ÚLTIMAS
Podcast-surpresa traz-nos o velho, o novo e o Velhinho com três inéditos dos Aquaparque
· 06 Set 2010 · 15:53 ·

É admirável esta iniciativa que leva a Mana Recordings a prometer material inédito de diferentes nomes num podcast de periodicidade variável. Para já, a auspiciosa estreia sucede-se com três inéditos dos Aquaparque, os “menassos” das canções no chaço, numa sequência de quinze minutos por demais úteis ao compasso de espera que deve separar o apaixonante álbum de estreia É isso aí do prometido número 2. O tal segundo disco foi gravado por André Abel e Pedro Magina, no anterior mês de Agosto em isolamento quase total (só eram avistados pelo homem da mercearia) numa casa em Santo Tirso.
“Venha quem vier” é uma sobra das sessões de É isso aí e, tal como outras canções nesse disco, anda à volta de um sample obscuro, que, neste caso, repesca uma guitarrada um bocado azeiteira. A letra passa a certa altura pelo verso escatológico “Vou cagar na tua mão” (bonito!), que complementa bem os pregões de desprezo e desespero frequentes em É isso aí. Logo depois, “Tomar conta de mim” funciona como primeiro adiantamento do próximo disco e surge aqui na versão que escutámos no Lux em Junho. Soa a Aquaparque no preciso momento em que alcançam o topo de toda a intensidade e angústia que andaram a escalar nestes últimos anos. É lindo.
Por fim, “O prometido é devido” marca a estreia dos Aquaparque no terreno das versões com uma apropriação livre do memorável tema co-escrito por Rui Veloso e Carlos Tê - esse que, durante o seu pico de popularidade FM, deve ter ajudado a fazer uns quantos bebés, com um refrão enganoso que muitos acreditavam ser sobre “o pai que ia comprar gás”. “O prometido é devido” confirma também o gosto de Pedro Magina pelas versões, depois de “Born Slippy”, grandioso hino raver dos Underworld, ter marcado presença nos concertos que tocou a solo com um teclado Casio e a alma situada em Nazca Lines, o belíssimo EP de estreia em nome próprio.
migarsenio@yahoo.com