ENTREVISTAS
Cochaise
Tudo Pra Dizer
· 24 Abr 2015 · 18:34 ·
A sete de Março de 2015, uma banda com raízes em seis localidades diferentes (a saber: Lagos, Lisboa, Albufeira, Porto, Amadora, Bobadela) subia ao palco do Fontória naquela que era uma noite de angariação de fundos com o objectivo de ajudar a editar Cochaise, o seu novo álbum. O que há aqui de estranho é que os Cochaise não deveriam precisar de juntar dinheiro para o fazer. Desde Mini Homónimo, de 2011, que por aqui estamos certos de estar na presença de uma das grandes revelações do pop rock nacional, capaz de compor canções orelhudas aliadas a letras espertas - uma espécie de Clã sem sotaque do norte. No entanto, a visibilidade é escassa: para além do grupo de amigos que os vai acompanhando, onde se encontram todos os grandes da Cafetra e todo o grande Diego Armés, os Cochaise ainda são uma mina escondida na floresta que é a música portuguesa. O que, convenhamos, é uma lástima. Nessa mesma noite, fomos falar com eles para tentar perceber o porquê de não estarem a encher salas e a tocar em grandes festivais, como tão bem merecem. O resultado é este que se segue. Longa vida aos Cochaise!
© Sara Alvarrão
Como é que uma banda do caralho tem de recorrer a fundraisings para editar o disco?
Cláudia Sambado: [risos] Porque ainda não dá dinheiro, não é?...
Pá, é que é assim: vocês, para mim, deviam estar a passar na rádio e a encher salas... é mesmo um bocado estranho, considerando o estilo de música que vocês fazem. Não têm nenhuma ideia sobre porque é que isso aconteceu? Falta de vontade vossa não há-de ser... talvez falta de marketing...
Filipe Sambado: O Adriano [Fernandes, que prefere assinar como C de Croché, outro belo projecto] entrou há pouco tempo e se calhar tem-se apercebido disso, mas há uma certa falta de organização. Nós ensaiamos bué, trabalhamos bué, fazemos bué de canções, mas [quanto à] parte da organização, a nível daquilo que é a produção de uma banda, nós falhamos um bocado nisso...
Portanto, é mesmo problema de marketing?
CS: Sim, sim, isso é claramente.
FS: É, há pouca "jogada".
C de Croché: Acima de tudo, tens de ter paciência para te "venderes".
FS: Nós curtimos bué fazer canções, tipo...
CdC: Divertimo-nos demasiado e trabalhamos menos, provavelmente.
FS: Sim, sim... Há uns tempos estava a falar sobre isso com o Éme, era isso mesmo... O Éme, no outro dia, estava-me a dizer "já alguma vez penduraste um cartaz?", e, pá, eu [realmente] nunca pendurei um cartaz de Cochaise...
CS: Eu já, em Lagos.
Porque é essa a questão: o Éme conseguiu ir tocar ao Mexefest, e eu adoro-o, é grande músico, mas vocês fazem uma cena que é mais radiofónica, que bate mais nas pessoas, e eu acho estranho que não tenham conseguido ainda ir a um grande festival...
FS: Sim, se bem que acontece muito o fenómeno - e eu já tinha falado disso contigo uma vez - que é haver imensa gente também com o trabalho que tu fazes, de crítica e tudo o mais, que vêm-nos dar bué de vezes os parabéns e dizer como [a banda] é fixe, e depois [esta] acaba por não aparecer tanto assim... [n.a.: desculpa só ter transcrito esta merda um mês depois, Filipe. Amo-te.]
Pois, eu estive a pesquisar, e vocês deram p'raí três entrevistas...
FS: Pouquíssimas! Pá, não sei...
Como é que chegaram a este disco? Quanto tempo levaram para o gravar?
CS: Fizemo-lo no nosso estúdio, ali no Bairro Alto.
FS: Foi onde se gravou Os Passos Em Volta, onde se está a gravar Alek Rein, onde se grava uma data de cenas fixes. É uma sala p'raí com 5x4 metros...
CS: ...Com caixas de ovos...
FS: ...Com caixas de ovos, sim, muita podre... E um gajo faz as coisas. As canções têm é de 'tar lá.
Quanto tempo é que levou, mesmo?
FS: O disco levou para aí seis meses a ser feito, e depois mais três meses a ser gravado, produzido, trabalhado, etc. Mas [levámos] seis meses para fazer as canções todas.
CdC: Foi feito com calma.
FS: Ao todo levámos aí nove meses para fazer o disco.
Foi feito na mesma altura que o EP [Já Te Digo Qualquer Coisa]?
FS: Não, porque entretanto nós tocávamos com o [João] Pratas, e ele, que tocava baixo, decidiu sair porque estava com uns problemas na escola. Teve que abandonar. E entretanto o Adriano tinha voltado do Brasil e eu comecei a tocar com ele em Chibazqui. Pá, e já há mais tempo que isso me tinha batido na cabeça: quando eu percebi que ele cá estava, o convite foi tipo... tivemos um ensaio de Chibazqui e eu disse "man, 'tás cá, queres ir experimentar tocar com Cochaise?"
