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A UK Funky chega ao granulado trendy
· 09 Set 2010 · 14:58 ·
Presença assídua em tudo o que é programa de rádio que milite pela dança esfuziante made in UK, “It's What You Do (Hottest By Far)” trata-se (a par da “Stupid” de Redlight) da primeira criação nascida no seio da UK Funky a movimentar-se com uma elegância discreta para fora do nicho fértil que a criou. Talvez se tenha aberto o precedente necessário para que, inconscientemente se imiscuam por entre os ouvidos mais ou menos atentos algumas malhas injustamente secretas. Ou não, mas qualquer especulação incorre seriamente numa chamada de atenção lacónica e algo infundada. As estratégias nem sempre contemplam o acaso. Nem vale a pena evocar questões de timing.

Trata-se também do primeiro investimento visual minimamente digno, depois de falhanços como “In The Morning”, “Daydreaming” ou “Big Boys”, num género que nunca soube aproveitar as temáticas de forma adequada. A ideia até é básica, e basta um filtro granulado, muito final dos anos 80, para que se chegue a uma sobriedade formal bastante satisfatória. De resto, são meras sequências de malta feliz, numa toada multi-cultural, a dançar e a partir discos de um modo idiota, mas não estupidificante. Com os inevitáveis planos da Vanya Taylor e da banda pelo meio, para a comunhão final. Tudo muito bem disposto num no brainer eficaz. Bem vindo, quando a via para o conceito poderia passar por uma transposição forçada da parte lírica que facilmente daria origem ao enésimo plano da gaja a dançar num cenário cheesy e micanço generalizado. Nem sempre o sexo vende em condições low cost.

Toda a euforia implicada, acaba por ser reflexo da própria tonalidade da música. Algures entre a sensualidade galvanizadora de “In the Morning” ou “Make It Funky For Me” filtrada por uma prestação mais agreste na linha de algumas remixes de Ill Blu, sem impor qualquer hiperactividade over-the-top. Malha ascendente em direcção a um primeiro refrão, assente numa linha melódica efusiva, que liberta depois o chavão (”You are the hottest by far”) e o inevitável ”oh oh oh oh” como um sopro. Construção minuciosa de uma canção (“Stupid” seguia uma lógica claramente mais estrita), sem perder qualquer apelo à dança. Sensibilidade pop em registo de festa. Memorável.

Bruno Silva
celasdeathsquad@gmail.com

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