And So I Watch You From Afar
Musicbox, Lisboa
4- Nov 2015
Da magia nos pés de Layún para a magia nas cordas do Homem Em Catarse vai uma curta distância, mas infelizmente não a pudemos percorrer a tempo - só a beleza fundamental de "Teremos Sempre Paris" e um final caótico-noise ecoaram pelos nossos canais auditivos à hora em que entrámos no Musicbox. Mas fica a nota de que Guarda-Rios é um óptimo disco e que, se não fosse o amor da nossa vida só se ter despedido de nós por volta das 21h30, lá estaríamos desde o início.

Assim como teríamos estado no concerto dos irlandeses And So I Watch You From Afar, na última vez que por cá passaram, no festival de Paredes de Coura. Não estivemos, porque às três horas da manhã de uma noite pós-alcoólica a tenda apresenta-se muito mais convidativa do que o palco. E agora arrependemo-nos de não ter estado; ao vivo, o quarteto é um estrondo pós-hardcore, pós-rock, pós-cenas poderoso e melódico, com uma bateria imensa e riffs circulares deliciosos, um barulho de dar a volta à cabeça que termina, ocasionalmente, num obrigado! repentino.

Numa noite em que o Musicbox estava, uma vez mais, à pinha - e seria interessante saber qual foi a receita do bar por estes dias - os ASIWYFA deliciaram os fãs com uma hora e pouco de concerto, numa toada tão acelerada que nem se deu por essa hora passar, deixando-nos com um ligeiro amargo de boca por não poder sentir mais daquilo, como um qualquer junkie esfomeado. Poesia em formato rock, uma malha que parece Van Halen em speeds com todo o elogio que essa comparação acarreta consigo e uma dinâmica quiet / loud em que o quiet é realmente quiet (e nem um suspiro se ouve na audiência quando a banda silencia os instrumentos) e o loud mesmo muito loud. Tudo perfeito, para os fãs de longa data, para aqueles que descobriam a banda pela primeira vez e até para aqueles que desmaiaram devido à tensão. Venham mais vezes.
· 08 Nov 2015 · 22:24 ·
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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