CdC: "Podes aparecer amanhã..."
FS: Ya, foi imediato, muito rápido.
CS: Depois entrou mesmo.
FS: Fez todo o sentido. O João era um gajo mais direito, mas o Adriano, a nível de frases melódicas... Sentíamos isso às vezes, falávamos entre nós, que gostávamos ainda de tocar com o João, mas que esse acrescento podia dar jeito, neste novo disco sente-se isso.
Então posso perfeitamente cagar na pergunta que tinha aqui que era precisamente "que novas ideias trouxe o Adriano"...
CS: [risos] Sim, sendo assim...
Como é que descreveriam cada qual das dez faixas do disco?
CS: Uma de cada vez? "Primavera": «espera mais um bocadinho que eu já volto»...
FS: Dá-lhe mais, isso!
CS: Esqueci-me de mais da "Primavera"... Fala de amor, um que já foi mas de que estamos à espera que volte... Deixa-me pensar noutra...
Quais é que vos bateram mais quando estavam a compor?
CS: Ai, qual foi aquela que... ah, a "Anel". Também fala de amor, de um amor passado.
É uma temática que está sempre presente em Cochaise...
CS: Em Cochaise, e não só... [risos]
Como é que costumam trabalhar cada canção? Cada um de vocês tem um papel bem definido ou acaba por ser meio balbúrdia, em que um tem uma ideia e vocês aceitam... Por exemplo, tu fazes as letras?
CS: Não, não faço.
Só mesmo voz?
CS: Só voz.
Então acaba por ser ordenado, e não a desordem de que estávamos a falar...
CdC: Por acaso eu acho que esse até é o lado mais organizado. Neste momento ainda é o lado mais organizado nos nossos métodos.
CS: Todos podemos opinar. Não há propriamente uma ditadura, até porque já estamos todos no mesmo sentido, portanto é fácil.
CdC: O lado da desordem vem daí: se calhar cada um opina mais nos instrumentos dos outros do que propriamente no resto.
CS: Todos sabemos bem o que é que queremos, no final de contas.
FS: O EP tinha sido já uma coisa que funcionou um bocado como workshop. O primeiro disco de Cochaise [Mini Homónimo, 2011] eu tinha-o feito todo e a Cláudia cantava. O segundo [Se Amanhã Não Chovesse, 2013] foi uma coisa género "tocamos com malta, mas eu é que o estou a fazer". O EP, isso sim, funcionou mesmo como um workshop, algo como "estamos a curtir bué tocar juntos, isto já não faz sentido serem só umas canções que eu faço e vocês a tocá-las"... Este disco [Cochaise, o novo] teve completamente banda, e sente-se esse upgrade. O disco teve um elemento - o Adriano - já fortíssimo quando entrou, e que foi importantíssimo.
Eu peguei nisto das canções porque ouvi o disco ontem e achei a "Vales O Que Vales" a canção mais estranha que vocês já fizeram...
CS: É, não é? Nós também achámos...
...Porque, e é um elogio, soa a Moxila...
FS: Soa a Moxila, a sério?
Soa muito a Moxila, e é para mim a canção mais estranha do disco e talvez a canção mais estranha dos Cochaise, porque foge àquilo que é a vossa matriz mais pop rock, e a canção não parece tanto pop rock tal como vocês o costumam fazer. De onde surgiu essa canção? Foi mais "experimentada" do que as outras?
FS: Há um conjunto de três ou quatro canções que foram gravadas quase na altura em que foram feitas.
CdC: Sim, aquelas últimas. A "Vales...", a "Primavera", a "Pelos Dois"... Mesmo a "Fachada", que já vinha de trás, mas mudou muito.
CS: Mas esta não mudou praticamente nada.
FS: A criação da "Vales..." foi um bocado tipo...
CdC: Tem muito do Luís [Barros].
FS: Completamente! A "Vales..." é completamente do Luís... Era uma música que eu tinha na guitarra, uma coisa um bocado enfadonha, e o Luís estava numa daquelas crises que ele às vezes tem, que é "foda-se, só me trazes para aqui guitarras-ritmo..."
CS: "É tudo igual, é tudo igual!"
CdC: "Tudo o mesmo tempo, e o caralho..."
CS: "Posso cantar todas na mesma melodia!..."
FS: E eu disse-lhe "no meio de cada compasso tu consegues pôr fusas, man"... E depois disse-lhe qualquer coisa tipo "experimenta lá este beat"... E lá está aquilo que tu 'tavas a dizer, que nós opinamos mais sobre os instrumentos dos outros que sobre os nossos.
CS: É verdade.
FS: Essa música acabou por ser o Luís a fazer a minha guitarra, eu a fazer a bateria dele, ele a fazer o baixo do Adriano excepto o do refrão...
CdC: O início do baixo foi dele, também...
FS: ...E é tipo uma coisa completamente... pá, foi estranho. É uma música um bocado diferente.
CS: Esquizofreníssima.
