DISCOS
GNR
Psicopátria
· 07 Ago 2002 · 08:00 ·
GNR
Psicopátria
1986
EMI


Sítios oficiais:
- EMI
GNR
Psicopátria
1986
EMI


Sítios oficiais:
- EMI
Os primeiros registos dos GNR surgem em 1981, e é de certa forma fácil perceber porquê. Tanto nesse ano, como no anterior, existira uma enorme euforia no seio do pop/rock português, e foram muitas as bandas que surgiram por essa altura. Muitas delas viriam a conhecer morte prematura na ressaca desse boom. De 82 a 85 as vendas baixaram radicalmente, facto que se deve ao excesso de edições, sobretudo de bandas de segunda linha. Os GNR representam um dos poucos casos que conseguiu contrariar esse processo, editaram três discos durante esse período, e todos eles hoje considerados dos melhores da banda.

A carreira dos GNR já vai longa, passaram mais de vinte anos sobre a sua estreia em 1981, com os singles “Portugal na CEE” e “Sê um GNR”, no final desse ano, o grupo que conheceu muitas alterações na sua história, alarga o colectivo com a entrada de Rui Reininho. Em 1982 surge “Independança” e dois anos depois “Defeitos Especiais”, ambos os discos hoje (quase escandalosamente) ainda sem edição em CD, podendo apenas ser ouvidos pelos adeptos do velhinho das 33 rotações. Com algumas discussões pelo meio, o grupo quase acaba, mas a vontade de alguns em levar o projecto em frente consegue manter o grupo vivo. Em 1985, surge o terceiro álbum da banda, “Os Homens não se Querem Bonitos”, e um ano depois surge este “Psicopátria”.

Os GNR são hoje um dos casos de mais unânime referência no panorama pop português, tendo já sido lançado um merecido Best Of em 1996, com algumas das mais importantes canções do grupo, e uma compilação de slows e baladas em 2002 com “Câmara Lenta”.

“Psciopátria” apresenta-se como um sólido disco segundo uma ideia de música pop feita em Português. Depois de três álbuns mais experimentalistas com uma procura e exploração de identidade própria, este disco confirma os GNR num registo pop que depois conduziria a banda. Canções cativantes, com melodias interessantes e letras “nonsense”, sempre cheias de ironia, estão aqui presentes. O disco não é perante o público dos mais conhecidos dos GNR, mas apresenta grandes canções e clássicos da banda. Temas como “Pós Modernos”, “Bellevue”, “Efectivamente” e “Ao Soldado Desconfiado” são aos primeiros acordes reconhecidos por qualquer pessoa. A voz de Rui Reininho confere uma identidade muito própria ao disco, e as letras poéticas e polvilhadas a “nonsense” escritas por si também contribuem em muito para esse aspecto, num álbum onde a palavra acaba por ser muito importante.

Este álbum representa também o regresso dos portugueses à compra de discos, tendo sido um motor para a produção nacional pós-crise. Um disco muito interessante, de uma das mais importantes bandas nacionais.
Tiago Gonçalves
tgoncalves@bodyspace.net

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