Foi apenas há uns meses que Chris Brokaw passou pelo café La Palma para apresentar sozinho os temas do seu último disco, Incredible Love com edição na madrilena Acuarela. O nova-iorquino pode não gozar de muita fama quando o seu nome próprio é pronunciado mas se a ele lhe juntarmos as participações (na guitarra e na bateria) com nomes como os Come e os Codeine (autores de ) e com Steve Wynn, Pullman e Willard Grant Conspiracy, as coisas já mudam de figura. Desta vez voltou ao mesmo local mas com a sua Rock Band onde contou com a ajuda de dois músicos: Kevin Coultas (dos Rodan, autores do muito aconselhável Rusty) no baixo e Jeff Goddard (Karate) na bateria, músicos vivos de bandas mortas, portanto. Mas vivos, e a prova disso é mesmo Incredible Love, um dos melhores discos com o carimbo Chris Brokaw (e com o dedo dos dois senhores que o acompanharam no Café La Palma).
Chris Brokaw Rock Band @ Angela Costa |
Não foi então com surpresa que vimos Chris Brokaw dedicado a Incredible Love de alma e coração, como qualquer um que viu nascer um filho há pouco tempo. No meio da apresentação, a meia folk meia bluesy “Whose Blood”, a destapar por momentos o horizonte longínquo, e a aceleradamente fantástica “Cranberries” chamaram a atenção por motivos obviamente distintos e proporcionalmente geradores de sentimentos distintos. Não foram aliás muitas as vezes que se teve a oportunidade de ver Chris Brokaw y sus muchachos tirarem o pé do acelerador. Prova disso foi “I Remember” dos Suicide, uma versão que surge no mesmo Incredible Love em jeito de homenagem a Alan Vega e Martin Rev. Mas não foi só do último disco de originais de Chris Brokaw de que se fez o concerto: há registo de uma passagem por Red Cities (editado nos Estados Unidos pela Atavistic e através da 12XU na Europa e no Reino Unido, em Junho de 2002) e ainda pelo closing theme que Brokaw fez para o filme Road, da autoria de uma realizadora igualmente nova-iorquina. Um tema onde quando foi possível ver (ou pelo menos imaginar) o final do filme
Numa das vezes que aproveitou as pausas entre canções para dialogar com o público (que não era na verdade muito), Chris Brokaw havia de referir que estará a tocar no FIB com a mesma Rock Band ao lado de gente como os Pixes, Morrissey, e Manta Ray (cujo último álbum confessou gostar, embora, nas suas palavras, fosse um pouco fodido da cabeça). Logo ali ficou o convite para que todos se juntassem à multidão que de certeza estará presente no festival. Se por lá andarem não deixem de espreitar um pouco: vão encontrar por lá canções rock com conteúdo suficiente para provocar mais do que apenas um abanar de perna distraído.
andregomes@bodyspace.net