ENTREVISTAS
Banda do Mar
O Mar é uma imensidão de possibilidades
· 23 Jan 2015 · 17:49 ·
Dois brasileiros, um português. Dum lado, o “casal real” da música independente brasileira, Marcelo Camello e Mallu Magalhães, do outro o percussionista mais polivalente e afamado da nossa praça, Fred Ferreira, todos pessoas que dispensam apresentações (mas caso sejam mesmo, mesmo, MESMO necessárias, as palavras-chave “Los Hermanos”, “Sou/Nós”, “Pitanga”, “Buraka Som Sistema”, “Orelha Negra”, “todos brilhantes” deverão levar-vos a bom porto). Ao centro está uma cidade, Lisboa, um projecto, a Banda do Mar, e um disco, homónimo, lançado em Agosto passado. A propósito deste trio, deste registo e dos dois concertos completamente esgotados no Tivoli na semana que vem (terça-feira, dia 27, e quarta-feira, dia 28, bilhetes indisponíveis nos locais habituais), fomos ouvir o que eles tinham para nos dizer. O resultado está à vista e cai que nem ginjas.

Porquê “Banda do Mar”?
Mallu Magalhães (MM): Passámos muito tempo procurando o nome, um que, ao ser sugerido, grudasse, criasse raiz e incorporasse a banda. O Mar é essa imensidão de possibilidades, e a interpretação acaba por dizer mais sobre o intérprete do que sobre o interpretado. É lindo assistir às teorias que fazem para um nome tão simples. Quanto mais simples, mais possível, mais amplo, maior. Nosso som é meio isso, também.
Este projecto marca também o regresso do Marcelo a uma banda; não temem as inevitáveis comparações aos Los Hermanos?
Marcelo Camelo (MC): Não, não acho que sejam inevitáveis. São dois projectos separados pelo tempo e com pessoas diferentes, músicas diferentes. O público é diverso, composto por pessoas diferentes. Há gente que acompanhou a banda, há quem não conheça e volte até ela por causa da Banda do Mar, há quem não goste de uma e goste de outra, como sempre há gente p’ra tudo.
MM: Eu e o Fred somos grandes fãs dos Los Hermanos. Sempre fomos e sempre seremos. Música não é competição. Como diz o Criolo, “ o sol é muito grande, tem lugar para todo o mundo”.

Recentemente passaram todos a morar em Lisboa, depois do Marcelo e da Mallu se terem mudado de armas e bagagens para cá; que influência teve a cidade na sonoridade “tons de sépia” que ouvimos neste disco?
MC: Isso está sempre presente, acho eu. A geografia da cidade está por detrás das escolhas, orientando nossas acções sem que a gente perceba. Uma obra que não se deixa embeber pelo entorno está sufocada, sem oxigénio.
Para além dos Beatles, cuja influência parece omnipresente ao longo de todo o álbum, que referências trouxeram vocês para este disco? O que é que inspirou cada um dos três?
Fred (F): Toda a música nova que temos ouvido; eu, particularmente, ouvi muito as coisas do Nick Nicotine, por exemplo, que é um grande amigo meu e uma pessoa que admiro muito.
Este é um álbum cheio de doçura, quase impróprio para diabéticos; estiveram todos em sintonia durante o processo de criação do disco, como a sonoridade parece indicar, ou este foi um álbum difícil de fazer?
F: Não foi difícil, mas ficámos uns bons seis meses em estúdio a tentar chegar ao que queríamos. A ajuda do Hugo Santos, do Pedro Gerardo e do Victor Rice também foi muito importante.
Em relação ao alinhamento do registo, é notória uma dinâmica muito curiosa que se vai impondo ao longo do disco, e que mostra a Mallu e o Marcelo a trocarem o “protagonismo” vocal de uma forma interpolada em quase todas as canções; este esquema “ele canta – ela canta – ele canta” foi pensado de forma prévia ou foi simplesmente fruto do acaso?
Marcelo: Tentamos manter esse equilíbrio de composições e por isso do canto de cada um. Achámos que contribuía pra criar uma dinâmica que nós gostamos, que traz luz p’ra ambos os jeitos de compor.
As canções deste álbum centram-se muito em relações e relacionamentos amorosos. É um tema que vos interessa explorar?
Mallu: O que nos afecta nos faz cantar. Para bem, para mal, para mais ou menos... E o amor, claro, é uma enorme chama.
Andaram a apresentar o álbum pelo Brasil; para além dos concertos no Tivoli, quando é que vamos poder ver a Banda do Mar ao vivo neste lado do Atlântico?
Mallu: Faremos a turnê em Portugal por esse ano. Por enquanto, já confirmámos Faro (13/02), Guimarães (21/02), Beja (28/02), Ílhavo (07/03), Ponta Delgada (14/03), Ovar (15/05) e Braga (16/05). Agora é aguardar mais datas confirmadas e os festivais.
Depois de acabadas as apresentações do álbum, que desenvolvimentos podemos esperar para esta Banda do Mar?
Fred: Depois com certeza vamos tirar umas férias, fazer outros discos sozinhos e, quem sabe, daqui a uns tempos outro todos juntos.
João MoraisMallu Magalhães (MM): Passámos muito tempo procurando o nome, um que, ao ser sugerido, grudasse, criasse raiz e incorporasse a banda. O Mar é essa imensidão de possibilidades, e a interpretação acaba por dizer mais sobre o intérprete do que sobre o interpretado. É lindo assistir às teorias que fazem para um nome tão simples. Quanto mais simples, mais possível, mais amplo, maior. Nosso som é meio isso, também.
Este projecto marca também o regresso do Marcelo a uma banda; não temem as inevitáveis comparações aos Los Hermanos?
Marcelo Camelo (MC): Não, não acho que sejam inevitáveis. São dois projectos separados pelo tempo e com pessoas diferentes, músicas diferentes. O público é diverso, composto por pessoas diferentes. Há gente que acompanhou a banda, há quem não conheça e volte até ela por causa da Banda do Mar, há quem não goste de uma e goste de outra, como sempre há gente p’ra tudo.
MM: Eu e o Fred somos grandes fãs dos Los Hermanos. Sempre fomos e sempre seremos. Música não é competição. Como diz o Criolo, “ o sol é muito grande, tem lugar para todo o mundo”.