Pegando nessa questão da matriz: sentem que já abandonaram aquela fase de experimentação normal numa banda nova, de garagem, ou há muito por desbravar, por evoluir, em termos de Cochaise?
CS: Esperamos que sim, não é?...
FS: Nós temos essa grande vantagem que é a de não sermos nem um bocadinho conceptuais. É uma vantagem do caraças.
CdC: Eu, por acaso, sendo o que está há menos tempo na banda, acho que até sou o que mais facilmente consegue dizer isso. Porque já os conhecia antes, e é muito fácil para mim conseguir perceber, a partir do momento em que eu toco - não necessariamente só por causa de mim, mas a forma como a banda mudou depois [de eu entrar], a maneira como nós nos encaixámos... Acho que faz uma diferença muito grande. O Sambado continua a ser a matriz das canções, mas foi crescendo, como toda a gente. Toda a gente tem que largar aqueles "fantasmas", aquela porcaria que acha que é o que vai querer fazer a vida toda... A cena que descobre a seguir, o não ter medo de arriscar a seguir...
FS: Eu tenho bué essa pancada, um bocado pela minha escola toda do teatro. Acho que o pessoal tem que saber cair no ridículo, não ter medo. Entre nós, aqui na banda, acho que só o Luís e o Alex [Pereira] é que não gostam de Rihanna, mas nós os três curtimos... Nós temos uma ligação à pop mais comercial bué assertiva.
CdC: E é a tal coisa de opinar sobre os instrumentos dos outros, alguém manda uma boca a alguém e essa pessoa começa a fazer uma malha à Britney Spears, a gozar... E depois mete-se um baixo e, de repente, aquilo é uma canção do caralho!
Nesse caso, quem é que gostariam que cantasse ou remisturasse uma canção vossa?
FS: Pá, eu não sei quem é que o poderia fazer, mas a verdade é que, no primeiro disco, o Sam The Kid fez... Porque eu estava a trabalhar no Na Casa D'Este Senhor e o gajo fez uma remistura de uma música. Ele curtiu bué do disco na altura. Mas nunca ma mandou... Foi à minha frente, com a sua MPC, fez, 'tava a curtir imenso e já 'tava a rappar por cima...
Sabes que um dia essa canção vai aparecer numa mixtape do Sam The Kid...
FS: Se houvesse uma remistura nossa numa Noite Príncipe era fixe.
Marfox ou Nigga Fox?
FS: Pá, eu não conheço assim tão bem, mas por enquanto estou mais em Marfox...
CdC: Man, tinha de ser um remix dos Soulwax, ou uma merda assim, a pingar azeite, tirava o baixo e metia só um pum-pum-pum-pum-pum, 'tás a ver a onda?
Ainda se lembram da primeira canção que compuseram?
FS: A primeira de todas foi a "Passou". Cheguei a casa, fiz isso no ukulele, tinha um acorde e uma variação, e a Cláudia cantou em cima. Foi a primeira vez de todas. Foi a primeira vez de sempre que a Cláudia cantou, porque ela cantava no carro e mais nada...
CS: Até posso contar a história. Quando eu era pequenininha, cantávamos nos coros da escola. E o que aconteceu foi: "as meninas, cantem! Os meninos, cantem! As meninas, cantem! [pausa] Quem é que está a cantar?" Chamaram-me à parte e passaram-me para os meninos... E então isto deve-me ter marcado de alguma maneira. [risos]
Mas consideras-te maria-rapaz?
CS: Não, não, era do vozeirão, era dos graves...
FS: Não sabia o que era um contralto, e como não era soprano, não dava para menina...
Para quando a gravação de um videoclip no Chinês Clandestino?
CS: Isso é que era, man... Mas já tínhamos falado sobre isto! Quem me dera...
Eu gostava muito de conhecer esse restaurante, mas no outro dia cheguei lá e já não havia mesas...
CS: Ah, então 'tás a ver a categoria, n'é?
FS: Temos que lá ir, temos que marcar isso!
Qual é que seria a canção ideal de Cochaise para se gravar no Chinês Clandestino?
CS: Ai, 'pera, 'pera, deixa-me pensar...
FS: A Cláudia vai resolver isto, ela é boa nisto... Sente, sente, qual é que estás a sentir lá?
CS: A "Migus"! Claro que sim... Quando a gente lá vai, é com os amigos.
E que tal um concerto lá?
FS: O vídeo seria um concerto...
CS: Com certeza!
«Os Cochaise são o resultado de uma relação e de um desvario musical». Seria menos interessante se fosse ao contrário?
CS: Se calhar também é...
FS: É nisso que se está a transformar aos poucos...
A loucura mantém-vos sãos?
CS: Epá... Eu acho que sim. Aliás: o que é isso da loucura?
Sim, o que é que é a loucura?
CS: Não sei. Sei que 'tá-se bem dentro dela, acho eu.
