIA 2 |
Porque num funeral se celebra o que ficou em vida, os Vicious Five regressaram ao activo para um concerto especial no palco principal em que ajudaram uns pobres tolos a reviver a electricidade que chutaram nas veias nos anos idos de 2004 e 2005 e deixaram muitos mais a tentar adivinhar quem, afinal, eram estes gajos. Independentemente do facto de 90% da multidão provavelmente nem ser sequer nascida quando os lisboetas andavam a espalhar magia pelo país, os Vicious Five deram o óptimo concerto possível ("estamos velhos", dizia Quim), apoiados em malhas intemporais como "Bad Mirror" ou "The Electric Chants Of The Disenchanted" para nos deixar a morrer de saudades. Ainda haverá concerto no Milhões de Festa: talvez aí o público os possa homenagear devidamente. (Paulo Cecílio)
Alex d'Alva Teixeira é, muito provavelmente, o tipo mais simpático a fazer música em Portugal. Não só porque acede a todo e qualquer tipo de pedido parolo (diz que no último dia vai cantar eurodance com uns quantos trolls da Internet e fez questão de o anunciar) como as suas próprias canções transpiram isso mesmo: pop orelhuda com ajuda de um coro gospel que nos deixa a saltitar de refrão em refrão e nos coloca a gingar a anca de um lado para o outro. Se não foi um dos melhores concertos que vimos para já, foi certamente o mais divertido. E #batequebate tem tudo para ser um dos discos revelação deste verão que mal começou. (Paulo Cecílio)
Aguentou-se quinze minutos de MGMT. Lamentamos, mas os norte-americanos já não são nem relevantes no ano que corre nem "Time To Pretend" se continua a apoiar num anúncio televisivo para que permaneça na memória colectiva - salvo dos muitos que vieram especificamente até Algés para os ver. Deste lado já não há a mínima paciência. (Paulo Cecílio)
Light Up Gold (2012) encantou-nos, Sunbathing Animal (2014) deixou-nos um sabor amargo na boca. Ainda assim, vimo-nos impelidos a caminhar rumo ao palco Heineken para tragar um pouco do garage rock com pinta de slacker à la Minutemen dos Parquet Courts, e em boa hora o fizemos; canções no limite da navalha, debitadas por quatro desamazelados nova-iorquinos, com aquela atitude de quem se está a cagar tanto para o estilo que acaba por ter todo o estilo do mundo. As faixas do segundo álbum, que na rodela não fodem nem saem de cima, acabam por ganhar pujança ao vivo, pondo toda a gente a saltitar freneticamente. Nota especial para "Master of My Craft" e "Borrowed Time", tocadas costas com costas tal como no disco, a causar um moche caótico e a renovar-nos a fé de que, apesar de todas as certidões de óbito, o punk ainda vai mudar o mundo. (João Morais)
Com estatuto de cabeça-mas-não-tanto, os Black Keys chegaram ao Alive com disco novo na calha quando toda a gente esperava "Lonely Boy" - que foi tocada, evidentemente, levando à loucura os milhares de fãs que a pouco e pouco se foram aglomerando junto do palco principal e que horas altas da noite andavam a cantarolá-la nas estações de comboio das linhas de Cascais e Alcântara. O duo norte-americano ofereceu aos presentes um óptimo concerto, deixando para trás a horrorosidade do som do Pavilhão Atlântico tempos atrás e mostrando que o rock n' roll continua a ser um lema de vida. "Dead And Gone" a abrir, "Tighten Up" ali no meio, uma fabulosa "Fever" a seduzir-nos: está ganho. Longa vida aos Black Keys. (Paulo Cecílio)
Há qualquer coisa de encantador nas Au Revoir Simone, que vai muito além das pernas desnudas que bamboleiam hipnoticamente por trás dos sintetizadores, da caixa de ritmos e do baixo. Sentimos, nas malhas da sua dream pop agridoce, que Erika Forster, Annie Hart e Heather D'Angelo são moças com a cabeça no sítio certo e um historial de desamores rico o suficiente para encher álbuns. Regressaram a terras lusas após lançarem, em 2013, o seu quarto (e melhor) álbum, Move in Spectrums, e foi de lá que retiraram grande parte de um alinhamento que, apesar de encurtado pelos atrasos técnicos, se provou certeiro. "More Than" e "Crazy", adocicadas e orelhudas q.b., foram os momentos altos de um concerto que nos deixou de com um sorriso nos lábios e um aperto no coração. (João Morais)
