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Os PAUS inventaram o smooth-stoner movido a bateria siamesa
· 16 Out 2009 · 02:05 ·
A "bateria siamesa"

Os Vicious Five morreram, vivam os PAUS! É assim mesmo que se chamam, PAUS, e, pelo que mostram no seu MySpace ainda a cheirar a fresco, não estão nem perto dos Vicious Five. Nem tinham que estar, claro: a banda é formada por Joaquim Albergaria, ex-vocalista dos Vicious e baterista dos CAVEIRA, e Hélio Morais (If Lucy Fell, Linda Martini), ambos na bateria, Makoto (Riding Pânico e If Lucy Fell) e Shela (If Lucy Fell).

"Mudo e Surdo", a demo da canção que colocaram no MySpace, é um alienígena monstro de bateria ribombante, um baixo que inventa um novo género (smooth-stoner?), vozes sem palavras, sintetizadores e uma passagem que recorda coisas como os From Monument to Masses.

A estrela da companhia é a "bateria siamesa", como eles lhe chamam. "A ideia começou de uma conversa que tivemos sobre a possibilidade ou interesse de tocarmos com duas baterias pegadas pelo mesmo bombo", conta Albergaria ao Bodyspace. "O primeiro ensaio, tal como qualquer primeiro ensaio, não foi nada de especial, mas deu para perceber que o potencial polirrítmico do instrumento e que a química que existia entre nós os quatro (...) era qualquer coisa de nova e desafiante".

Esse primeiro ensaio, no espaço Avenida, em Lisboa, foi especial. "Há pouco menos de um ano tocámos pela primeira vez juntos na Avenida. Queríamos que o primeiro ensaio de sempre fosse assistido. Quase como um princípio testemunhado, um começo para a história partilhado com mais pessoas", recorda.

Depois, o trabalho foi fundamentalmente entre Hélio e Albergaria, que exploraram as potencialidades da "bateria siamesa". "Outra coisa que decidimos, simplesmente porque podíamos e não nos apetecia aborrecer no estúdio, foi atrevermo-nos a irmos com as músicas o mais abertas possíveis para estúdio. Objectivamente, isto quer dizer que o que levámos para gravar são ritmos e fills de bateria e depois reagimos. É sempre uma surpresa e há um oportunidade sempre presente de falharmos e isso é o que nas dá a tusa para fazermos as músicas assim. Acho que essa tensão se sente no resultado final".

Em comum, os membros dos PAUS têm um passado (e um presente) ligado à cena hardcore de Lisboa. O hardcore tem influência no que fazem agora? Albergaria diz que sim: "Se não por outras coisas, pelo facto de insistirmos em por-mo-nos fora de pé naquilo que fazemos. Propormo-nos a fazer coisas que não sabemos fazer implica um atrevimento e inconsequência ensinado com bastante paixão e entusiasmo em todos os discos de punk e concertos de hardcore que passaram pelas nossas vidas. Queríamos ir onde não tínhamos ido ainda. A viagem começou agora. Vamos ver".

Para já não há planos para um disco. A banda vai voltar para o estúdio e "fazer mais coisas". Dois temas novos devem aparecer em breve no MySpace. O primeiro concerto é no próximo 30 no Passos Manuel, no Porto. "Vamos tocar o que temos e começar a perceber como funciona este bicho ao vivo. Posso-te assegurar que estamos com muita vontade para tocar. Isso é o melhor de ter uma banda", antecipa.
Pedro Rios
pedrosantosrios@gmail.com

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