FS: São sempre canções, man. Isto é uma dificuldade que as pessoas têm de perceber, que é tu fazeres uma canção, às vezes do resultado de uma fúria de meia hora, escreveres uma letra, e, pá, [no final] foi só essa meia hora. E tu podes até nem te identificar com o que escreveste mas achas só que é uma grande letra. E, quando tu estás a tocar a canção, ela a ti já só te soa a uma grande canção. E estás a tocá-la para, vá, vinte pessoas numa plateia de trinta, ou duas pessoas numa plateia de cem, mas sentes que no fim de contas aquilo foi uma cena que tu sentiste mesmo bué duro no momento... A "Mais Valia", do EP, basicamente parte de uma conversa que eu 'tava a ouvir de duas pessoas extremamente racistas no metro - [e eu pensei] para mim, um bocadinho menos de informação fazia-te tão bem quanto um bocadinho de mais... Esse meio termo onde tu estás é que te deixa completamente perdido. E foi assim que me saiu sabes tão pouco que mais valia saberes nada... E nunca mais me disse nada, a letra. Mas na altura foi, para mim, um chavão perfeito.
As canções costumam surgir de forma espontânea?
FS: Surgem de várias formas. Eu quando comecei com Cochaise fazia as canções a partir de baterias, a partir de baixos, a partir de guitarras, a partir de vozes. Hoje em dia já as faço mais [a partir] só de um riff de guitarra, ou de uma melodia de voz, ou de uma letra; mas, normalmente, a letra já vem com uma carga rítmica muito grande.
Se «a catarse se encontra à distância de uma garrafa de vinho», porque é que vieram tocar a um sítio onde o álcool é caro?
FS: [risos] Isto, na verdade, foi um problema grande que houve com a Casa Independente... Nós éramos para fazer lá o fundraising mas, por questões de subsídio, eles não têm tido muita facilidade em marcar lá cenas. Depois [quando havia essa possibilidade] as datas já não eram vantajosas para nós...
Vocês sentem-se como que pertencendo a alguma "cena"? Ou são "apenas" uma banda de Lisboa?
CdC: Não, somos uma banda da nossa cena! Eu sinto-me sempre integrado numa cena.
FS: Eu acho que a Maternidade veio agora colmatar uma coisa bué importante. Eu já tinha falado com o Ró [Rodrigo Soromenho Marques/Vaiapraia] há não sei quanto tempo atrás, que nós devíamos fazer uma coisa um bocado para os "órfãos" da cena, de nós estarmos em todas mas não estarmos em nenhuma... E é uma colectividade para ajudarmos, neste fundraising nenhuma das bandas é da Maternidade mas todas elas fazem parte dessa Maternidade. A Sallim tocou com o Éme na apresentação do disco dele, tocou na noite da 'Fetra, o Alek toca com malta da 'Fetra também, é um gajo que é do circuito ZdB... O Ró também já tocou com toda essa malta, 'tá a preparar um split com a Jewels... De Flamingos nem é preciso falar muito - o Cão é o caso mais marcante disso, é um gajo que tanto é Cafetra como Gentle como Flor Caveira, como já foi todas as coisas. As bandas que aqui estão são um bocado órfãs dessa Maternidade.
Quantas pessoas já vos perguntaram se o vosso nome vem da malha dos Audioslave?
CS: A mim ninguém.
FS: Mas não vem, man... Já bué de pessoas me perguntaram. É um nome que não tem quase significado nenhum, acho que tem uma aproximação índia... Aliás: o Cão, a primeira vez que ouviu falar de Cochaise, ainda não me conhecia bem - nós conhecíamo-lo através do João Coração -, viu uma fotografia em que eu estava de tronco nu, numa fase em que eu ainda tocava bateria em Cochaise, e ele pensava que nós éramos uma banda dessa onda, uma coisa qualquer pesadona.
Qual é que é o vestuário ideal para um concerto de Cochaise?
CS: É a roupa de casa...
CdC: [Para o concerto de] Hoje é claramente camisa, visto que a imperial é 2,5€...
O que é que se segue na vida dos Cochaise? Há planos para uma digressão, a seguir à edição do disco?
FS: O Pedro está a tratar disso. Vamos ver. É desta que o marketing funciona, tem de ser.
Onde é que gostariam mais de tocar? Algum sítio específico, alguma cidade específica?
CS: Há algumas onde eu gostava de voltar, que fomos muito bem recebidos.
FS: Sim, mas era fixe passar por um sítio maior, não é? Mesmo nessas cidades... Mas não sei. Gostei bué de tocar em Castro Verde. Luís Barros: Era bom irmos ao Porto e termos a oportunidade de tocar para público do Porto. Mas é difícil fazer esta ligação Lisboa-Porto. Eu, que estou nos dois sítios, reconheço que é difícil trazer bandas de lá para cá e vice-versa.
Acabam por ser duplamente órfãos.
CS: Ya. [risos]
Última pergunta: quem é que deve ganhar a Eurovisão?
FS: Ainda nem sei quem é que lá vai...
CS: A Simone, obviamente.
E se vocês fossem tocar à Eurovisão?
CS: Eu não. Não conseguiria.
FS: Já falámos disso!
Que canção levariam?
CS: Eu levava a "Anel", eles levavam a "Primavera"...
