RETRO MANÍA
The new wave of Manuela Moura Guedes
· 01 Out 2013 · 23:59 ·
Um disco que é Dezembro frio, calor no estilo.

Manuela Moura Guedes - locutora de continuidade, estrela da rádio e TV, jornalista, ex-deputada do CDS-PP, pivot do Jornal da Noite, esposa de José Eduardo Moniz, regressada agora como apresentadora do Quem Quer Ser Milionário? - dispensa apresentações. Já Manuela Moura Guedes, a cantora new wave, antes pelo contrário. É uma faceta obscura e quase desconhecida, sobretudo para as novas gerações, de uma mulher nos seus loucos anos vinte de vida, rodeada de gente ímpar no panorama musical português, que a acompanha como réus na acusação sólida de terem feito esse genial golpe new wave que é Alibi.
Vítor Rua, Tóli Machado e Rui Reininho. Basicamente os grandes GNR de 1982. Músicas e letras em temas inesquecíveis. Crime é não ouvi-los. Por vezes puro GNR como em “Hora do Lobo” ou “Um Óscar”; outras pré-Mler If Dada como “Violetango”, “Homem Bala”; mas sobretudo uma inesperada Lizzie Mercier Descloux lusa, ou qualquer outra diva da ZE Records, como nos deliciosos “Equinócio de Outono”, “Cocktail Party”, “Prova Oral” ou “Procuro um Alibi”. Fosse em inglês ou em francês, encaixava que nem uma luva na mítica editora. Do melhor que já se fez em Portugal.
A versão CD traz também como extra o single com o sensacional hit-disco “Flor Sonhada” (hello ZE Records!) e o clássico urbano-depressivo “Foram Cardos, Foram Prosas”. O relativo sucesso da sua voz a cantar este belíssimo tema de Miguel Esteves Cardoso com música de Ricardo Camacho dos Sétima Legião (nota-se bem), não chegou a ser o trampolim que o seu LP precisava para não se perder nos lugares fundos do top e da memória. O próprio sucesso do single esbateu-se nos anos, apesar de uma cover duvidosa dos Ritual Tejo (para não falar da versão horrível dos Amor Electro) ter acordado alguns ouvidos inquietos para este tesouro inocente e obliterado mas mesmo assim, poucos, como é empiricamente comprovado em grande percentagem sempre que se mostra o tema a alguém: “A sério? Conhecia a dos Ritual Tejo mas não a da Manuela”.
nunleal@gmail.com
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