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Playlist de LuĂ­s Filipe Rodrigues | Time Out Lisboa
· 28 Set 2010 · 19:30 ·
É suposto estas dez cantigas documentarem o meu “agora”, não é? Aquilo que tenho andado a ouvir, ou uma merda parecida, mesmo que daqui a uma semana não me lembre sequer das pessoas que as fizeram. Foi assim que me venderam a coisa, e é assim que eu a reproduzo. Faço anos dia 1 de Outubro e tenho saudades da escola primária.

1. Superchunk – Learned To Surf
Sim, a “Learned To Surf” chegou aos blogues há um ano ou coisa que valha, mas também está no Majesty Shredding que é o novo disco dos Superchunk (power-pop-punk sem grandes merdas, com tudo no sítio e um milhão de vezes melhor do que os Arcade Fire). Sublinhe-se que, passado um ano, continua a ser uma canção do caralho.

2. Pavement – Unseen Power of The Picket Fence
Aqui há uns tempos tive de escrever sobre os três primeiros álbuns dos R.E.M. (que aprecio). Curiosamente, quando o artigo saiu já os tinha voltado a arrumar no disco externo. O que é ainda mais curioso é que, passadas sete semanas, há uma semana ainda não tinha parado de ouvir esta canção dos Pavement sobre esses R.E.M. Ele há coisas.

3. Ducktails – Art Vandelay
Há quem, só pelo nome, vá logo dizer que é uma das canções do ano. Que é uma merda bué literata e pertinente, cenas. Ninguém quer saber. Como, espero eu, ninguém vai querer saber do facto de eu, bêbedo, achar que é uma das canções do ano e abusar das vírgulas. Reparem: isto não é incrível por causa da referência ao Seinfeld (just google it), mas à custa daquela base instrumental, da voz do Matt, a cantar como quem cantarola à beira-mar com os pés enterrados na areia, ou daquela tarde no Primavera, com os Real Estate e com esta malha a fazer-me pensar nos Promise Ring. Com um sorriso nos lábios.

4. Deerhunter – Helicopter
O Bradford Cox é um gajo porreiro. E sabe fazer canções do caralho.

5. Papa Topo – Oso Panda
Os Papa Topo são a melhor coisa que aconteceu ao twee espanhol desde que o Guille Milkyway foi ao festival da canção. Acho que os podia ter visto ao vivo e não o fiz.

6. Summer Camp – Was It Worth It
Posso ser o único, mas ainda não me fartei desta vaga de indie-pop revisionista com cheiro a praia, e muito menos destes Summer Camp. Conheço pelo menos uma pessoa que vai dizer que “dentro do péssimo até se ouve”. Eu acho só que é uma óptima canção pop.

7. Lil B – Im Burning
Confesso que durante uns bons cinco minutos achei que era boa ideia fazer uma playlist só com canções do Lil B. Entretanto achei que era uma ideia um bocado parva, mas agora começo a arrepender-me de não o ter feito, e se não tivesse despachado já sete textos sobre outras cantigas ainda voltava atrás. Mas não.

8. Branches – Cool Kids
Quero acreditar que toda a gente conhece a versão original dos Screeching Weasel, por isso não vou perder tempo a explicar o quão fiche aquilo é. Vou isso sim, recomendar o sacanço desta versão de Branches (projecto solitário do colega e amigo Pedro Rios, que é um fofo apesar de não gostar de brunches) mal ela saia numa compilação de versões chill de hinos punk da nossa juventude, ou lá o que é. Imaginem o original, troquem o tom ressabiado por uma dose valente de nostalgia, e juntem-lhe uma voz doce, enterrada em nuvens de feedback. Menor que três.

9. Yoñlu – Humiliation
Yoñlu é o nom de plume de Vinícius Gageiro Marques, um puto brasileiro que se suicidou em 2006. Tinha 16 anos. Porém não é por isso que veio aqui parar, até porque todos os dias se suicidam uns quantos putos (brasileiros, portugueses, japoneses, é escolher). Nada disso: está aqui porque fazia canções do caraças, com um computador, samples (quando a dada altura se ouve aquele discurso do Caetano é difícil não sentir coisas), voz e um par de instrumentos. Canções como esta, mais chonas do que dois Elliott Smiths, mais pegadiça do que um daqueles caramelos espanhóis e mais fácil do que a tua mãe.

10. Atom and His Package – Hats Off To Halford
E acabo com um clássico. Porque apesar disto ter passado ao lado de quase todo o mundo, o Adam era (e espero que continue a ser, algures naquele liceu onde dá aulas a putos parvos que certamente desconhecem o seu passado secretamente épico) um dos grandes. Porque com um sequenciador podre, uma voz fanhosa e umas quantas prateleiras cheias de clássicos do punk/hardcore fazia maravilhas destas, enquanto citava Screeching Weasel e dava os parabéns ao Rob Halford por assumir a sua mariquice no sempre homofóbico meio metaleiro.

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