ENTREVISTAS
Molly Burch
Molly Burch em flor
· 02 Jul 2019 · 15:34 ·
“ L.A. is the loneliest and most brutal of american cities (…) L.A. is a jungle”. Esta pungente certidão de óbito passada ao humanismo em Los Angeles por Kerouac no seu sublime “On the Road” terá os seus laivos de hipérbole, mas a ideia de que basta um passo em falso para que esse voraz Cronos de cimento, alcatrão e carne nos engula a alma de um só trago não deixa de encerrar em si a sua verdade. Antes que tal acontecesse, a nossa entrevistada rumou a sul em busca da paz de espírito que só o espaço e o tempo que a mais humana Austin lhe poderia oferecer.
Na capital amricana da cultura alternativa lançou as bases para aquilo que são Please Be Mine e First Flower, álbuns que servem de portais a uma alma que, apesar de ansiosa e insegura, cresce na fortaleza de cada verso escrito. Estas são apenas algumas das facetas de uma Molly Burch que busca hoje no Porto (Pérola Negra) e amanhã em Lisboa (Musicbox) terra fértil para continuar a crescer. Tem a palavra Molly Burch…
Na capital amricana da cultura alternativa lançou as bases para aquilo que são Please Be Mine e First Flower, álbuns que servem de portais a uma alma que, apesar de ansiosa e insegura, cresce na fortaleza de cada verso escrito. Estas são apenas algumas das facetas de uma Molly Burch que busca hoje no Porto (Pérola Negra) e amanhã em Lisboa (Musicbox) terra fértil para continuar a crescer. Tem a palavra Molly Burch…
Esta é a carreira com que sonhaste? És a artista que queres ser?
Sempre quis ser cantora, por isso sim, acredito que estou a viver o meu sonho! Sou a artista que queria ser porque sou paciente, trabalho duro e me dedico de corpo inteiro à música que quero fazer.
Como é que começas a compor e porque é que o fazes? O que te motiva a escrever? Depois do trabalho feito, de que modo articulas o que crias com a tua banda?
Comecei a escrever canções já tarde. Entrei na faculdade em Performance Vocal, por isso acabei por me focar mais no aperfeiçoamento da minha voz em detrimento da escrita de canções. Ainda estou a aprender como escrever, mas já percebo que preciso de tempo e espaço para poder ser criativa. Não consigo escrever em digressão. Quando tenho algum tempo disponível acabo por compor, maioritariamente, à guitarra. Começo pela estrutura de cordas, melodia, e, por fim, a letra. As canções são então trabalhadas em conjunto com o meu guitarrista principal Dailey Toliver e só depois apresentadas ao resto da banda.
Foste criada na Califórnia, mas a tua casa criativa está em Austin. Sentes que a tua música tem mais espaço para respirar e dar-se à partilha em Austin do que teria em Los Angeles? É uma música que se identifica mais com o intimismo de Austin em contraponto à megalomania de Los Angeles?
Sinto-me em casa em Austin. Adoro o ritmo mais lento da cidade, é algo que me inspira e me dá o espaço de que preciso. Nunca me sinto presa em Austin. Por agora, penso que é o lugar perfeito para mim, mas gostava de voltar a L.A. um dia algures num Futuro distante.
Como é que surge Please Be Mine? Era este o álbum que querias realmente ter feito?
Escrevi Please Be Mine depois de me mudar para Austin na esteira do fim da relação com o meu namorado. Escrevi as canções ao longo de dois anos sem pensar que algum dia elas pudessem vir a fazer parte de um álbum, mas estou muito orgulhosa desse trabalho porque foram as primeiras canções que eu alguma vez escrevi.
Quais as principais diferenças entre esse álbum e o novo First Flower? Quer flor é esta?
First Flower é um álbum completamente diferente de Please Be Mine porque estava numa altura completamente diferente da minha vida. Sou uma pessoa e uma líder de banda muito mais forte. Para mim, First Flower personifica, realmente, crescimento pessoal. O título vem de um verso na única música de amor em todo o disco: “just like the first flower that blooms in Spring, to me you are my everything”.
A voz suave e terna pode induzir-nos a pensar que a tua vida transpira serenidade, mas os temas subjacentes aos dois álbuns são tudo menos “tranquilos”: ansiedade, perda, medos, inseguranças… Até que ponto as tuas composições são fiéis à pessoa de Molly Burch? Existe uma fronteira bem definida entre a componente artística e a mais pessoal/intima ou a pessoa que nos canta inseguranças é a mesma que as sente?
