Ptah Brown & Lello Panico Blues Band
Teatro Sá de Miranda, Viana do Castelo
10 Dez 2005
Acompanhada pela Lello Panico Blues Band, a americana Ptah Brown foi a atracção da noite de sábado no 6º Festival de Blues de Viana do Castelo. Nos dias anteriores actuaram Guitar Ray & The Blues Gamblers, Alex A & TNT e John Lee Hooker Jr, completando o cartaz do festival de blues do Minho (e um dos poucos do país). O auditório do Teatro Municipal Sá Miranda é um espaço com uma certa mística indizível, espécie de mini Coliseu dos Recreios, onde a atmosfera de pompa e história faz esquecer a dimensão diminuta, e revelou-se um espaço acolhedor para a voz de Ptah Brown.

A banda começou por se apresentar sem a cantora, revelando o seu som afiliado numa estética de blues eléctricos pós-Stevie Ray Vaughan (mas em mau). Constituindo um quarteto (guitarra+baixo+teclados+bateria) a Lello Panico Blues Band acaba por ser um mero veículo para evidenciar os solos irrelevantes do líder Panico (particularmente chato quando repete as notas da guitarra com a voz no microfone). O baixista Tim Fritz faz também o papel de vocalista (na ausência de Ptah), e embora a prestação não seja mais do que mediana, safa-se a pose cool. Ainda assim, o quarteto acabou por revelar eficácia enquanto simples banda de acompanhamento.

Os quinze euros do bilhete só começaram realmente a justificar-se quando entrou em palco Ptah Brown. Depois do aquecimento da banda, a entrada da voz quente de Ptah foi uma satisfação. Na senda das cantoras clássicas de blues, Ptah tem uma voz forte e poderosa, capaz de exteriorizar com toda a força tanto os prazeres como as dores da alma. Alternando entre blues de matriz clássica e alguns desvios soul (oportunidade para salientar a brandura daquela voz), Ptah Brown conseguiu um espectáculo morno - embora sem chegar ao nível do concerto escaldante que Shemekia Copeland deu em Matosinhos em Maio do ano passado.

Depois de sensivelmente uma hora e quinze minutos de concerto, a banda deu por terminado o concerto, mas houve ainda o inevitável encore. Foi então que o público chegou ao rubro, com a interpretação de “Hoochie Coochie Man” (clássico de Willie Dixon) enquanto a cantora caminhava por entre a plateia. Assim se fechou um festival que, apesar de longe das aspirações e projecção do Festival de Blues de Coimbra, se revela importante na divulgação desta música no norte do país.
· 10 Dez 2005 · 08:00 ·
Nuno Catarino
nunocatarino@gmail.com

Parceiros