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Usher - "Climax"
· 16 Fev 2012 · 00:50 ·


Usher é um bom bocado um artista camaleão - se se quiser aceder a uma versão resumida e sóbria do r&b dos últimos 18 anos, a sua discografia dá uma ajuda grande. O que não era tão fácil de adivinhar é que ele também tivesse poderes milagrosos. Mas tem. Em "Climax", ele pega num produtor (Diplo) com carreira feita em pastiches sem préstimo de outras décadas e põe-no a emular um pedaço de presente ainda sem aquela patine que se presta a manipulações pós-modernas. Qual presente? O dos intricados feixes de sintetizadores, do minimalismo quente, reticente e esgazeado, e dos ritmos traçados por The-Dream. A voz de Usher, elástica, controlada e expansiva conforme o exigem as curvas e contracurvas emocionais da canção, acrescenta uma camada adicional de impasse a uma canção cujo título, ritmo e cenário sugerem uma cena tórrida para adultos, mas que depois tem um verso como "We made our best of what used to be lust". Não há instantes livres do espectro do fim.

Jorge Manuel Lopes

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