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Dança que vem do poço
· 11 Fev 2011 · 19:54 ·
Com um lançamento enevoado no final do ano passado Acidbathory serviu, acima de tudo, enquanto manifesto de intenções de uma estética singular por parte de Chasing Voices. Adoptando as tendências niilistas da Hospital Productions no continuum do dubstep, sob uma manta de anonimato (edição limitada, artwork misterioso, etc.) que acaba por aproximar mais o colectivo (?) de Brooklyn da "terra de ninguém" que caracteriza um Mika Vainio do que a alienação urbana de nomes como Silkie ou Ikonika, sem que isso implique uma justaposição forçada. Enquanto cartão de visita, acabou por deixar latente uma certa desconfiança quanto à premência de uma música de dança em câmara lenta que faça do sonambulismo e da opressão enquanto opção estética/premissa o seu cavalo de batalha. Ex Nihilo Nihil Fit não vem desvanecer a dúvida (em consonância com a aura do projecto), mas deixa no ar uma impressão mais positiva quanto aos seus propósitos fundadores.
Traduzindo-se por "nada vem do nada", este segundo lançamento assegura a tal coerência interna dos factores que levam à génese de Chasing Voices de um modo paradoxalmente expositivo para um projecto cuja natureza reside exactamente no "desconhecido". Um "vazio" que é desde logo clarificado no monólogo que abre "Ex Nihilo Nihil Fit" : "...we all accept that is not clear[...]if four you, life's gotta be something: forget it. And if for you the expectaion's that you gonna get all the answer from us: forget it". Ou seja, uma "realidade" inatingÃvel, como se o fim último fosse chegar a um ponto em que todas as coordenadas identificáveis desapareçam. Um cold spot intrigante.
Musicalmente, "Ex Nihilo Nihil Fit" acompanha este processo, aglutinando referências para as regurgitar em formatos cada vez mais difusos. O techno de Detroit a ter correspondência imagética com o abandono a que ficou votado com a crise da industria automóvel. Conduzido sobre uma melodia profundamente triste, numa placidez sonora que não procura forçar a ruÃna (como acontecia com "Acidbathory"), mas antes sugeri-la de um modo sensualmente intrigante e em mutação constante. É verdade que "nada vem do nada", mas para já, é para lá que Chasing Voices se parece dirigir. O caminho até lá é parte do fascÃnio.
Bruno SilvaTraduzindo-se por "nada vem do nada", este segundo lançamento assegura a tal coerência interna dos factores que levam à génese de Chasing Voices de um modo paradoxalmente expositivo para um projecto cuja natureza reside exactamente no "desconhecido". Um "vazio" que é desde logo clarificado no monólogo que abre "Ex Nihilo Nihil Fit" : "...we all accept that is not clear[...]if four you, life's gotta be something: forget it. And if for you the expectaion's that you gonna get all the answer from us: forget it". Ou seja, uma "realidade" inatingÃvel, como se o fim último fosse chegar a um ponto em que todas as coordenadas identificáveis desapareçam. Um cold spot intrigante.
Musicalmente, "Ex Nihilo Nihil Fit" acompanha este processo, aglutinando referências para as regurgitar em formatos cada vez mais difusos. O techno de Detroit a ter correspondência imagética com o abandono a que ficou votado com a crise da industria automóvel. Conduzido sobre uma melodia profundamente triste, numa placidez sonora que não procura forçar a ruÃna (como acontecia com "Acidbathory"), mas antes sugeri-la de um modo sensualmente intrigante e em mutação constante. É verdade que "nada vem do nada", mas para já, é para lá que Chasing Voices se parece dirigir. O caminho até lá é parte do fascÃnio.
celasdeathsquad@gmail.com