RETRO MANÍA
Eight Covers High
· 20 Nov 2012 · 11:35 ·
Há canções e canções. Entre elas há as grandes canções, e as outras. E dentro das grandes canções, há as imortais e as que têm prazo de validade. Dentro das imortais, há as que têm mil e uma covers e as que não têm.


“Eight Miles High” dos The Byrds é exatamente isso: imortal com mil e uma covers, ou pelo menos oito que vale a pena comparar. E fizeram-se covers porque um dia em 1966 este tema caiu que nem uma bomba do alto dos seus 12875 metros de altitude (aproximadamente). A música certa no tempo certo. A sua letra levava a mente de imediato para paragens lisérgicas o que a fez ser censurada de imediato nas rádios americanas.

Os The Byrds vieram desmentir o carácter tóxico da letra, disseram tratar-se da sua viagem a Inglaterra, a censura durou uma semana, depois lá explodiu FM pelo mundo com toda a sua toxicidade, que no fundo, aliás, acima de tudo, não é directa, é apenas poesia de Gene Clark e de alguma forma de David Crosby (segundo Gene, o David apenas contribuiu em "Rain gray town known for its sound"). Façamos o exercício, ler para crer, encontrem lá algo de mal:

Eight miles high and when you touch down
You’ll find that it’s stranger than known
Signs in the street that say where you’re going
Are somewhere just being their own

Nowhere is there warmth to be found
Among those afraid of losing their ground
Rain gray town known for its sound
In places small faces unbound

Round the squares huddled in storms
Some laughing some just shapeless forms
Sidewalk scenes and black limousines
Some living some standing alone

Exacto. Nicles, não é verdade? Apenas poesia. Recheada com o baixo hipnótico de Hillman, o ritmo etéreo de Crosby que apanha boleia na experimentação de McGuinn à procura das notas do sax de Coltrane e das cítaras indianas de Ravi Shankar com a sua Rickenbacker, enquanto as vozes deambulam num tom aconchegante de pilotos drone a falar para a trip-ulação. E as covers? Há de tudo. E igualmente maravilhosas.
Desde tornada versão surf-rock pelos The Ventures, ao low-fi-garage dos The Index, a progressivamente alongada a 11 minutos pelos holandeses Golden Earring, re-imortalizada pela voz e pelos dedos mágicos de Leo Kottke, hard-rock re-psicadelizada pelo canadiano Neil Merryweather, remodelada pela classe pop dos Roxy Music, electrizada pela energia dos Husker Du, até à cover mais próxima do original pelos ingleses Ride, a certeza absoluta é que os The Byrds voarão para sempre.

The Ventures



The Index



Golden Earring



Leo Kottke



Neil Merryweather



Roxy Music



Husker Du



Ride

Nuno Leal
nunleal@gmail.com

Parceiros