ÚLTIMAS
Out.fest: 10 anos a trilhar o caminho do bem
· 07 Out 2013 · 17:40 ·


A salvação de uma pessoa que, como eu, carrega o epíteto de “ser um gajo que só ouve coisas esquisitas”, mora no Barreiro. Chama-se Out.fest e se o nome não for claro, é-o a pequena descrição que o acompanha: Festival de Música Exploratória do Barreiro.

Quer isto dizer que pelo décimo ano consecutivo, o Barreiro dá mais um passo de gigante para se assumir como capital da música exploratória, aquela que anda à margem, que renega fronteiras e explora possibilidades, na franja do que será o final da arte – ou o início de algo novo. Já (ou)vimos por lá Alexander von Schlippenbach, Damo Suzuki com Sunflare, Kevin Drumm ou Bill Orcutt e com uma década de eminência às costas, as expectativas estão bem lá no alto.

O Barreiro tem pela frente cinco dias em que compasso, bússola e astrolábio são apenas instrumentos desorientados face ao que o Out.fest nos propõe. Por um lado temos Joe Morris a explanar e explicar as virtudes da música improvisada; por outro, a esquizofrenia irresoluta dos The Fall. Por um lado é a sapiência nocturna dos Mohn; por outro é a irreverência de Carla Bozulich. Por outro lado ainda, é a odisseia espacial capitaneada por dois mestres: Rafael Toral (com o seu Space Collective 2) e Oren Ambarchi, para um concerto sem maestro que se espera magistral. Mas há mais: a curiosidade para ver a dupla Sirius durante a tarde, a vontade de dar a mão às cordas coloridas de Steve Gunn e Mike Cooper e, claro, a vontade de descobrir de que é feito o mundo denso dos Skullflower e dos nossos HHY & The Macumbas.

O melhor é que os concertos do Out.fest, à agradável média de dois por dia, nunca acontecem no mesmo sítio. O Be Jazz Café tem honras de abrir o festival, com Fred Van Hove, Johns Lunds & TR Kirstein e funciona como casa de partida de um jogo que acaba no mítico Pavilhão do Grupo Desportivo dos Ferroviários. Para chegar até lá, há passagens, sempre obrigatórias, pela Galeria Municipal de Arte do Barreiro, Convento da Madre de Deus da Verderena e pelo Auditório Municipal Augusto Cabrita – vemo-nos no final de Mohn?

Os bilhetes já estão à venda e têm o simpático preço de € 6 por dia, que aumenta para € 12 no sábado – o dia com mais concertos. Se quiserem poupar uns cobres e garantir a presença absoluta no Out.fest, o passe de cinco dias custa tão somente € 25.
António M. Silva
ant.matos.silva@gmail.com

Parceiros