DISCOS
Diddy Dirty Money
Last Train to Paris
· 24 Jan 2011 · 20:42 ·
Diddy Dirty Money
Last Train to Paris
2010
Bad Boy
Sítios oficiais:
- Diddy Dirty Money
- Bad Boy
Last Train to Paris
2010
Bad Boy
Sítios oficiais:
- Diddy Dirty Money
- Bad Boy
Diddy Dirty Money
Last Train to Paris
2010
Bad Boy
Sítios oficiais:
- Diddy Dirty Money
- Bad Boy
Last Train to Paris
2010
Bad Boy
Sítios oficiais:
- Diddy Dirty Money
- Bad Boy
A ambição de Sean Combs ao serviço de um álbum tão pretensioso quanto fundamental.
À medida que a ansiedade em torno de My Beautiful Dark Twisted Fantasy ia crescendo ao ritmo das Good Fridays e de tweets compulsivos entre a auto-comiseração e a megalomania, pavimentando caminho para que se esperasse um épico na linha “música maior do que a vida”, também outro dos gigantes (ainda o será?) da música negra/urbana (igualmente adorado e odiado em igual medida) deixava de se armar em Donald Trump para se dedicar exaustivamente à feitura de um disco igualmente faustoso. Lançado quase em simultâneo, Last Train to Paris é o momento de Sean “Diddy” Combs fazer algo de jeito com o ego e os milhões da Bad Boy que possa ser tão ambicioso quanto capitalizável.
No fundo é uma comparação que surge pela similaridade contextual de dois Álbuns (no verdadeiro sentido da palavra) de duas personalidades singulares, que na sua auto-indulgência procuraram criar uma obra onde tudo atirasse para a grandiosidade. Abrangendo um espectro gigantesco de produtores e convidados de topo num todo que se pretende coerente e fiel para com a visão do estratega. Não faz qualquer sentido tomar partidos, até porque nem se trata da guerra aberta entre Curtis e Graduation de 2007. Apesar de tudo, alguma crítica, insatisfeita com as atenções prestadas a My Beautiful Dark Twisted Fantasy por parte da intelligentsia indie (o que será sempre bastante natural) procurou fundamentar uma guerra entre inimigos invisíveis. Despropositada, quando os discos estão aqui, e sustentam-se sem necessidade de polémicas infundadas. Last Train to Paris é meritório de atenção, claro, mas as suas virtudes estão já expostas.
Assinado como Diddy Dirty Money, Last Train to Paris acaba por ser tanto um disco do P. Diddy quanto das suas protegidas (Dawn Richard (ex-Danity Kane) e Kalenna Harper), partilhando o protagonismo em igual medida, por entre a miríade de convidados, sob a batuta do mestre Combs. Álbum conceptual em torno de uma relação que começa e se perde entre o frenesim de uma estação de comboio, acaba por se desligar deste fio condutor, imiscuído por entre a parada de estrelas que desfila ao longo destes 65 minutos. Uma certa incoerência e mau aproveitamento lírico que tem sido apanágio do P. Diddy (e que já sabotava as ambições de Press Play), acabando por ser revelador das fragilidades dele enquanto rapper. Neste ponto, é curioso constatar que são as Dirty Money que acabam por unificar grande parte das pontas soltas, conferindo uma maior coesão à dimensão volátil que partiu da cabeça do Diddy.
Esse lado figurativo, acaba, no entanto por revelar um Diddy mais esperto do que seria expectável, por força de arsenal sónico que partindo de variados quadrantes (Danja, Polow Da Don, Darkchild ou Swizz Beats) acaba por conseguir chegar a um consenso. Tudo converge para um som vaporoso, feito de sintetizadores lustrosos de uma densidade enevoada, que tanto se fazem à pista (como se o néon se dissipasse sobre a chuva) como aludem ao vazio emocional da despedida. Evitando o experimentalismo tour-de-force (apesar dos desvios constantes) para assumir ao longo da sua duração uma faceta eminentemente hipnótica. Caminhos de ferro. Movimento. Abandono.
A “Intro” instaura, desde logo o ambiente que “Yeah Yeah You Would” vem reafirmar com recurso a uma batida típica do Danja (que terá tido um peso preponderante em Loose da Nelly Furtado, enquanto espectro do Timbaland. Veja-se “Promiscuous”) e um cameo da Grace Jones, que acaba, enquanto entidade, por fazer uma ligação directa à alienação dançável über-sintética dos anos 80 que tem em “Strobe Lights” com o Lil Wayne o seu momento para brilhar sobre a bola de espelhos. Tangencialmente, “Ass On The Floor” recorre a uma batida marcial do Swizz Beats para efeito galvanizador. Mãos no ar, etc.
Apesar da tendência banger de malhas como “Hello Good Morning” (novamente Danja às voltas com um groove tribal a dar espaço a um T.I desenvolto) ou da elegância de “I Hate That You Love Me”, acaba por prevalecer uma melancolia difusa que tem nos momentos mais plácidos o seu apogeu. “Yesterday” é reveladora, mesmo que se pareça bastante com uma malha do Chris Brown mais requintada. O mesmo se passa, de modo mais exuberante em “Your Love” e “Looking For Love”, que passam sem grandes problemas por canções boas do Trey Songz e do Usher, respectivamente.