FS: Pá, podes mesmo escrever uma cena que é: nós não vamos ao Festival da Canção - ainda -, mas fomos convidados para ir tocar ao Got Talent Portugal. Cravámos 1500€ pela actuação e eles disseram que não podiam... Eu acho que todos nós percebemos o sentido que esta banda faria num nível um bocado mais nacional, como tu falavas há bocado...
Eu digo-te qual era o sentido que falava, que é aquele que já falei com o [Miguel] Abras: era vocês abrirem para Clã...
FS: Para começar era isso...
CS: Até me borrava toda.
FS: Vamos ligar à Manuela Azevedo. "Foi o Paulo Cecílio que disse que era fixe"...
Paulo CecÃlioCláudia Sambado: [risos] Porque ainda não dá dinheiro, não é?...
Pá, é que é assim: vocês, para mim, deviam estar a passar na rádio e a encher salas... é mesmo um bocado estranho, considerando o estilo de música que vocês fazem. Não têm nenhuma ideia sobre porque é que isso aconteceu? Falta de vontade vossa não há-de ser... talvez falta de marketing...
Filipe Sambado: O Adriano [Fernandes, que prefere assinar como C de Croché, outro belo projecto] entrou há pouco tempo e se calhar tem-se apercebido disso, mas há uma certa falta de organização. Nós ensaiamos bué, trabalhamos bué, fazemos bué de canções, mas [quanto à] parte da organização, a nível daquilo que é a produção de uma banda, nós falhamos um bocado nisso...
Portanto, é mesmo problema de marketing?
CS: Sim, sim, isso é claramente.
FS: É, há pouca "jogada".
C de Croché: Acima de tudo, tens de ter paciência para te "venderes".
FS: Nós curtimos bué fazer canções, tipo...
CdC: Divertimo-nos demasiado e trabalhamos menos, provavelmente.
FS: Sim, sim... Há uns tempos estava a falar sobre isso com o Éme, era isso mesmo... O Éme, no outro dia, estava-me a dizer "já alguma vez penduraste um cartaz?", e, pá, eu [realmente] nunca pendurei um cartaz de Cochaise...
CS: Eu já, em Lagos.
Porque é essa a questão: o Éme conseguiu ir tocar ao Mexefest, e eu adoro-o, é grande músico, mas vocês fazem uma cena que é mais radiofónica, que bate mais nas pessoas, e eu acho estranho que não tenham conseguido ainda ir a um grande festival...
FS: Sim, se bem que acontece muito o fenómeno - e eu já tinha falado disso contigo uma vez - que é haver imensa gente também com o trabalho que tu fazes, de crítica e tudo o mais, que vêm-nos dar bué de vezes os parabéns e dizer como [a banda] é fixe, e depois [esta] acaba por não aparecer tanto assim... [n.a.: desculpa só ter transcrito esta merda um mês depois, Filipe. Amo-te.]
Pois, eu estive a pesquisar, e vocês deram p'raí três entrevistas...
FS: Pouquíssimas! Pá, não sei...
Como é que chegaram a este disco? Quanto tempo levaram para o gravar?
CS: Fizemo-lo no nosso estúdio, ali no Bairro Alto.
FS: Foi onde se gravou Os Passos Em Volta, onde se está a gravar Alek Rein, onde se grava uma data de cenas fixes. É uma sala p'raí com 5x4 metros...
CS: ...Com caixas de ovos...
FS: ...Com caixas de ovos, sim, muita podre... E um gajo faz as coisas. As canções têm é de 'tar lá.
Quanto tempo é que levou, mesmo?
FS: O disco levou para aí seis meses a ser feito, e depois mais três meses a ser gravado, produzido, trabalhado, etc. Mas [levámos] seis meses para fazer as canções todas.
CdC: Foi feito com calma.
FS: Ao todo levámos aí nove meses para fazer o disco.
© Sara Alvarrão
Foi feito na mesma altura que o EP [Já Te Digo Qualquer Coisa]?
FS: Não, porque entretanto nós tocávamos com o [João] Pratas, e ele, que tocava baixo, decidiu sair porque estava com uns problemas na escola. Teve que abandonar. E entretanto o Adriano tinha voltado do Brasil e eu comecei a tocar com ele em Chibazqui. Pá, e já há mais tempo que isso me tinha batido na cabeça: quando eu percebi que ele cá estava, o convite foi tipo... tivemos um ensaio de Chibazqui e eu disse "man, 'tás cá, queres ir experimentar tocar com Cochaise?"
CdC: "Podes aparecer amanhã..."
FS: Ya, foi imediato, muito rápido.
CS: Depois entrou mesmo.
FS: Fez todo o sentido. O João era um gajo mais direito, mas o Adriano, a nível de frases melódicas... Sentíamos isso às vezes, falávamos entre nós, que gostávamos ainda de tocar com o João, mas que esse acrescento podia dar jeito, neste novo disco sente-se isso.
Então posso perfeitamente cagar na pergunta que tinha aqui que era precisamente "que novas ideias trouxe o Adriano"...
CS: [risos] Sim, sendo assim...
Como é que descreveriam cada qual das dez faixas do disco?
