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Chamar a música no Indielisboa
· 23 Abr 2014 · 11:23 ·
Finding Fela
A edição 2014 do festival Indielisboa está quase a chegar. O festival arranca na próxima quinta-feira, dia 24 de Abril, e prossegue até 4 de Maio. A programação completa já está disponível no site oficial - indielisboa.com - e, mais uma vez, a música volta a ter um papel de destaque. Em exclusivo para o Bodyspace, o programador Carlos Ramos (um dos responsáveis pela secção IndieMusic) faz a apresentação do festival.
Qual o critério de selecção dos filmes do "IndieMusic" deste ano? Quais os principais destaques?
Pretendemos que os filmes apresentados dentro da secção IndieMusic acompanhem a identidade do festival, procurando mostrar diferentes abordagens ao clássico documentário de música. Por outro lado, e de forma complementar, procuramos também mostrar documentários sobre bandas ou artistas que são uma referência na sua área e que influenciam ou influenciaram várias gerações de artistas. Não queremos também que o IndieMusic viva no passado e por isso tentamos um equilíbrio entre nomes do passado e coisas que estejam a acontecer agora. Há filmes sobre nomes de referência na música e que obviamente não passam despercebidos. O filme Finding Fela conta-nos a história de Fela Kuti, uma figura universal e nome maior do afrobeat. Mudar de Vida, José Mário Branco, vida e obra é uma justa homenagem a José Mário Branco. The Punk Singer é o filme da vida de Kathleen Hanna, nome ímpar do movimento punk e fundadora de bandas como Bikini Kill e Le Tigre. Além destes gostaria de destacar três filmes que fogem da abordagem tradicional de um documentário sobre música. El Futuro utiliza a música de forma surpreendente. Não há diálogos e não há depoimentos. Há uma festa num apartamento, atravessada por músicas new wave de bandas espanholas que ilustram um ambiente de festa e de fim de ciclo político. E sente-se esse ambiente e ilusão ao ver-se o filme. American Interior é uma espécie de road movie e filme viagem em que Gruff Rhys (vocalista dos Super Furry Animals) percorre os Estados Unidos em busca de um antepassado. Memphis dá-nos a conhecer Willis Earl Beal, entre o documentário e a ficção. Acompanhamos o processo criativo e as dúvidas existenciais deste magnífico autor que é urgente conhecer.
O filme Mudar de vida, sobre José Mário Branco, será apresentado no dia 25 de Abril. Esta escolha, além da dimensão musical, também é simbólica do ponto de vista político?
Sim. Antes de mais o filme é uma justa homenagem a José Mário Branco. Temos a felicidade do festival acontecer durante o 25 de Abril e pareceu-nos a forma certa para inaugurar a secção IndieMusic. Nos tempos em que vivemos continuam a ser certeiras as palavras de José Mário Branco e continuam a fazer sentido como linha orientadora de crítica e pensamento. Mudar de Vida, José Mário Branco, vida e obra é um filme sobre música, mas também um filme político. Fazer e trazer um festival como o IndieLisboa ao público, nos tempos que correm, é também um acto de coragem, tal como a música de José Mário Branco.
Em complemento com a programação musical do IndieMusic, também o IndiebyNight tem apresentado música ao vivo. Quais vão ser os destaques do IndiebyNight deste ano?
O IndiebyNight procura sobretudo oferecer uma programação nocturna que tenha uma ligação forte com os filmes e secções do festival. No ano de 2013 houve a possibilidade de ter vários concertos como os Linda Martini, a Peaches e os Black Bombaim entre outros. Este ano mudamos de sítio. O Primeiro Andar é o espaço oficial do IndiebyNight e é para lá que estão reservadas a maior parte das actividades. Todas as noites acontece algo, entre concertos, festas e performances. Vamos ter actuações ao vivo de dois artistas internacionais. No dia 26 de Abril vamos ter um concerto de Meneo, que esteve em 2012 no Milhões de Festa. Ele é um dos autores visados no documentário Europe in 8 Bits e vai estar em Lisboa para actuar na after-party do filme. Qualquer actuação de Meneo é um happening e um momento para ser falado durante muito tempo. Desafio os leitores do Bodyspace a procurar no youtube actuações de Meneo ao vivo. No dia 1 de Maio acontece um concerto de Meryll Hardt, artista belga que é também realizadora do filme Une Vie Radieuse, curta da Competição Internacional. Ela utiliza discos antigos, perdidos, e transforma-os criando novas músicas por cima deles. Além destes dois concertos destaco o dj set de Legendary Tigerman, do qual poderemos ver o filme True na secção IndieMusic, a festa IndieMusic que acontece no Metropolis Club para celebrar a música Indie como antigamente e finalmente a festa de encerramento do IndieLisboa. Pela primeira vez na sua história vai acontecer uma festa na garagem da Culturgest. Uma festa dentro de um espaço original e não habitual que promete ser inesquecível.
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