ENTREVISTAS
Purling Hiss
Fzzzzt
· 04 Mai 2013 · 16:51 ·
Mike Polizze era um miúdo. Um dia, tornou-se num miúdo com uma guitarra - algo mais perigoso do que qualquer bomba, atómica ou de outra estirpe. Começou a tocar, gravar, deu nome ao conteúdo, nome esse que remete para o belo ruído do feedback eterno que assombra o rock n' roll, o bom. Sucedem-se discos: 2009, 2010, 2011, pelo meio uma espécie de box set do passado sob a forma de Public Service Announcement, onde se aproxima de terrenos próximos de Ariel Pink, por contraste com a fodenga ácida geral de Hissteria ou do punk apopalhado de Water On Mars, o seu novo disco, editado este ano. Fez amizades ao longo do caminho, fez do projecto um trio, fez do trio um caso bastante sério. Mike Polizze, ou Purling Hiss, em entrevista ao Bodyspace.net.
Quando e como é que os Purling Hiss se tornaram no teu projecto a solo? Qual é a melhor e a pior coisa de agora serem uma banda?

Há dez anos que gravo as minhas canções em casa, mas chamei a uma gravação em particular, em 2008, Purling Hiss. A melhor parte de ser uma banda é poder fazer jams com outras pessoas, e tocar ao vivo. Gravar em casa é bastante divertido, mas ter uma banda é muito melhor. Há tantas coisas a retirar...

O Public Service Announcement, apesar de ter sido editado em 2010, é na verdade das primeiras coisas que gravaste, certo? O que é que esperavas alcançar com estas canções, e como é que foste mudando gradualmente o teu som? Que te inspirou mais enquanto as gravavas?

Gravei isso em 2007. Estava apenas a documentar ideas que tinha para canções, e fi-lo, basicamente, num take, para cada instrumento. As canções são mais pop mas continuam psicadélicas. São menos desorientadas e mais estruturadas, mas o conteúdo e as letras (desculpem, mal se ouvem...) vêm do coração, de um tempo em que procurava resolver uma série de coisas pessoais.



O que mais salta à vista no teu novo LP - Water On Mars - é que tem um som muito mais polido, por oposição às jams psicadélicas, barulhentas, dos teus primeiros discos. Foi uma escolha criativa deliberada, ou aconteceu porque tiveste a oportunidade de ir para um melhor estúdio e, por conseguinte, usar melhor equipamento para gravar em vez de um quatro pistas?

É uma evolução totalmente natural para mim, e para nós, enquanto banda. Adoro o material antigo, mas eram essencialmente demos que me garantiram uma editora e uma banda. Continuo bastante orgulhoso de tudo, enquanto canções e enquanto afirmação artística, mas agora tenho uma banda e mesmo que seja o principal compositor quis captar-nos como somos agora.

Como é que acabou na Drag City?

Contactaram-nos e perguntaram se queríamos fazer um disco...

A primeira canção [Lolita] é inspirada pelo livro do Nabokov? Que tens andado a ler?

Na verdade não, mas esse está numa lista de livros que quero ler. Por agora ando em volta do Meridiano de Sangue, do Cormac McCarthy.

Sei que andaste em digressão com o Kurt Vile. Como é que isto aconteceu?

Ele convidou-nos para uma digressão pelos E.U.A., em 2010. Somos amigos há algum tempo, e tocámos juntos várias vezes com a minha outra banda, os Birds of Maya.



Que achas da actual cena psicadélica?

Não sei... às vezes uma banda pode ser psicadélica sem o ser constantemente. Acho que se torna parolo quando as pessoas se levam muito a sério.

Que podemos esperar do teu concerto? Tens algum ritual antes de subir ao palco?

Vamos tocar muito material novo, e algumas coisas antigas. Estamos bastante entusiasmados! Quanto a rituais, por vezes bebemos um shot de tequila antes de entrar...

"Purling Hiss" é alguma "corrupção" do teu apelido? Parecem estranhamente similares...

Ha! Nunca tinha ouvido essa antes, é uma lufada de ar fresco por comparação a quando me perguntam se é uma antístrofe, que não é, mas que eu aceitava... "Purling Hiss" não tem nada a ver com o meu apelido; é algo que surgiu enquanto gravava o material antigo, e é uma referência a ruído branco.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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