DISCOS
Mountains
Choral
· 11 Mai 2009 · 18:36 ·
Mountains
Choral
2009
Thrill Jockey / Mbari
Sítios oficiais:
- Mountains
- Thrill Jockey
- Mbari
Choral
2009
Thrill Jockey / Mbari
Sítios oficiais:
- Mountains
- Thrill Jockey
- Mbari
Mountains
Choral
2009
Thrill Jockey / Mbari
Sítios oficiais:
- Mountains
- Thrill Jockey
- Mbari
Choral
2009
Thrill Jockey / Mbari
Sítios oficiais:
- Mountains
- Thrill Jockey
- Mbari
Quando a natureza fode de mansinho com a música mais cornucópica, só pode ser magnífico o seu rebento. Temos disco.
Pela surpresa provocada no ano de 1999, Ágætis Byrjun dos Sigur Rós obrigou a um esforço suplementar todos aqueles que procuraram comparações para um disco incompatível com catalogações. Muito se falou em anjos e nas suas lágrimas, em sensações intra-uterinas e nos glaciares – criou-se um ideário contagioso de imagens que fez de Reiquiavique um destino a considerar pelos aficionados da música islandesa e casais hipster. Até ver, é pouco provável que Choral faça o mesmo pelo turismo de Brooklyn, nem que seja por ser mais discreto. Ainda assim, Choral é, tal como Ágætis Byrjun, disco caído de parte incerta que, na posição de maravilhoso catalisador, provoca uma atracção difícil de se explicar em duas palavras.
Mais fácil será identificar os responsáveis por este pequeno milagre: são eles Brendon Anderegg e Koen Holtkamp, metades de relevância equivalente nos Mountains e na gestão do selo Apestaartje, ultimamente adormecido mas sempre aconselhável na sua especialização electro-acústica (que alberga discos de m. rösner e minamo, entre outros). A mesma electro-acústica agrupa os instrumentos usados em Choral (sintetizadores, acordeões, etc.), mas pouco ou nada adianta sobre 50 minutos de música inexplicavelmente balsâmica.
Tanto quanto se sabe, Brendan e Koen gravaram grande parte deste terceiro álbum (na conta dos Mountains) em tempo-real e diante de um público. E isso percebe-se pelos melhores motivos: na rede de loops amplos, que arrasta consigo um cardume imenso de detalhes e tilintares acústicos, Choral faz durar as suas partes até ao limite da sobreexcitação que provoca. Muitas vezes em pouco tempo, acrescente-se - daí que essa generosidade seja capaz de causar algum desnorteio. Um desnorteio desejável. Haja então vontade para estar ao lado dos Mountains, enquanto Choral simula naufrágios de guitarras acústicas em mares de ruído branco (“Telescope”), a cegueira do deserto, a perdição temporal de William Basinski (com a deterioração transformada num florescer conjunto) ou a evaporação de uns Jane (Noah Lennox a quebrar cocos ambient com DJ Scott Mou). Ou então – muito simplesmente - Durutti Column entre as sereias.
No fim, a síndrome de Reiquiavique repete-se e faltam as palavras exactas para descrever Choral, uma espécie de Neptuno Machine por aproximação àquela caixinha que os chineses transformaram em fenómeno. Sabendo que é sumarento, fiquemo-nos por disco filho da fruta. Isso, filho da fruta.
Miguel ArsénioMais fácil será identificar os responsáveis por este pequeno milagre: são eles Brendon Anderegg e Koen Holtkamp, metades de relevância equivalente nos Mountains e na gestão do selo Apestaartje, ultimamente adormecido mas sempre aconselhável na sua especialização electro-acústica (que alberga discos de m. rösner e minamo, entre outros). A mesma electro-acústica agrupa os instrumentos usados em Choral (sintetizadores, acordeões, etc.), mas pouco ou nada adianta sobre 50 minutos de música inexplicavelmente balsâmica.
Tanto quanto se sabe, Brendan e Koen gravaram grande parte deste terceiro álbum (na conta dos Mountains) em tempo-real e diante de um público. E isso percebe-se pelos melhores motivos: na rede de loops amplos, que arrasta consigo um cardume imenso de detalhes e tilintares acústicos, Choral faz durar as suas partes até ao limite da sobreexcitação que provoca. Muitas vezes em pouco tempo, acrescente-se - daí que essa generosidade seja capaz de causar algum desnorteio. Um desnorteio desejável. Haja então vontade para estar ao lado dos Mountains, enquanto Choral simula naufrágios de guitarras acústicas em mares de ruído branco (“Telescope”), a cegueira do deserto, a perdição temporal de William Basinski (com a deterioração transformada num florescer conjunto) ou a evaporação de uns Jane (Noah Lennox a quebrar cocos ambient com DJ Scott Mou). Ou então – muito simplesmente - Durutti Column entre as sereias.
No fim, a síndrome de Reiquiavique repete-se e faltam as palavras exactas para descrever Choral, uma espécie de Neptuno Machine por aproximação àquela caixinha que os chineses transformaram em fenómeno. Sabendo que é sumarento, fiquemo-nos por disco filho da fruta. Isso, filho da fruta.
migarsenio@yahoo.com
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