RETRO MANÍA
Sempre um passo à frente
· 28 Jan 2013 · 00:41 ·
Acabaram sem pompa nem circunstância, são hoje repescados. O que poderia ter sido a história dos A.R. Kane?


De todas as bandas surgidas na segunda vaga do período pós-punk inglês (desenvolvendo um bocado a ideia de Reynolds: aquele que vai de 1984 até ao second summer of love e onde cabem bandas como os Jesus & Mary Chain, Spacemen 3 ou Dead Can Dance), poucas tiveram de lutar tanto por um lugar no panteão do indie quanto os A.R. Kane; esquecidos até pelos géneros que influenciaram ao longo de oito anos de carreira, caso do trip-hop, pós-rock, até da EDM, alcançaram finalmente, em 2012, o reconhecimento que há muito mereciam (tal como outros compatriotas nestas andanças da inovação -> esquecimento, os Disco Inferno) com a edição da colectânea Complete Singles pela One Little Indian, que abarca praticamente as duas fases mais notórias da sua carreira, desde a altura em que eram comparados aos JaMC até ao período em que o groove fala mais alto e o que temos é um cocktail house, dub, noise, sempre com o sentido único de chegar a essa coisa que é a maravilha pop. Que não se encare isto como um revivalismo; ouvir A.R. Kane em 2013 não constitui tanto um reavivar de memórias perdidas quanto uma verdadeira descoberta arqueológica, um anacronismo estranho que tem como génese 69 e i, os dois primeiros discos editados pelo duo. Pessoalmente nunca me perdoarei por apenas ter chegado até eles no ano passado; vocês não se deverão perdoar se ouvirem "A Love From Outer Space" e não chegarem imediatamente à conclusão que é dos momentos mais perfeitos dos anos oitenta.

Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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