Recentemente passaram todos a morar em Lisboa, depois do Marcelo e da Mallu se terem mudado de armas e bagagens para cá; que influência teve a cidade na sonoridade “tons de sépia” que ouvimos neste disco?
MC: Isso está sempre presente, acho eu. A geografia da cidade está por detrás das escolhas, orientando nossas acções sem que a gente perceba. Uma obra que não se deixa embeber pelo entorno está sufocada, sem oxigénio.
Para além dos Beatles, cuja influência parece omnipresente ao longo de todo o álbum, que referências trouxeram vocês para este disco? O que é que inspirou cada um dos três?
Fred (F): Toda a música nova que temos ouvido; eu, particularmente, ouvi muito as coisas do Nick Nicotine, por exemplo, que é um grande amigo meu e uma pessoa que admiro muito.
Este é um álbum cheio de doçura, quase impróprio para diabéticos; estiveram todos em sintonia durante o processo de criação do disco, como a sonoridade parece indicar, ou este foi um álbum difícil de fazer?
F: Não foi difícil, mas ficámos uns bons seis meses em estúdio a tentar chegar ao que queríamos. A ajuda do Hugo Santos, do Pedro Gerardo e do Victor Rice também foi muito importante.
Em relação ao alinhamento do registo, é notória uma dinâmica muito curiosa que se vai impondo ao longo do disco, e que mostra a Mallu e o Marcelo a trocarem o “protagonismo” vocal de uma forma interpolada em quase todas as canções; este esquema “ele canta – ela canta – ele canta” foi pensado de forma prévia ou foi simplesmente fruto do acaso?
Marcelo: Tentamos manter esse equilíbrio de composições e por isso do canto de cada um. Achámos que contribuía pra criar uma dinâmica que nós gostamos, que traz luz p’ra ambos os jeitos de compor.

© Kenton Thatcher
As canções deste álbum centram-se muito em relações e relacionamentos amorosos. É um tema que vos interessa explorar?
Mallu: O que nos afecta nos faz cantar. Para bem, para mal, para mais ou menos... E o amor, claro, é uma enorme chama.
Andaram a apresentar o álbum pelo Brasil; para além dos concertos no Tivoli, quando é que vamos poder ver a Banda do Mar ao vivo neste lado do Atlântico?
Mallu: Faremos a turnê em Portugal por esse ano. Por enquanto, já confirmámos Faro (13/02), Guimarães (21/02), Beja (28/02), Ílhavo (07/03), Ponta Delgada (14/03), Ovar (15/05) e Braga (16/05). Agora é aguardar mais datas confirmadas e os festivais.
Depois de acabadas as apresentações do álbum, que desenvolvimentos podemos esperar para esta Banda do Mar?
Fred: Depois com certeza vamos tirar umas férias, fazer outros discos sozinhos e, quem sabe, daqui a uns tempos outro todos juntos.
joao.mvds.morais@outlook.com
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