© Angela Costa |
Goodbye and Hello vive muito bem na sua condição de pérola esquecida do folk-rock. À semelhança do seu autor, continua, quarenta anos após o seu lançamento, verdadeiramente disponível para ser descoberto. Tim Buckley era um camaleão; de disco para disco reinventava-se, fugia à sua própria sombra. Em Goodbye and Hello, Buckley camufla-se a toda a hora sempre sob direcção de um psicadelismo que na altura era modus operandi acessível aos mais exploradores. Em duas mãos cheias de canções, Tim Buckley tira um retrato tão perfeito da época que nem com a passagem do tempo perdeu um pingo de actualidade. A culpa será da qualidade lírica dos textos, da pertinência dos arranjos, de canções como “I never asked to be your mountain”, ferida no seu orgulho e à procura de uma salvação à morte, de uma poção para a eternidade. Ainda que não pareça pela sua condição angustiada, Goodbye and Hello faz-se um conjunto de canções de peito cheio; plenas de vida e celebratórias, apetece dizer. Mas nem só de canções de pulmão aberto vive Goodbye and Hello. “Once I was” é, na sua simplicidade, na sua escassez de recursos, prova evidente do talento em forma bruta mas apurada mas apenas uma face de um disco violento no seu querer, eterno na sua condição exploradora e aventureira. Ao lado de Tim Buckley e Blue Afternoon, Goodbye and Hello forma um dos trípticos mais felizes e entusiasmantes dos anos 60.
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