Todas as minhas canções são profundamente pessoais e é por isso que me sinto realmente feliz quando as pessoas se revêm na minha música. Sempre fui uma pessoa extremamente ansiosa e insegura. Melhorou com a idade, claro, mas ainda continuo a lutar contra isso todos os dias. Quando escrevo ou quando subo a um palco, sinto que incorporo uma pessoa diferente mas sou sempre fiel a mim mesma.
Comparam-te a artistas como Angel Olsen ou Mazzy Star. Como é que reages isto? Sentes-te confortável com elas?
Tento não pensar em comparações. Claro que, por vezes, pode ser um elogio mas, por outro lado, também pode tornar-se algo verdadeiramente frustrante quando tu queres ser reconhecida pelo teu valor e não como uma cópia de alguém. Porém, na maior parte das vezes, nem penso nisso. Queira ou não, as pessoas vão continuar a pensar o que quiserem. Quanto a mim, o que quero é continuar a trabalhar no duro e a cantar, esse é o meu foco.
A pergunta-me anterior leva-me a uma outra questão: Depois de dois álbuns já sentes que “não precisas de gritar para que as outras pessoas saibam quem é que manda”? (referência à linha “don’t need to yell to know that I’m the boss” presente no tema “To the Boys”)
Ahahah. Sim, sinto-me mais confiante do que quando escrevi “To the Boys”. Honestamente, escrever aquela canção, e interpreta-la em palco, ajudou a que me transformasse numa pessoa mais forte.
Apareces como artista num momento em que o papel da Mulher na sociedade está em redefinição. O facto de seres mulher traz-te uma pressão adicional? No universo musical, em concreto, sentes mudanças?
Sinto uma mudança, absolutamente. Ainda temos um longo caminho a percorrer, mas estou extremamente optimista com o que está a acontecer no mundo da música actualmente. Não sinto qualquer tipo de pressão. Sinto, isso sim, um enorme entusiasmo e um grande empoderamento por fazer parte da mudança.
Dentro de dias estarás em Portugal para nos apresentar First Flower. O que é que podemos esperar de Molly Burch para estes concertos?
Estou entusiasmada por actuar em Portugal! É a primeira vez que vou actuar nestas duas cidades (Porto e Lisboa). Vou estar em palco com uma banda de apoio de cinco elementos e vamos tocar, maioritariamente, canções de First Flower a que se juntaremos algumas de Please Be Mine e o novo single (“Ballads”). Mal posso esperar!
Dois álbuns em dois anos consecutivos. É de esperar um terceiro disco este ano ou, depois da tournée, tencionas parar para reflectir sobre o que virá depois?
Ahahah, não. Desta vez acho que vou tirar um tempo para descansar antes de lançar o meu terceiro LP. Existe o entusiasmo de voltar a casa e escrever mas, de momento, estou apenas apostada em desfrutar desta digressão.
Uma última questão. Se pudesses oferecer uma canção (tua ou não) a Trump, qual seria e porquê?
Oferecer-lhe-ia NADA!
Fernando GonçalvesSempre quis ser cantora, por isso sim, acredito que estou a viver o meu sonho! Sou a artista que queria ser porque sou paciente, trabalho duro e me dedico de corpo inteiro à música que quero fazer.
Como é que começas a compor e porque é que o fazes? O que te motiva a escrever? Depois do trabalho feito, de que modo articulas o que crias com a tua banda?
Comecei a escrever canções já tarde. Entrei na faculdade em Performance Vocal, por isso acabei por me focar mais no aperfeiçoamento da minha voz em detrimento da escrita de canções. Ainda estou a aprender como escrever, mas já percebo que preciso de tempo e espaço para poder ser criativa. Não consigo escrever em digressão. Quando tenho algum tempo disponível acabo por compor, maioritariamente, à guitarra. Começo pela estrutura de cordas, melodia, e, por fim, a letra. As canções são então trabalhadas em conjunto com o meu guitarrista principal Dailey Toliver e só depois apresentadas ao resto da banda.
Foste criada na Califórnia, mas a tua casa criativa está em Austin. Sentes que a tua música tem mais espaço para respirar e dar-se à partilha em Austin do que teria em Los Angeles? É uma música que se identifica mais com o intimismo de Austin em contraponto à megalomania de Los Angeles?
Sinto-me em casa em Austin. Adoro o ritmo mais lento da cidade, é algo que me inspira e me dá o espaço de que preciso. Nunca me sinto presa em Austin. Por agora, penso que é o lugar perfeito para mim, mas gostava de voltar a L.A. um dia algures num Futuro distante.