CS: Uma de cada vez? "Primavera": «espera mais um bocadinho que eu já volto»...
FS: Dá-lhe mais, isso!
CS: Esqueci-me de mais da "Primavera"... Fala de amor, um que já foi mas de que estamos à espera que volte... Deixa-me pensar noutra...
Quais é que vos bateram mais quando estavam a compor?
CS: Ai, qual foi aquela que... ah, a "Anel". Também fala de amor, de um amor passado.
É uma temática que está sempre presente em Cochaise...
CS: Em Cochaise, e não só... [risos]
Como é que costumam trabalhar cada canção? Cada um de vocês tem um papel bem definido ou acaba por ser meio balbúrdia, em que um tem uma ideia e vocês aceitam... Por exemplo, tu fazes as letras?
CS: Não, não faço.
Só mesmo voz?
CS: Só voz.
Então acaba por ser ordenado, e não a desordem de que estávamos a falar...
CdC: Por acaso eu acho que esse até é o lado mais organizado. Neste momento ainda é o lado mais organizado nos nossos métodos.
CS: Todos podemos opinar. Não há propriamente uma ditadura, até porque já estamos todos no mesmo sentido, portanto é fácil.
CdC: O lado da desordem vem daí: se calhar cada um opina mais nos instrumentos dos outros do que propriamente no resto.
CS: Todos sabemos bem o que é que queremos, no final de contas.
FS: O EP tinha sido já uma coisa que funcionou um bocado como workshop. O primeiro disco de Cochaise [Mini Homónimo, 2011] eu tinha-o feito todo e a Cláudia cantava. O segundo [Se Amanhã Não Chovesse, 2013] foi uma coisa género "tocamos com malta, mas eu é que o estou a fazer". O EP, isso sim, funcionou mesmo como um workshop, algo como "estamos a curtir bué tocar juntos, isto já não faz sentido serem só umas canções que eu faço e vocês a tocá-las"... Este disco [Cochaise, o novo] teve completamente banda, e sente-se esse upgrade. O disco teve um elemento - o Adriano - já fortíssimo quando entrou, e que foi importantíssimo.
Eu peguei nisto das canções porque ouvi o disco ontem e achei a "Vales O Que Vales" a canção mais estranha que vocês já fizeram...
CS: É, não é? Nós também achámos...
...Porque, e é um elogio, soa a Moxila...
FS: Soa a Moxila, a sério?
Soa muito a Moxila, e é para mim a canção mais estranha do disco e talvez a canção mais estranha dos Cochaise, porque foge àquilo que é a vossa matriz mais pop rock, e a canção não parece tanto pop rock tal como vocês o costumam fazer. De onde surgiu essa canção? Foi mais "experimentada" do que as outras?
FS: Há um conjunto de três ou quatro canções que foram gravadas quase na altura em que foram feitas.
CdC: Sim, aquelas últimas. A "Vales...", a "Primavera", a "Pelos Dois"... Mesmo a "Fachada", que já vinha de trás, mas mudou muito.
CS: Mas esta não mudou praticamente nada.
FS: A criação da "Vales..." foi um bocado tipo...
CdC: Tem muito do Luís [Barros].
FS: Completamente! A "Vales..." é completamente do Luís... Era uma música que eu tinha na guitarra, uma coisa um bocado enfadonha, e o Luís estava numa daquelas crises que ele às vezes tem, que é "foda-se, só me trazes para aqui guitarras-ritmo..."
CS: "É tudo igual, é tudo igual!"
CdC: "Tudo o mesmo tempo, e o caralho..."
CS: "Posso cantar todas na mesma melodia!..."
FS: E eu disse-lhe "no meio de cada compasso tu consegues pôr fusas, man"... E depois disse-lhe qualquer coisa tipo "experimenta lá este beat"... E lá está aquilo que tu 'tavas a dizer, que nós opinamos mais sobre os instrumentos dos outros que sobre os nossos.
CS: É verdade.
FS: Essa música acabou por ser o Luís a fazer a minha guitarra, eu a fazer a bateria dele, ele a fazer o baixo do Adriano excepto o do refrão...
CdC: O início do baixo foi dele, também...
FS: ...E é tipo uma coisa completamente... pá, foi estranho. É uma música um bocado diferente.
CS: Esquizofreníssima.
© Sara Alvarrão
Pegando nessa questão da matriz: sentem que já abandonaram aquela fase de experimentação normal numa banda nova, de garagem, ou há muito por desbravar, por evoluir, em termos de Cochaise?
CS: Esperamos que sim, não é?...
FS: Nós temos essa grande vantagem que é a de não sermos nem um bocadinho conceptuais. É uma vantagem do caraças.
CdC: Eu, por acaso, sendo o que está há menos tempo na banda, acho que até sou o que mais facilmente consegue dizer isso. Porque já os conhecia antes, e é muito fácil para mim conseguir perceber, a partir do momento em que eu toco - não necessariamente só por causa de mim, mas a forma como a banda mudou depois [de eu entrar], a maneira como nós nos encaixámos... Acho que faz uma diferença muito grande. O Sambado continua a ser a matriz das canções, mas foi crescendo, como toda a gente. Toda a gente tem que largar aqueles "fantasmas", aquela porcaria que acha que é o que vai querer fazer a vida toda... A cena que descobre a seguir, o não ter medo de arriscar a seguir...