Que dizer de uma banda que conta com a ajuda preciosa da voz de Blaya (e, porque não, das coxas), que chega ao festival a fechar o palco principal e que arrasa com "Kalemba" no final? Pouco antes dizíamos a Fred, baterista, que gostávamos mais do clube de futebol para o qual torce que das suas bandas, mas depois de tamanho festão torna-se mais difícil repetir a frase. Os Buraka trouxeram o calor de África, dos clubes nocturnos europeus, do sexo desenfreado e do ritmo infernal que teima em não cessar, que teima em derrubar-nos uma e outra vez: força nas canetas, precisa-se. Banda enorme. Que dizer mais? (Paulo Cecílio)
Com um post-dubstep a mostrar, a espaços, traços de familiaridade com o trabalho do também britânico James Blake, SBTRKT transmite ainda assim um pouco mais de emoção e fisicalidade nas suas canções, dando-lhes um apelo à dança que acaba por igualar o grau de experimentalismo e intelectualidade. O disco homónimo lançado em 2011 provou isso mesmo, e neste regresso ao Alive nota-se que Aaron Jerome é um menino mais crescido desde que o vimos em 2012 neste mesmo palco, sabendo limar as arestas e as subtilezas para um contexto festivaleiro onde se quer ser o mais abrangente possível. Pela nossa parte, o trabalho foi bem feito, e "Hold On" continua a dar-nos o mesmo arrepio na espinha de há dois anos. (João Morais)
Há disco a sair ainda este ano, mas antes disso há "Odessa" e "Sun" para nos fazer lembrar que Caribou é das melhores coisas que já nos passaram pelos ouvidos desde que nos conhecemos: electrónica quente e dançável que arrasta uma multidão enorme ao palco secundário e deixa eufórico um certo baixista da nossa praça (hey, Lucena, curtes tanto). Caribou ganhou o dia como sempre ganha, trazendo o ritmo semi-kraut à tenda e fazendo com que tivéssemos toda a vontade de tirar a roupa. Mas calma, isso só seria no dia seguinte. (Paulo Cecílio)
Alex d'Alva Teixeira é, muito provavelmente, o tipo mais simpático a fazer música em Portugal. Não só porque acede a todo e qualquer tipo de pedido parolo (diz que no último dia vai cantar eurodance com uns quantos trolls da Internet e fez questão de o anunciar) como as suas próprias canções transpiram isso mesmo: pop orelhuda com ajuda de um coro gospel que nos deixa a saltitar de refrão em refrão e nos coloca a gingar a anca de um lado para o outro. Se não foi um dos melhores concertos que vimos para já, foi certamente o mais divertido. E #batequebate tem tudo para ser um dos discos revelação deste verão que mal começou. (Paulo Cecílio)
Aguentou-se quinze minutos de MGMT. Lamentamos, mas os norte-americanos já não são nem relevantes no ano que corre nem "Time To Pretend" se continua a apoiar num anúncio televisivo para que permaneça na memória colectiva - salvo dos muitos que vieram especificamente até Algés para os ver. Deste lado já não há a mínima paciência. (Paulo Cecílio)
Light Up Gold (2012) encantou-nos, Sunbathing Animal (2014) deixou-nos um sabor amargo na boca. Ainda assim, vimo-nos impelidos a caminhar rumo ao palco Heineken para tragar um pouco do garage rock com pinta de slacker à la Minutemen dos Parquet Courts, e em boa hora o fizemos; canções no limite da navalha, debitadas por quatro desamazelados nova-iorquinos, com aquela atitude de quem se está a cagar tanto para o estilo que acaba por ter todo o estilo do mundo. As faixas do segundo álbum, que na rodela não fodem nem saem de cima, acabam por ganhar pujança ao vivo, pondo toda a gente a saltitar freneticamente. Nota especial para "Master of My Craft" e "Borrowed Time", tocadas costas com costas tal como no disco, a causar um moche caótico e a renovar-nos a fé de que, apesar de todas as certidões de óbito, o punk ainda vai mudar o mundo. (João Morais)