Como é que surge Please Be Mine? Era este o álbum que querias realmente ter feito?
Escrevi Please Be Mine depois de me mudar para Austin na esteira do fim da relação com o meu namorado. Escrevi as canções ao longo de dois anos sem pensar que algum dia elas pudessem vir a fazer parte de um álbum, mas estou muito orgulhosa desse trabalho porque foram as primeiras canções que eu alguma vez escrevi.
Quais as principais diferenças entre esse álbum e o novo First Flower? Quer flor é esta?
First Flower é um álbum completamente diferente de Please Be Mine porque estava numa altura completamente diferente da minha vida. Sou uma pessoa e uma líder de banda muito mais forte. Para mim, First Flower personifica, realmente, crescimento pessoal. O título vem de um verso na única música de amor em todo o disco: “just like the first flower that blooms in Spring, to me you are my everything”.
A voz suave e terna pode induzir-nos a pensar que a tua vida transpira serenidade, mas os temas subjacentes aos dois álbuns são tudo menos “tranquilos”: ansiedade, perda, medos, inseguranças… Até que ponto as tuas composições são fiéis à pessoa de Molly Burch? Existe uma fronteira bem definida entre a componente artística e a mais pessoal/intima ou a pessoa que nos canta inseguranças é a mesma que as sente?
Todas as minhas canções são profundamente pessoais e é por isso que me sinto realmente feliz quando as pessoas se revêm na minha música. Sempre fui uma pessoa extremamente ansiosa e insegura. Melhorou com a idade, claro, mas ainda continuo a lutar contra isso todos os dias. Quando escrevo ou quando subo a um palco, sinto que incorporo uma pessoa diferente mas sou sempre fiel a mim mesma.
Comparam-te a artistas como Angel Olsen ou Mazzy Star. Como é que reages isto? Sentes-te confortável com elas?
Tento não pensar em comparações. Claro que, por vezes, pode ser um elogio mas, por outro lado, também pode tornar-se algo verdadeiramente frustrante quando tu queres ser reconhecida pelo teu valor e não como uma cópia de alguém. Porém, na maior parte das vezes, nem penso nisso. Queira ou não, as pessoas vão continuar a pensar o que quiserem. Quanto a mim, o que quero é continuar a trabalhar no duro e a cantar, esse é o meu foco.
A pergunta-me anterior leva-me a uma outra questão: Depois de dois álbuns já sentes que “não precisas de gritar para que as outras pessoas saibam quem é que manda”? (referência à linha “don’t need to yell to know that I’m the boss” presente no tema “To the Boys”)
Ahahah. Sim, sinto-me mais confiante do que quando escrevi “To the Boys”. Honestamente, escrever aquela canção, e interpreta-la em palco, ajudou a que me transformasse numa pessoa mais forte.
Apareces como artista num momento em que o papel da Mulher na sociedade está em redefinição. O facto de seres mulher traz-te uma pressão adicional? No universo musical, em concreto, sentes mudanças?
Sinto uma mudança, absolutamente. Ainda temos um longo caminho a percorrer, mas estou extremamente optimista com o que está a acontecer no mundo da música actualmente. Não sinto qualquer tipo de pressão. Sinto, isso sim, um enorme entusiasmo e um grande empoderamento por fazer parte da mudança.
Dentro de dias estarás em Portugal para nos apresentar First Flower. O que é que podemos esperar de Molly Burch para estes concertos?
Estou entusiasmada por actuar em Portugal! É a primeira vez que vou actuar nestas duas cidades (Porto e Lisboa). Vou estar em palco com uma banda de apoio de cinco elementos e vamos tocar, maioritariamente, canções de First Flower a que se juntaremos algumas de Please Be Mine e o novo single (“Ballads”). Mal posso esperar!
Dois álbuns em dois anos consecutivos. É de esperar um terceiro disco este ano ou, depois da tournée, tencionas parar para reflectir sobre o que virá depois?
Ahahah, não. Desta vez acho que vou tirar um tempo para descansar antes de lançar o meu terceiro LP. Existe o entusiasmo de voltar a casa e escrever mas, de momento, estou apenas apostada em desfrutar desta digressão.
Uma última questão. Se pudesses oferecer uma canção (tua ou não) a Trump, qual seria e porquê?
Oferecer-lhe-ia NADA!
f.guimaraesgoncalves@gmail.com
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