FS: Eu tenho bué essa pancada, um bocado pela minha escola toda do teatro. Acho que o pessoal tem que saber cair no ridículo, não ter medo. Entre nós, aqui na banda, acho que só o Luís e o Alex [Pereira] é que não gostam de Rihanna, mas nós os três curtimos... Nós temos uma ligação à pop mais comercial bué assertiva.
CdC: E é a tal coisa de opinar sobre os instrumentos dos outros, alguém manda uma boca a alguém e essa pessoa começa a fazer uma malha à Britney Spears, a gozar... E depois mete-se um baixo e, de repente, aquilo é uma canção do caralho!
Nesse caso, quem é que gostariam que cantasse ou remisturasse uma canção vossa?
FS: Pá, eu não sei quem é que o poderia fazer, mas a verdade é que, no primeiro disco, o Sam The Kid fez... Porque eu estava a trabalhar no Na Casa D'Este Senhor e o gajo fez uma remistura de uma música. Ele curtiu bué do disco na altura. Mas nunca ma mandou... Foi à minha frente, com a sua MPC, fez, 'tava a curtir imenso e já 'tava a rappar por cima...
Sabes que um dia essa canção vai aparecer numa mixtape do Sam The Kid...
FS: Se houvesse uma remistura nossa numa Noite Príncipe era fixe.
Marfox ou Nigga Fox?
FS: Pá, eu não conheço assim tão bem, mas por enquanto estou mais em Marfox...
CdC: Man, tinha de ser um remix dos Soulwax, ou uma merda assim, a pingar azeite, tirava o baixo e metia só um pum-pum-pum-pum-pum, 'tás a ver a onda?
Ainda se lembram da primeira canção que compuseram?
FS: A primeira de todas foi a "Passou". Cheguei a casa, fiz isso no ukulele, tinha um acorde e uma variação, e a Cláudia cantou em cima. Foi a primeira vez de todas. Foi a primeira vez de sempre que a Cláudia cantou, porque ela cantava no carro e mais nada...
CS: Até posso contar a história. Quando eu era pequenininha, cantávamos nos coros da escola. E o que aconteceu foi: "as meninas, cantem! Os meninos, cantem! As meninas, cantem! [pausa] Quem é que está a cantar?" Chamaram-me à parte e passaram-me para os meninos... E então isto deve-me ter marcado de alguma maneira. [risos]
Mas consideras-te maria-rapaz?
CS: Não, não, era do vozeirão, era dos graves...
FS: Não sabia o que era um contralto, e como não era soprano, não dava para menina...
Para quando a gravação de um videoclip no Chinês Clandestino?
CS: Isso é que era, man... Mas já tínhamos falado sobre isto! Quem me dera...
Eu gostava muito de conhecer esse restaurante, mas no outro dia cheguei lá e já não havia mesas...
CS: Ah, então 'tás a ver a categoria, n'é?
FS: Temos que lá ir, temos que marcar isso!
Qual é que seria a canção ideal de Cochaise para se gravar no Chinês Clandestino?
CS: Ai, 'pera, 'pera, deixa-me pensar...
FS: A Cláudia vai resolver isto, ela é boa nisto... Sente, sente, qual é que estás a sentir lá?
CS: A "Migus"! Claro que sim... Quando a gente lá vai, é com os amigos.
E que tal um concerto lá?
FS: O vídeo seria um concerto...
CS: Com certeza!
«Os Cochaise são o resultado de uma relação e de um desvario musical». Seria menos interessante se fosse ao contrário?
CS: Se calhar também é...
FS: É nisso que se está a transformar aos poucos...
A loucura mantém-vos sãos?
CS: Epá... Eu acho que sim. Aliás: o que é isso da loucura?
Sim, o que é que é a loucura?
CS: Não sei. Sei que 'tá-se bem dentro dela, acho eu.
FS: São sempre canções, man. Isto é uma dificuldade que as pessoas têm de perceber, que é tu fazeres uma canção, às vezes do resultado de uma fúria de meia hora, escreveres uma letra, e, pá, [no final] foi só essa meia hora. E tu podes até nem te identificar com o que escreveste mas achas só que é uma grande letra. E, quando tu estás a tocar a canção, ela a ti já só te soa a uma grande canção. E estás a tocá-la para, vá, vinte pessoas numa plateia de trinta, ou duas pessoas numa plateia de cem, mas sentes que no fim de contas aquilo foi uma cena que tu sentiste mesmo bué duro no momento... A "Mais Valia", do EP, basicamente parte de uma conversa que eu 'tava a ouvir de duas pessoas extremamente racistas no metro - [e eu pensei] para mim, um bocadinho menos de informação fazia-te tão bem quanto um bocadinho de mais... Esse meio termo onde tu estás é que te deixa completamente perdido. E foi assim que me saiu sabes tão pouco que mais valia saberes nada... E nunca mais me disse nada, a letra. Mas na altura foi, para mim, um chavão perfeito.
