DISCOS
Soy un Caballo
Les Heures de Raison
· 15 Ago 2007 · 08:00 ·
Soy un Caballo
Les Heures de Raison
2007
Matamore / AnAnAnA


Sítios oficiais:
- Soy un Caballo
- Matamore
- AnAnAnA
Soy un Caballo
Les Heures de Raison
2007
Matamore / AnAnAnA


Sítios oficiais:
- Soy un Caballo
- Matamore
- AnAnAnA
De grandes canções (e boas intenções) está o mundo farto e cheio. Que tal pequenas grandes canções?
Felizmente, o fim de um projecto significa por vezes o início de outro. A fase mais complicada dos belgas Vénus fez com que o baterista da banda, Thomas Van Cottom, tomasse medidas sérias para materializar um sonho chamado Soy Un Caballo, de braço dado com Aurélie Muller, a outra metade deste projecto. Soy un Caballo é essencialmente o veículo para a concretização de canções delicadas, em francês, de cenários intimistas, apesar da quantidade de nomes que aqui se tornam aliados: Sean O'Hagan (High Llamas), Jesse D. Vernon (Morning Star), Kate Stables (This is the Kit), Delphine Bouhy (Adrian Bouldt) e ainda Will Oldham (ou Bonnie ‘Prince’ Billy, como queiram).

E porque todos trabalham na mesma direcção, Les Heures de Raison nunca perde a aura intimista que anuncia no seu inicio. Muito por culpa dos arranjos, cuidadosos, certeiros, reservados. E depois há qualquer coisa no francês que sublinha ainda mais essa sensação. Quem não gosta de ouvir a língua estará a abanar com a cabeça em sinal de discordância, quem gosta certamente compreenderá. Pequenas canções trespassadas por guitarras, por alguma electrónica, por alguma estranheza até, com tiques estranhamente carinhosos – e por vezes deliciosos. “But Will our tears” tem isto e algumas coisas mais.

“Robin” lembra Sufjan Stevens e o seu amor pelo festivo reservado. Xilofones e percussão adornam e acomodam a coisa para melhor consumo. E depois há, claro, a tal “La chambre”, com a sempre apetecível voz de Will Oldham, desta vez em francês e em dueto com Aurélie Muller. Guitarra acústica, pequenas electrónicas para uma canção difícil de situar geograficamente. Pequena mas deliciosa canção, um pouco como acontece ao longo de Les Heures de Raison. Ouça-se “Au ralenti” para ver como pequenos instrumentos conseguem grandes detalhes. Fica provado aqui – e em todo o disco – que os Soy un Caballo são capazes de criar pequenas grandes canções com alma cheia. Uma das boas surpresas do ano.
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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