DISCOS
Kelly Rowland
Here I Am
· 26 Jul 2011 · 23:35 ·
Kelly Rowland
Here I Am
2011
Universal Motown
Sítios oficiais:
- Kelly Rowland
- Universal Motown
Here I Am
2011
Universal Motown
Sítios oficiais:
- Kelly Rowland
- Universal Motown
Kelly Rowland
Here I Am
2011
Universal Motown
Sítios oficiais:
- Kelly Rowland
- Universal Motown
Here I Am
2011
Universal Motown
Sítios oficiais:
- Kelly Rowland
- Universal Motown
Agora sim : a outra.
Para alguém que sempre viveu na sombra da sua ex-colega mais mediática das Destiny's Child, o êxito da “Motivation”, por oposição ao fracasso da “Girls (Who Run the World)” da Beyoncé terá tido um sabor especial para a Kelly Rowland. Como que a repor uma certa justiça poética, acreditando numa meta-perspectiva em que que os falhanços de uma se equilibram no sucesso de outra. Passe todo esse misticismo parvo, deixava ainda assim antever de modo muito lato algo de bom para Here I Am e um desastre para 4. Agora que já se sabe que o primeiro single para o quarto álbum da B se tratou de um falso indício, é seguro afirmar que embora não siga em sentido contrário absoluto, o sucessor do subvalorizado Ms. Kelly está muito longe de ser um documento definitivo da personalidade de Rowland. Conjecturas precipitadas, portanto (sem qualquer risco de levar uma primeira pedrada).
Apesar dessa insinuação no título, Here I Am acaba por espelhar demasiadas facetas de um modo incongruente. Com a exposição quase-caricatural da artista a fecha-la em copas à mercê dos caprichos de produção, sem uma “narrativa” que sustente tanta investida sónica ou transpareça algum tipo de empatia. O que até pode nem ser escandaloso, quando todo esse arsenal sónico se conjuga para a construção de uma canção. “Motivation” é, na sua rarefacção, óptima por isso mesmo, já “I'm Dat Chick” é atroz na projecção de uma entidade sleazy completamente forçada. Com linhas tão pouco inspiradas como “I'm not tacky / I just love myself” a serem incapazes de reter a assertividade necessária para que a produção do Tricky Stewart faça sentido.
Depois de um piano pavoroso, “Feeling Me Right Now” segue uma temática idêntica, numa perspectiva que adapta o mito de Narciso de modo quase literal e sem nunca encontrar caminho até um refrão minimamente aceitável. Menos ofensiva, “Lay It On Me” é uma malha genérica na onda de coisas como “Lose Control” da Keri Hilson ou “What's my Name” da Rihanna, sem grande utilidade para além de uma certa funcionalidade prazenteira. Ainda no campo da estilização, tanto “Turn It Up” como “Work It Man” fazem mais por demonstrar a aptidão tarefeira de Darkchild do que em criar um contínuo entre a intérprete e a canção.
Descrevendo um arco ascendente antes da queda, “All of the Night” é um momento de alguma candura conduzido por estalinhos que peca essencialmente pelo cameo do Rico Love e uma certa noção de dejá-vu, e “Keep It Between Us” é a balada vaporosa que ameaça a grande explosão em tangentes emocionais para se equilibrar nessa ebulição. Já “Commander” (que tinha sido single na Europa no ano passado) perpetua a ligação ao David Guetta, depois de “When Love Takes Over” se ter tornado num paradigma que serviu também os propósitos de RedOne et. al para “Down for Whatever” terminar o disco da forma que mais se temia. Até quando haverá gente a acreditar que a eurodance é uma via credível para o R&B? Ainda para mais quando “Make Believe” é um leak rasteiro bastante superior a toda essa merda?
Pegando no título da última canção, o vazio de uma afirmação como “Down for Whatever” é perfeitamente apto para caracterizar a inépcia de Here I Am. Enquanto statement falha redondamente na conceptualização artística da persona de Rowland, para redundar numa esquizofrenia sem grande interesse. Mesmo que venha a ser comercialmente bem sucedido com a estratégia de atirar barro à parede, daqui a uns meses já ninguém se lembra de que Ms. Kelly foi, algures, uma artista relevante.
Bruno SilvaApesar dessa insinuação no título, Here I Am acaba por espelhar demasiadas facetas de um modo incongruente. Com a exposição quase-caricatural da artista a fecha-la em copas à mercê dos caprichos de produção, sem uma “narrativa” que sustente tanta investida sónica ou transpareça algum tipo de empatia. O que até pode nem ser escandaloso, quando todo esse arsenal sónico se conjuga para a construção de uma canção. “Motivation” é, na sua rarefacção, óptima por isso mesmo, já “I'm Dat Chick” é atroz na projecção de uma entidade sleazy completamente forçada. Com linhas tão pouco inspiradas como “I'm not tacky / I just love myself” a serem incapazes de reter a assertividade necessária para que a produção do Tricky Stewart faça sentido.
Depois de um piano pavoroso, “Feeling Me Right Now” segue uma temática idêntica, numa perspectiva que adapta o mito de Narciso de modo quase literal e sem nunca encontrar caminho até um refrão minimamente aceitável. Menos ofensiva, “Lay It On Me” é uma malha genérica na onda de coisas como “Lose Control” da Keri Hilson ou “What's my Name” da Rihanna, sem grande utilidade para além de uma certa funcionalidade prazenteira. Ainda no campo da estilização, tanto “Turn It Up” como “Work It Man” fazem mais por demonstrar a aptidão tarefeira de Darkchild do que em criar um contínuo entre a intérprete e a canção.
Descrevendo um arco ascendente antes da queda, “All of the Night” é um momento de alguma candura conduzido por estalinhos que peca essencialmente pelo cameo do Rico Love e uma certa noção de dejá-vu, e “Keep It Between Us” é a balada vaporosa que ameaça a grande explosão em tangentes emocionais para se equilibrar nessa ebulição. Já “Commander” (que tinha sido single na Europa no ano passado) perpetua a ligação ao David Guetta, depois de “When Love Takes Over” se ter tornado num paradigma que serviu também os propósitos de RedOne et. al para “Down for Whatever” terminar o disco da forma que mais se temia. Até quando haverá gente a acreditar que a eurodance é uma via credível para o R&B? Ainda para mais quando “Make Believe” é um leak rasteiro bastante superior a toda essa merda?
Pegando no título da última canção, o vazio de uma afirmação como “Down for Whatever” é perfeitamente apto para caracterizar a inépcia de Here I Am. Enquanto statement falha redondamente na conceptualização artística da persona de Rowland, para redundar numa esquizofrenia sem grande interesse. Mesmo que venha a ser comercialmente bem sucedido com a estratégia de atirar barro à parede, daqui a uns meses já ninguém se lembra de que Ms. Kelly foi, algures, uma artista relevante.
celasdeathsquad@gmail.com
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