Com estatuto de cabeça-mas-não-tanto, os Black Keys chegaram ao Alive com disco novo na calha quando toda a gente esperava "Lonely Boy" - que foi tocada, evidentemente, levando à loucura os milhares de fãs que a pouco e pouco se foram aglomerando junto do palco principal e que horas altas da noite andavam a cantarolá-la nas estações de comboio das linhas de Cascais e Alcântara. O duo norte-americano ofereceu aos presentes um óptimo concerto, deixando para trás a horrorosidade do som do Pavilhão Atlântico tempos atrás e mostrando que o rock n' roll continua a ser um lema de vida. "Dead And Gone" a abrir, "Tighten Up" ali no meio, uma fabulosa "Fever" a seduzir-nos: está ganho. Longa vida aos Black Keys. (Paulo Cecílio)
Há qualquer coisa de encantador nas Au Revoir Simone, que vai muito além das pernas desnudas que bamboleiam hipnoticamente por trás dos sintetizadores, da caixa de ritmos e do baixo. Sentimos, nas malhas da sua dream pop agridoce, que Erika Forster, Annie Hart e Heather D'Angelo são moças com a cabeça no sítio certo e um historial de desamores rico o suficiente para encher álbuns. Regressaram a terras lusas após lançarem, em 2013, o seu quarto (e melhor) álbum, Move in Spectrums, e foi de lá que retiraram grande parte de um alinhamento que, apesar de encurtado pelos atrasos técnicos, se provou certeiro. "More Than" e "Crazy", adocicadas e orelhudas q.b., foram os momentos altos de um concerto que nos deixou de com um sorriso nos lábios e um aperto no coração. (João Morais)
Que dizer de uma banda que conta com a ajuda preciosa da voz de Blaya (e, porque não, das coxas), que chega ao festival a fechar o palco principal e que arrasa com "Kalemba" no final? Pouco antes dizíamos a Fred, baterista, que gostávamos mais do clube de futebol para o qual torce que das suas bandas, mas depois de tamanho festão torna-se mais difícil repetir a frase. Os Buraka trouxeram o calor de África, dos clubes nocturnos europeus, do sexo desenfreado e do ritmo infernal que teima em não cessar, que teima em derrubar-nos uma e outra vez: força nas canetas, precisa-se. Banda enorme. Que dizer mais? (Paulo Cecílio)
Com um post-dubstep a mostrar, a espaços, traços de familiaridade com o trabalho do também britânico James Blake, SBTRKT transmite ainda assim um pouco mais de emoção e fisicalidade nas suas canções, dando-lhes um apelo à dança que acaba por igualar o grau de experimentalismo e intelectualidade. O disco homónimo lançado em 2011 provou isso mesmo, e neste regresso ao Alive nota-se que Aaron Jerome é um menino mais crescido desde que o vimos em 2012 neste mesmo palco, sabendo limar as arestas e as subtilezas para um contexto festivaleiro onde se quer ser o mais abrangente possível. Pela nossa parte, o trabalho foi bem feito, e "Hold On" continua a dar-nos o mesmo arrepio na espinha de há dois anos. (João Morais)
Há disco a sair ainda este ano, mas antes disso há "Odessa" e "Sun" para nos fazer lembrar que Caribou é das melhores coisas que já nos passaram pelos ouvidos desde que nos conhecemos: electrónica quente e dançável que arrasta uma multidão enorme ao palco secundário e deixa eufórico um certo baixista da nossa praça (hey, Lucena, curtes tanto). Caribou ganhou o dia como sempre ganha, trazendo o ritmo semi-kraut à tenda e fazendo com que tivéssemos toda a vontade de tirar a roupa. Mas calma, isso só seria no dia seguinte. (Paulo Cecílio)
· 14 Jul 2014 · 15:03 ·
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