Pelican / Men Eater / Osso
Porto Rio, Porto
30 Mai 2007
Os Pelican estão cada vez mais longe do metal que tingiu o disco de estreia, Australasia. Os norte-americanos são cada vez mais uma banda de rock instrumental (onde penetra por vezes o metal e algum pós-rock de libertação de tensões) e chegaram ao Porto Rio com vontade evidente de demonstrar isso mesmo. Traziam o terceiro disco de originais em mente, City of Echoes e fizeram questão de começar com ele. Apresentaram aquelas que são provavelmente as duas faixas mais fortes do disco, curiosamente as primeiras: “Bliss in concrete” e “City of Echoes”. A primeira ainda com resquícios de riffs pesados mas a segunda dada a outro tipo de delicadezas.
Na verdade, “City of echoes” é provavelmente o tema onde os Pelican melhor mostram a sua veia para a construção de instrumentais de forte sentido melódico. Não será com certeza caso único, mas é por demais evidente. The Fire in Our Throats Will Beckon the Thaw, o segundo disco dos Pelican, está pejado de exemplos. “Aurora Borealis”, um dos poucos temas do disco a merecerem transposição ao vivo, é um portento de beleza e melodia, de emoção. Pena que tenham faltado tantos temas essenciais de The Fire in Our Throats Will Beckon the Thaw, o disco mais coeso dos Pelican até à data.
A actuação do Porto Rio não esqueceu Australasia o disco de estreia. O poder de “Drought” e dos seus riffs lembrou aos presentes o porquê dos Pelican fazerem parte de uma editora como a Hydra Head. Apesar de tudo os Pelican continuam a conseguir proporcionar momentos físicos e de confronto. Pena que no meio de uma actuação tão positiva a duração tenha sido tão curta. Não se teria perdido nada com mais vinte minutos, que é como quem diz, mais dois temas. De preferência de The Fire in Our Throats Will Beckon the Thaw. Mas apesar da “falta” desses vinte minutos, a actuação dos Pelican não saiu beliscada. Manteve-se muito acima da média, algo que não surpreende vindo de uma banda assim. Os Pelican são mesmo uma "fucking triumphant band".
Antes dos Pelican actuaram os portugueses Men Eater (banda formada por membros dos For The Glory, Blacksunrise, Riding Panico e Mushin), no seguimento da apresentação de Hellstone, disco de metal de caras diferentes. A chegada dos Men Eater veio preencher um espaço ainda não explorado convenientemente: a filiação dos Isis e dos Neurosis. Apesar de se sentirem as influências na pele, os Men Eater conseguiram uma actuação intensa, libertadora de riffs mil. Foram melhores quando atacaram a frente instrumental - tecnicamente são óptimos, possuem um sentido melódico assinalável e conseguem criar sucessões de riffs invejáveis. “Black” cumpre os estes três requisitos. “Lisboa”, o único tema cantado em português do disco, foi também momento alto nas guitarras e na intensidade. Por tudo isto e mais alguma coisa, a actuação dos Men Eater, apesar de curta (compreensível), teve marca bastante positiva.
A abrir a noite Osso actuou reduzido a um membro, Bruno Silva. Aproveitou as potencialidades das máquinas para criar paredes ruidosas com fundações na guitarra e na sua voz. Talvez tenha sido um pouco prejudicado pela ausência de maior profundidade nas texturas que o elemento ausente consegue criar ao vivo com o laptop, mas a ideia central dos Osso passou de uma forma ou outra. Actuação curta mas com momentos dignos de nota, apesar de não ter sido com certeza a melhor noite para os Osso. No final do concerto poucos pareciam saber aquilo que lhes tinha passado por ali, o que, muitas das vezes, só pode ser bom.
Pelican © Sara Santos Silva |
Na verdade, “City of echoes” é provavelmente o tema onde os Pelican melhor mostram a sua veia para a construção de instrumentais de forte sentido melódico. Não será com certeza caso único, mas é por demais evidente. The Fire in Our Throats Will Beckon the Thaw, o segundo disco dos Pelican, está pejado de exemplos. “Aurora Borealis”, um dos poucos temas do disco a merecerem transposição ao vivo, é um portento de beleza e melodia, de emoção. Pena que tenham faltado tantos temas essenciais de The Fire in Our Throats Will Beckon the Thaw, o disco mais coeso dos Pelican até à data.
A actuação do Porto Rio não esqueceu Australasia o disco de estreia. O poder de “Drought” e dos seus riffs lembrou aos presentes o porquê dos Pelican fazerem parte de uma editora como a Hydra Head. Apesar de tudo os Pelican continuam a conseguir proporcionar momentos físicos e de confronto. Pena que no meio de uma actuação tão positiva a duração tenha sido tão curta. Não se teria perdido nada com mais vinte minutos, que é como quem diz, mais dois temas. De preferência de The Fire in Our Throats Will Beckon the Thaw. Mas apesar da “falta” desses vinte minutos, a actuação dos Pelican não saiu beliscada. Manteve-se muito acima da média, algo que não surpreende vindo de uma banda assim. Os Pelican são mesmo uma "fucking triumphant band".
Men Eater © Sara Santos Silva |
Antes dos Pelican actuaram os portugueses Men Eater (banda formada por membros dos For The Glory, Blacksunrise, Riding Panico e Mushin), no seguimento da apresentação de Hellstone, disco de metal de caras diferentes. A chegada dos Men Eater veio preencher um espaço ainda não explorado convenientemente: a filiação dos Isis e dos Neurosis. Apesar de se sentirem as influências na pele, os Men Eater conseguiram uma actuação intensa, libertadora de riffs mil. Foram melhores quando atacaram a frente instrumental - tecnicamente são óptimos, possuem um sentido melódico assinalável e conseguem criar sucessões de riffs invejáveis. “Black” cumpre os estes três requisitos. “Lisboa”, o único tema cantado em português do disco, foi também momento alto nas guitarras e na intensidade. Por tudo isto e mais alguma coisa, a actuação dos Men Eater, apesar de curta (compreensível), teve marca bastante positiva.
Osso © Sara Santos Silva |
A abrir a noite Osso actuou reduzido a um membro, Bruno Silva. Aproveitou as potencialidades das máquinas para criar paredes ruidosas com fundações na guitarra e na sua voz. Talvez tenha sido um pouco prejudicado pela ausência de maior profundidade nas texturas que o elemento ausente consegue criar ao vivo com o laptop, mas a ideia central dos Osso passou de uma forma ou outra. Actuação curta mas com momentos dignos de nota, apesar de não ter sido com certeza a melhor noite para os Osso. No final do concerto poucos pareciam saber aquilo que lhes tinha passado por ali, o que, muitas das vezes, só pode ser bom.
· 30 Mai 2007 · 08:00 ·
André Gomesandregomes@bodyspace.net
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