As canções costumam surgir de forma espontânea?
FS: Surgem de várias formas. Eu quando comecei com Cochaise fazia as canções a partir de baterias, a partir de baixos, a partir de guitarras, a partir de vozes. Hoje em dia já as faço mais [a partir] só de um riff de guitarra, ou de uma melodia de voz, ou de uma letra; mas, normalmente, a letra já vem com uma carga rítmica muito grande.
© Sara Alvarrão
Se «a catarse se encontra à distância de uma garrafa de vinho», porque é que vieram tocar a um sítio onde o álcool é caro?
FS: [risos] Isto, na verdade, foi um problema grande que houve com a Casa Independente... Nós éramos para fazer lá o fundraising mas, por questões de subsídio, eles não têm tido muita facilidade em marcar lá cenas. Depois [quando havia essa possibilidade] as datas já não eram vantajosas para nós...
Vocês sentem-se como que pertencendo a alguma "cena"? Ou são "apenas" uma banda de Lisboa?
CdC: Não, somos uma banda da nossa cena! Eu sinto-me sempre integrado numa cena.
FS: Eu acho que a Maternidade veio agora colmatar uma coisa bué importante. Eu já tinha falado com o Ró [Rodrigo Soromenho Marques/Vaiapraia] há não sei quanto tempo atrás, que nós devíamos fazer uma coisa um bocado para os "órfãos" da cena, de nós estarmos em todas mas não estarmos em nenhuma... E é uma colectividade para ajudarmos, neste fundraising nenhuma das bandas é da Maternidade mas todas elas fazem parte dessa Maternidade. A Sallim tocou com o Éme na apresentação do disco dele, tocou na noite da 'Fetra, o Alek toca com malta da 'Fetra também, é um gajo que é do circuito ZdB... O Ró também já tocou com toda essa malta, 'tá a preparar um split com a Jewels... De Flamingos nem é preciso falar muito - o Cão é o caso mais marcante disso, é um gajo que tanto é Cafetra como Gentle como Flor Caveira, como já foi todas as coisas. As bandas que aqui estão são um bocado órfãs dessa Maternidade.
Quantas pessoas já vos perguntaram se o vosso nome vem da malha dos Audioslave?
CS: A mim ninguém.
FS: Mas não vem, man... Já bué de pessoas me perguntaram. É um nome que não tem quase significado nenhum, acho que tem uma aproximação índia... Aliás: o Cão, a primeira vez que ouviu falar de Cochaise, ainda não me conhecia bem - nós conhecíamo-lo através do João Coração -, viu uma fotografia em que eu estava de tronco nu, numa fase em que eu ainda tocava bateria em Cochaise, e ele pensava que nós éramos uma banda dessa onda, uma coisa qualquer pesadona.
Qual é que é o vestuário ideal para um concerto de Cochaise?
CS: É a roupa de casa...
CdC: [Para o concerto de] Hoje é claramente camisa, visto que a imperial é 2,5€...
O que é que se segue na vida dos Cochaise? Há planos para uma digressão, a seguir à edição do disco?
FS: O Pedro está a tratar disso. Vamos ver. É desta que o marketing funciona, tem de ser.
Onde é que gostariam mais de tocar? Algum sítio específico, alguma cidade específica?
CS: Há algumas onde eu gostava de voltar, que fomos muito bem recebidos.
FS: Sim, mas era fixe passar por um sítio maior, não é? Mesmo nessas cidades... Mas não sei. Gostei bué de tocar em Castro Verde. Luís Barros: Era bom irmos ao Porto e termos a oportunidade de tocar para público do Porto. Mas é difícil fazer esta ligação Lisboa-Porto. Eu, que estou nos dois sítios, reconheço que é difícil trazer bandas de lá para cá e vice-versa.
Acabam por ser duplamente órfãos.
CS: Ya. [risos]
Última pergunta: quem é que deve ganhar a Eurovisão?
FS: Ainda nem sei quem é que lá vai...
CS: A Simone, obviamente.
E se vocês fossem tocar à Eurovisão?
CS: Eu não. Não conseguiria.
FS: Já falámos disso!
Que canção levariam?
CS: Eu levava a "Anel", eles levavam a "Primavera"...
FS: Pá, podes mesmo escrever uma cena que é: nós não vamos ao Festival da Canção - ainda -, mas fomos convidados para ir tocar ao Got Talent Portugal. Cravámos 1500€ pela actuação e eles disseram que não podiam... Eu acho que todos nós percebemos o sentido que esta banda faria num nível um bocado mais nacional, como tu falavas há bocado...
Eu digo-te qual era o sentido que falava, que é aquele que já falei com o [Miguel] Abras: era vocês abrirem para Clã...
FS: Para começar era isso...
CS: Até me borrava toda.
FS: Vamos ligar à Manuela Azevedo. "Foi o Paulo Cecílio que disse que era fixe"...
pauloandrececilio@gmail.com
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