É esta coabitação sónica, predisposta a uma visão, que permite que batida de hip-hop old-school de “Hate You Now” faça todo o sentido, permitindo-se até a excessos sentimentalistas em “Angels” sem se deixar perder na xaropada, e mostrar (novamente) que o Rick Ross soa melhor enquanto nota de rodapé. Impera o bom senso que permite que até “Coming Home” não se canibalize na sua ambição over the top. Marca de água de um álbum rigoroso, sem atingir a perfeição a que se propunha, mas capaz de se aguentar sem qualquer embaraço ao longo de mais de uma hora. Tudo faz o seu sentido, e isso já é tanto. A demasia é causa para o enfado.
Bruno SilvaNo fundo é uma comparação que surge pela similaridade contextual de dois Álbuns (no verdadeiro sentido da palavra) de duas personalidades singulares, que na sua auto-indulgência procuraram criar uma obra onde tudo atirasse para a grandiosidade. Abrangendo um espectro gigantesco de produtores e convidados de topo num todo que se pretende coerente e fiel para com a visão do estratega. Não faz qualquer sentido tomar partidos, até porque nem se trata da guerra aberta entre Curtis e Graduation de 2007. Apesar de tudo, alguma crítica, insatisfeita com as atenções prestadas a My Beautiful Dark Twisted Fantasy por parte da intelligentsia indie (o que será sempre bastante natural) procurou fundamentar uma guerra entre inimigos invisíveis. Despropositada, quando os discos estão aqui, e sustentam-se sem necessidade de polémicas infundadas. Last Train to Paris é meritório de atenção, claro, mas as suas virtudes estão já expostas.
Assinado como Diddy Dirty Money, Last Train to Paris acaba por ser tanto um disco do P. Diddy quanto das suas protegidas (Dawn Richard (ex-Danity Kane) e Kalenna Harper), partilhando o protagonismo em igual medida, por entre a miríade de convidados, sob a batuta do mestre Combs. Álbum conceptual em torno de uma relação que começa e se perde entre o frenesim de uma estação de comboio, acaba por se desligar deste fio condutor, imiscuído por entre a parada de estrelas que desfila ao longo destes 65 minutos. Uma certa incoerência e mau aproveitamento lírico que tem sido apanágio do P. Diddy (e que já sabotava as ambições de Press Play), acabando por ser revelador das fragilidades dele enquanto rapper. Neste ponto, é curioso constatar que são as Dirty Money que acabam por unificar grande parte das pontas soltas, conferindo uma maior coesão à dimensão volátil que partiu da cabeça do Diddy.
Esse lado figurativo, acaba, no entanto por revelar um Diddy mais esperto do que seria expectável, por força de arsenal sónico que partindo de variados quadrantes (Danja, Polow Da Don, Darkchild ou Swizz Beats) acaba por conseguir chegar a um consenso. Tudo converge para um som vaporoso, feito de sintetizadores lustrosos de uma densidade enevoada, que tanto se fazem à pista (como se o néon se dissipasse sobre a chuva) como aludem ao vazio emocional da despedida. Evitando o experimentalismo tour-de-force (apesar dos desvios constantes) para assumir ao longo da sua duração uma faceta eminentemente hipnótica. Caminhos de ferro. Movimento. Abandono.
A “Intro” instaura, desde logo o ambiente que “Yeah Yeah You Would” vem reafirmar com recurso a uma batida típica do Danja (que terá tido um peso preponderante em Loose da Nelly Furtado, enquanto espectro do Timbaland. Veja-se “Promiscuous”) e um cameo da Grace Jones, que acaba, enquanto entidade, por fazer uma ligação directa à alienação dançável über-sintética dos anos 80 que tem em “Strobe Lights” com o Lil Wayne o seu momento para brilhar sobre a bola de espelhos. Tangencialmente, “Ass On The Floor” recorre a uma batida marcial do Swizz Beats para efeito galvanizador. Mãos no ar, etc.
Apesar da tendência banger de malhas como “Hello Good Morning” (novamente Danja às voltas com um groove tribal a dar espaço a um T.I desenvolto) ou da elegância de “I Hate That You Love Me”, acaba por prevalecer uma melancolia difusa que tem nos momentos mais plácidos o seu apogeu. “Yesterday” é reveladora, mesmo que se pareça bastante com uma malha do Chris Brown mais requintada. O mesmo se passa, de modo mais exuberante em “Your Love” e “Looking For Love”, que passam sem grandes problemas por canções boas do Trey Songz e do Usher, respectivamente.
É esta coabitação sónica, predisposta a uma visão, que permite que batida de hip-hop old-school de “Hate You Now” faça todo o sentido, permitindo-se até a excessos sentimentalistas em “Angels” sem se deixar perder na xaropada, e mostrar (novamente) que o Rick Ross soa melhor enquanto nota de rodapé. Impera o bom senso que permite que até “Coming Home” não se canibalize na sua ambição over the top. Marca de água de um álbum rigoroso, sem atingir a perfeição a que se propunha, mas capaz de se aguentar sem qualquer embaraço ao longo de mais de uma hora. Tudo faz o seu sentido, e isso já é tanto. A demasia é causa para o enfado.
celasdeathsquad@gmail.com
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