ENTREVISTAS
Os Príncipes
Canções de nobreza
· 26 Set 2014 · 15:23 ·
Para príncipes, Jorge Queijo e Maria Mónica são pessoas bem familiarizadas com o povo. Ele é Torto, Evols, SSS-Q e uma quantidade interminável de projectos e colaborações. Ela é criadora de imagens para nomes como Blac Koyote ou SSS-Q, colaboradora do Serviço Educativo da Casa da Música e da Orquestra de Guitarras e Baixos Eléctricos. Juntos formam Os Príncipes e em 2014 lançam o seu disco de estreia. Foi gravado em casa e no estúdio da Sonoscopia (sonosstudio) e é uma edição limitada a 250 cópias feita pelos próprios (carimbada e serigrafada), numa uma edição conjunta com a Boom-chika-boom. São sete canções directas e melodiosas com letras de Maria Mónica e música dos dois. O concerto de apresentação do disco acontece já no próximo sábado, no Maus Hábitos (Porto). Antes disse fomos falar com os dois para saber melhor o que corre no sangues d'Os Príncipes.
© Carlos Lobo
Jorge, estás envolvido em muitos projectos mas nenhum tão, digamos, pop. É algo que sempre quiseste experimentar?
 
Jorge Queijo - Nunca esteve nos meus planos fazer canções, no caso d'Os Príncipes, o material foi surgindo muito naturalmente e embora tentássemos ir por campos mais experimentais a canção ficou sempre por cima. 
 
Maria, conhecemos o teu trabalho na área multimédia, digamos assim. Mas não conhecíamos a tua veia musical. Já alguma vez estiveste relacionada directamente com a música, no sentido de seres criadora?
 
Maria Mónica - A 'minha área multimédia' é realmente a mais mediática, mas sim, já tive experiências de criação musical de uma forma maioritariamente intimista e pessoal. Sempre tive uma relação muito próxima com a música, quer tenha sido por formação, em paralelo com o meu percurso académico, quer por relações pessoais e profissionais. De alguns anos para cá, foi inclusive na música que fiz carreira profissional, e, apesar de ser numa área mais formativa, nunca deixei de compor e de experimentar formas e instrumentos musicais. De qualquer forma, esta é primeira vez que me exponho verdadeiramente nesta vertente, como (co-criadora.
 
Como foi para ti esta experiência de fazer música com o Jorge, tendo em conta a experiência dele?
 
Maria Mónica - Esta experiência dilui-se muito com a nossa vivência. Fazemos muitos projectos em conjunto e conhecemos-nos muito bem. As ideias e concepções surgem muito naturalmente e encaixam-se com muita facilidade. Temos muito respeito e admiração pelo que o outro cria no seu estilo e ‘área’. Desta forma, cada um vive o seu mundo e, sem querer, vive o do outro. 

© Carlos Lobo

Como foi o processo de escrita deste disco? Foi algo muito demorado, custoso, fácil, complicado, rápido, intenso, intensivo, reflexivo?
 
Jorge Queijo - O processo foi demorado pela falta de tempo para nos focarmos apenas neste projecto, acabou por ser irregular no tempo, na forma de o fazer e no método. 
 
Maria Mónica - Um bocadinho de cada. Em relação às letras, por exemplo, acho que nenhuma foi feita da mesma forma nas diferentes canções. Algumas foram "repescagens" e adaptações de textos e frases que tinha em cadernos, outras surgiram em ensaios, outras, ainda, a ouvir riffs que o Jorge ia gravando. Também aconteceu ter letras que surgiram antes da música e darem ideias para a mesma (musicalmente). 
 
Que tipo de canções vos inspiraram? Ou seja, há alguma forma especifica de fazer canções que vos agrade, algo que possa ter entrado nos vossos ouvidos enquanto faziam este disco?
 
Maria Mónica - Não sentimos que tenhamos sido especialmente inspirados por alguma coisa em concreto. Apesar de haver enormes encontros, temos gostos musicais distintos no que toca a especialidades, vivências e memórias. O processo criativo é natural. Ou surge em "jams" de ensaios, ou é a Maria que apresenta uma ideia ou é o Jorge (sendo que normalmente da parte da Maria será uma melodia de voz ou uma ‘linha’ de baixo e da parte do Jorge é mais comum ser uma estrutura de uma musica na guitarra ou um riff). A partilha é, normalmente, um acrescento com sentido para nós.
 
Há mais alguém envolvido na criação e produção deste disco ou foi algo assumidamente intimista e gerado entre ambos apenas?
 
Maria Mónica - “Assumidamente intimista e gerado entre ambos apenas.”
 
Se tivessem de fazer um resumo do que dizem as letras dessas canções, o que nos diriam?
 
Maria Mónica - As letras das canções são essencialmente codificações da minha forma de ser e estar. Depende dos dias.
 
Jorge Queijo - Eu acho sempre que as letras são dedicadas a mim.
 
Imaginam este projecto a ocupar uma grande parte das vossas vidas?
 
Maria Mónica - Sim, temos uma constante vontade em compor e tocar juntos. Esperamos poder continuar a fazê-lo.
 
Apresentam este disco já no próximo sábado, no Maus Hábitos. O que nos podem contar acerca deste concerto?
 
Maria Mónica - Será uma estreia de muitos aspectos, não só do disco o que torna tudo muito mágico e nervoso. Temos convidados para 2 temas, quer a cantar quer a tocar. Temos muito prazer em fazê-lo e esperamos que corra bem. 
 
Jorge Queijo - Por ter sido um processo que demorou algum tempo (disco), vamos tocar vários temas que não fazem parte do mesmo.
 
O Prince já abençoou a vossa existência?
 
[risos]
André Gomes
andregomes@bodyspace.net
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