Poucos recordam-se – enquanto muitos nem fazem a ideia – que a SIC nos seus primeiros anos de existência, emitia vários segmentos da MTV por dia – muitos deles apresentados pela Catarina Furtado –, e que um deles era um – do qual não me recordo o nome – dedicado à musica de dança. Recordo também de nessa era pré-internet e pré-TV Cabo, que a rádio (sim, XFM!) e a televisão por satélite (sim, MTV inglesa!) eram veículos de comunicação por excelência para se tomar consciência de alguns movimentos musicais que de outra forma estavam circunscritos a uns quantos DJ iluminados de um Portugal ainda algo cinzento para a divulgação despreconceituosa de novas tendências – apesar de muito ter acontecido no final dos anos 80 para inverter a limitação de cores na paleta. Era uma noite de Setembro de 1993, em plenas férias em Manta Rota, num qualquer cubículo alugado por quinze dias pelos velhotes, e já passava da meia-noite, que este clip se revelou apoteoticamente diante dos meus olhos num desses tais segmentos da MTV dedicados à musica de dança; que a sonoridade inusual dos Underworld explodiu no meu cérebro como uma bomba de napalm, que uma tipologia me viria a aproximar do dito underground (que o Nuno Galopim, na altura no Blitz, amiúde afirmava ser verdadeiramente vibrante. É bem verdade que demorei mais de 3 meses para descobrir que os tipos se chamavam Underworld, e que a bomba tinha "Rez" escrito no invólucro, e sete ou oito meses a conseguir encontrar o disco (sim, quando os discos esgotavam demoravam meses a serem repostos!). Um ano depois, demorei poucos dias a perceber que Dubnobasswithmyheadman era um dos discos da minha vida e que, daí em diante, nada me faria vacilar os pilares do gosto musical pessoal, por maior que fossem as excentricidades de um punhado de virtuosos pioneiros sonoros. E foi assim que me livrei de mais um turbulento problema durante a adolescência!