Colleen
Theatro Circo, Braga
05 Abr 2008
Colleen é uma parisiense a quem começou por ser colado o rótulo de “música electrónica”, para o que contribuiu muito a associação à editora Leaf e o uso de samples. The Golden Morning Breaks marcou a viragem para um estilo mais orgânico e melodioso, amplificado em Les Ondes Silencieuses, editado em 2007 e que a música apresentou em Braga, no âmbito de uma mini-digressão nacional.
Colleen optou por compor Les Ondes Silencieuses tendo por base a viola de gamba – uma espécie de antecessor do violoncelo –, a guitarra clássica e o clarinete. No espectáculo minhoto, reproduziu a maior parte dos temas sobrepondo camadas sobre camadas dos vários instrumentos e suspendendo-as em loops. Um metódo que Andrew Bird, por exemplo, também utiliza. Mas, para lá de jogarem em campeonatos diferentes (a francesa é muito mais clássica, toca o campo da música antiga, o americano é muito mais pop), há uma diferença fundamental entre os dois: Colleen compõe músicas bonitas, no sentido mais restrito da palavra, enquanto que Bird alia a beleza a um certo nervo. Explicado por miúdos: as composições de Colleen são bastante planas, remetem para o etéreo, para o sonho, para a nostalgia. E numa prestação ao vivo pede-se um pouco de emoção, especialmente quando a intérprete passa grande parte do tempo à volta das suas pedaleiras. O que, convenhamos, não é o que de mais emocionante pode acontecer num palco.
Esta visão pode ser apelidada de redutora e, em abono da verdade, ninguém pode dizer que Colleen deu um mau concerto em Braga, apesar do nervosismo evidente, causado por um atraso de cerca de uma hora no seu início. Nos seus melhores momentos, a instrumentista consegue reproduzir a expressividade de uma orquestra apenas com a viola de gamba. É também evidente a sua vontade em jogar com o silêncio e o cerimonial em volta dos instrumentos que manipula, acompanhados de um toque de infantilidade, com o uso de dois espanta-espíritos e de caixas de música.
O pequeno encore , preenchido com a reprodução de uma peça em clarinete (instrumento que Colleen ainda tenta dominar como executante), foi um exemplo do melhor que o concerto teve: o ambiente bucólico e despretensioso criado. Sejamos porém honestos: essa atmosfera apelou também ao sono, várias vezes. Mas isso pode nem ser mau, porque é a dormir que se sonha. E não há dúvidas de que Colleen quer-nos fazer sonhar.
Colleen optou por compor Les Ondes Silencieuses tendo por base a viola de gamba – uma espécie de antecessor do violoncelo –, a guitarra clássica e o clarinete. No espectáculo minhoto, reproduziu a maior parte dos temas sobrepondo camadas sobre camadas dos vários instrumentos e suspendendo-as em loops. Um metódo que Andrew Bird, por exemplo, também utiliza. Mas, para lá de jogarem em campeonatos diferentes (a francesa é muito mais clássica, toca o campo da música antiga, o americano é muito mais pop), há uma diferença fundamental entre os dois: Colleen compõe músicas bonitas, no sentido mais restrito da palavra, enquanto que Bird alia a beleza a um certo nervo. Explicado por miúdos: as composições de Colleen são bastante planas, remetem para o etéreo, para o sonho, para a nostalgia. E numa prestação ao vivo pede-se um pouco de emoção, especialmente quando a intérprete passa grande parte do tempo à volta das suas pedaleiras. O que, convenhamos, não é o que de mais emocionante pode acontecer num palco.
Esta visão pode ser apelidada de redutora e, em abono da verdade, ninguém pode dizer que Colleen deu um mau concerto em Braga, apesar do nervosismo evidente, causado por um atraso de cerca de uma hora no seu início. Nos seus melhores momentos, a instrumentista consegue reproduzir a expressividade de uma orquestra apenas com a viola de gamba. É também evidente a sua vontade em jogar com o silêncio e o cerimonial em volta dos instrumentos que manipula, acompanhados de um toque de infantilidade, com o uso de dois espanta-espíritos e de caixas de música.
O pequeno encore , preenchido com a reprodução de uma peça em clarinete (instrumento que Colleen ainda tenta dominar como executante), foi um exemplo do melhor que o concerto teve: o ambiente bucólico e despretensioso criado. Sejamos porém honestos: essa atmosfera apelou também ao sono, várias vezes. Mas isso pode nem ser mau, porque é a dormir que se sonha. E não há dúvidas de que Colleen quer-nos fazer sonhar.
· 05 Abr 2008 · 08:00 ·
João Pedro Barrosjoaopedrobarros@bodyspace.net
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