Já tínhamos feito uma breve referência a O Novo Ofício - exposição comissariada pela Filho Único que propõe partir de trabalhos centrados em música para os adaptar a uma realidade museológica. Mas dado que inaugura hoje - dia 20 - às 19 horas no Museu Colecção Berardo, relembramos a efeméride com uma descrição mais detalhado do plano. Organizada em dois blocos, O Novo Ofício coloca em perspectiva o carácter expositivo da criação musical, através de um painel impressionante de artistas convidados.

Com uma selecção de obras a partir do século XIX, o primeiro bloco conta com trabalhos que vão desde Vexations de Erik Satie de 1893 até The Disintegration Loops do William Basinski de 2005, com passagem por criações tão marcantes como Metal Machine Music do Lou Reed, Theremin RCA de Leon Theremin ou Jesus´ Blood Never Failed Me Yet do Gavin Bryars. O segundo bloco integra obra inéditas contemporâneas de nomes como Black Dice, Excepter ou Jandek, cujo trabalho primeiramente musical adquire aqui uma nova dimensão aplicada ao espaço cénico do Museu, enquanto contínuo lógico do seu carácter mutável no tempo e no espaço, abrindo uma nova luz sobre esta mesma.

Para marcar este acontecimento imperdível, a inauguração conta também com uma actuação de Charlemagne Palestine, naquele que se prevê como um dos eventos - palavra com um poder anímico insuficiente para algo com esta dimensão - mais essenciais nos domínios da criação artística, numa louvável incursão pela história de alguma da música mais essencial e profundamente visionária, até aos dias de hoje. Para quem não sabe, o Museu Berardo situa-se no Centro Cultural de Belém e a entrada - como sempre - é livre. Mais uma razão para que seja impensável deixar escapar esta oportunidade.