Ryan Adams / Jesse Malin
Teatro Sá da Bandeira, Porto
17 Jun 2011
Demorou mas acabou por mostrar a cara em Portugal: Ryan Adams, ele mesmo, homem folk e homem country e homem rock, mas homem sempre muito produtivo, estreou-se em Portugal sozinho mas trouxe a carga toda. E a carga toda é uma quantidade interminável de discos – pelo menos é o que às vezes parece – que tratou de assinar numa discografia desequilibrada (por culpa do excesso) mas que tem em Heartbreaker, Gold ou Demolition (já para não falar dos óptimos discos com os Whiskeytown) um património muito relevante da música feita na década anterior.

© Angela Costa

Sozinho, com guitarra, Ryan Adams foi óptimo: não só com as canções mas com o seu humor contagiante que o levou a inventar canções no momento sobre Jamiroquai, Jesus ou macacos no nariz com falsetes a fazer lembrar Bee Gees e vozes de death metal foleiro. Esteve sozinho mas encheu a sala: com “Oh My Sweet Carolina”, ao piano e muito vagarosamente com “New York, New York” e com um desfilar de canções que, ao vivo, acabou por impressionar pela coerência e pelo interesse continuado. A noite podia ter continuado até ser dia de novo que ninguém arredaria pé.

A escolha do alinhamento pode não ter sido a mais feliz (faltaram muitas das canções essenciais do seu songbook) mas nem isso manchou coisa nenhuma. Do início ao fim, o concerto de Ryan Adams foi um enorme crescendo cheio de canções de peito cheio, ocasionalmente polvilhadas com harmónica, invariavelmente. Demorou a aparecer mas quando o fez Ryan Adams mostrou que ainda é o mesmo tipo talentoso que deu Heartbreaker ao mundo. Na primeira parte, Jesse Malin, apontado outrora como o próximo Ryan Adams, cumpriu mas acusou precisamente o problema da comparação entre os dois.

PS: Como Ryan Adams não permitiu fotografias optamos por contratar alguém para fazer um retrato robot o mais fiel possível.
· 25 Jun 2011 · 21:06 ·
André Gomes
andregomes@bodyspace.net

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