ENTREVISTAS
Van Ayres
Off The Wall
· 24 Abr 2014 · 11:19 ·
Rafael Ayres nasceu em 1994, estudou na António Arroio, e podem consultar os trabalhos dele no website da Cargo Collective. Naquilo que nos interessa, a música, Rafael Ayres pertence à geração pós-Internet, algo que sobressai quando escutamos coisas como Crianças A Boiar (ainda sob o moniker Uli); um emaranhado de electrónica hipnagógica, inclassificável, de produção caseira e tão estranha e inocente quanto o é fascinante (inocência essa que vemos igualmente nas respostas que se seguem. Houvesse mais gente assim). Depois de editar o supracitado registo no ano passado e mais dois pares de canções já este ano, Van Ayres lança Green Shirt, disco entretanto disponibilizado (por isso ignorem a pergunta 8) no Bandcamp, que será apresentado no Lounge já esta quinta. O mundo de Van Ayres, em discurso directo.
Quem és tu e qual é o teu objectivo na vida?

Olá, sou um puto de 20 anos, gosto de desenhar e de fazer música. O meu objectivo na vida não o sei; é aprender algumas cenas e tentar estar na boa com o que existe (é que não gosto de stress). Isto é tudo relativo... temos é de passar good times uns com os outros. Mas quero aprender a ser auto-sustentável, viajar e ir fazendo cenas. Esqueçam a guerra e as bombas atómicas, é mesmo mega lame e não serve de nada.

Qual é a diferença entre Van Ayres e Van Helsing?

Ahah, sei lá... ele tem armas e mata vampiros, eu tenho um PC e passo a vida na net a anhar. Ele é mais boss.

Começaste como Ulimwengu, encurtaste para Uli, agora és Van Ayres. É este último a tua identidade em definitivo?

Aaaaa... por enquanto pode ser.



Como e porque é que começaste a fazer música? Que importância dás a música, de entre todos os teus outros projectos artísticos?

Isso é o meu maior dilema desde que entrei para a faculdade... não sei bem quais as percentagens de atenção que dou a cada coisa que eu faço, mas sei que quando estou focado em algo que esteja a fazer estou mesmo a dar tudo o que tenho para [cumprir] a tarefa. A música, ou o som, para mim é um sítio onde não tenho restrições por parte de ninguém, e gosto disso. Comecei a tocar já há algum tempo, de início com uma banda, mas depois com os percursos escolares a divergirem fomos-nos afastando. Ainda passei por alguns projectos musicais, mas o problema foi que o nível de dedicação que cada pessoa prestava à banda variava muito... [então] para não ter algum tipo de compromisso ou responsabilidade comecei a fazer as coisas sozinho. Não sei se é mesmo a melhor maneira, mas é a única até agora que me permite fazer as coisas deste modo. Mas ya, man... é que do nada começam a surgir imensas coisas nesta área e se calhar devia aprofundar mais. Mas faz parte de mim fazer bem várias cenas ao mesmo tempo.

Onde é que gravaste estas canções e a que tipo de equipamento recorreste?

Uso o FL Studio e às vezes gravo no Audacity, ando sempre de um para o outro. O equipamento a que recorro depende muito das músicas, mas tenho alto synth Yamaha DJX. Às vezes uso uma caixa de efeitos - Vox Valvetronix Tone Lab. Mas não tenho uma maneira de gravar definida, que eu até curtia ter... porque, às vezes, parece que 'tou sempre a andar por percursos diferentes e não consigo aprofundar ou ser mais eficaz naqueles caminhos que eu já conheço.

Boat, sand, turquoise, pirate, sea. Crianças A Boiar, Menino Peixe Espada e Ciganos do Mar. Porquê este fascínio com a água?

É natural: gosto de piratas, e barcos, e praia, e paisagens, e de muitas outras coisas.

Tens duas canções intituladas "Gameboy Memory". Assim sendo: Super Mário ou Pokémon?

Eu sempre quis jogar Super Mário, mas foram poucas as vezes que tive esse jogo na mão. Por isso, ya, Pokémon... [o] Red foi o primeiro, depois passei para o Yellow porque perdi o meu Gameboy verde com a cassete vermelha - até hoje não faço a mínima como é que aquilo desapareceu, foi de um dia para o outro. Mas shout-out para o Wario Land 3, alto jogo. O Snorlax é o mais boss, também. Tinha um mini peluche dele e não sei onde está...



Para já só temos acesso, no teu Bandcamp, ao Crianças A Boiar e a uma mão cheia de canções. Está prevista mais alguma coisa para breve?

Sim, está: esta semana, provavelmente, hoje ou amanhã vou por na net um mini álbum. Quero mandar props para o Leio da Cafetra Records que me ajudou a masterizar aquela cena toda, ficou bué melhor, obrigado! Get ready or die trying to get ready to try getting dead...

Que ideologia está por detrás de keep it fake?

Uma ideologia cromática.

E o que é que têm feito os Plasma?

Os Plasma sou eu e uma amiga minha chamada Sara Graça, que é mesmo linda. Começámos a tocar a brincar há uns dois anos, só que depois fomos para sítios diferentes para estudar e não é muito comum tocarmos juntos, mas ela é uma pessoa [com a qual] estou mesmo à vontade para tocar. Por enquanto estamos debaixo do mesmo sol e da mesma lua mas em diferentes ilhas... acho que quando o barco da Grape chegar vamos fazer algo mesmo fixe!
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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