O próximo álbum dos De La Soul, depois de Grind Date, de 2004 – que tinha aquela que é das melhores malhas rap da década, "Rock Co.Kane Flow", juramos a pés juntos –, não vai ser um álbum. Vai ser uma corrida. Depois dos LCD Soundsystem – e os seus 45:33 segundos de puro deleite auditivo donde acabou por sair "Someone Great" –, de A-Trak – e do seu Original Run, donde saiu "Say Whoa", já quase um mega-clássico das pistas de dança – ou de Aesop Rock – ninguém se lembra muito daquilo, era demasiado estranho para correr e para a ouvir, é a vez dos De La Soul. E, foda-se, se os LCD Soundsystem ajudam a perder uns quilinhos – é a corrida ou a trip de ácidos perfeita, escolham, a sequência é que é bestial –, os De La Soul também conseguirão. Desta vez em 44 minutos. A ser lançado amanhã no iTunes.

Gritem, esperneiem, chorem, "a Nike é um conglomerado multinacional", etc. (também o é a Tommy Boy, a editora que lançou primeiro os De La Soul e foi comprada pela Warner Bros em 1990, ou a Sanctuary, onde também já editaram, que é da Universal). Mas a verdade é que a história entre a banda e a marca já vai longa: além de qualquer pessoa que se preze – e eles são pessoas que se prezem – ser dona de uns Nike Air Force 1 – se não fores vai já comprar os teus, fica só a saber, e falamos de experiência própria, que não são assim tão bons para correr –, eles já desenharam uns Nike Dunk SB. Só há uma parte que nos preocupa bastante nesta história toda. Como exemplificado pela actuação deles no Casino de Lisboa em Dezembro, os De La Soul, pelo menos o Trugoy e o Maseo, são gordos. Será mais um exemplo de "faz o que eu digo, não faças o que eu faço"? Como é que será correr ao som de gente que, como sabemos, não corre? Nem sequer é como o caso do James Murphy. O James Murphy, apesar de dizer bastante que o é, não é lá muito gordo – e correr ao som dele é um deleite, desde o arranque ao descanso dos últimos minutos (mais uma vez, da corrida ou da trip de ácidos, dá para os dois lados. O Trugoy e o Maseo são mesmo gordos.