ENTREVISTAS
Torto
Dois gordos e um queijo
· 22 Abr 2013 · 23:27 ·
© Miguel Oliveira
Dois anos até gravarem algo em estúdio. O que andaram a fazer?
Jorge Queijo: Não deixamos de ensaiar. Porém, fizemo-lo com menos regularidade e cada um esteve envolvido noutros projectos pessoais e em colaborações com outros músicos. Desde Setembro de 2012 voltamos com maior insistência para preparar o novo disco.
Levam as coisas com calma. A apresentação oficial do álbum é só em Junho. Puro perfeccionismo ou falta de tempo?
JQ: O disco vai ser gravado durante o mês de Maio. Ainda não há data para a apresentação.
Vêm de projectos variados, inclusive de géneros bastante distintos. Como se encontraram?
JQ: Eu conheci musicalmente o Coelho e o Miguel quando tocamos juntos numa banda chamada Andrew Thorn, Quando a banda acabou decidimos continuar num outro formato.
Torto não soa a nenhuma das bandas em que estiveram envolvidos. De que forma conjugaram as vontades dos três?
JQ: Reina a boa vontade de todos e isso faz a diferença (neste caso).
Ser instrumental foi uma decisão tomada a priori ou foram descobrindo, durante as experimentações, que a voz não acrescentaria nada? O Miguel canta em NACO...
JQ: Nunca foi necessária.
O disco é homónimo. Sem letras, onde se inspiram para os títulos? Alguns soam a aleatoriedade.
JQ: Os títulos vêm depois, por vezes é mera estupidez de banda.....
Jorge Coelho: O facto de estarmos a fazer música sem palavras parece afectar também a capacidade de dar nomes às músicas. Ainda por cima não querendo cair na tentação dos trocadilhos...
A escolha do nome, Torto, está relacionada com Tortoise? Se não, qual é a origem?
JC: Respondo eu a esta. Acho que o nome é culpa minha. Problema que teve que ser resolvido no momento em que a coisa passou a ter que ter um nome. Algo que lhe é imposto, imposto à música que vivia já sem ele. Torto surgiu naturalmente porque eu usava e uso a palavra constantemente para falar de música, da minha. Tinha já dado o nome de Olho Torto a um pequeno EP digital para a Lovers. É uma ideia rebuscada de um olho pineal que usamos para entortar o que fazemos. E logo ficou evidente que, sendo coisa sem voz, apareceria a relação com Tortoise, que será sempre o caminho mais curto. Não há forma de escapar dessas relações e também não vejo que nos deva preocupar. Terá tanto a ver como com tanta outra música.
Ao longo destes dois anos não tocaram muito frequentemente ao vivo. Alguma razão em especial?
JQ: A crise estética?
JC: Preguiça? Se não tocamos foi porque não fizemos por isso. Uma mistura eficiente de preguiça e falta de jeito. Porque nos começamos a mexer e as coisas começam a aparecer. Talvez porque estávamos os 3 com a cabeça noutras coisas e estamos claramente aqui, hoje.
Apesar disso, estiveram no Milhões de Festa e na Casa da Música. Não havendo propriamente uma gravação de estúdio, que tipo de feedback receberam por parte do público? De alguma forma isso torna a música e consequentes reacções mais espontâneas?
JQ: Ainda não consegui perceber o que falta para sermos uma grande banda.
JC: Uma banda grande! Com muitas caixas e papéis com carimbos.
Consideram que a sonoridade dos Torto acrescenta algo ao panorama musical português? Uma das tag's no vosso bandcamp é "avant-rock". O que entendem por tal ideia?
JQ: Torto insere-se num universo de música instrumental que precisa de alguma predisposição para tal. Não é música de consumo fácil e que se deve servir ao vivo o máximo de vezes possível.
JC: Acrescenta algo ao panorama universal porque só os três é que chegámos aquele som. É um facto. Se isso é um mérito em si, já será outra discussão.
Optaram por uma serigrafia para o artwork do disco. Qual é o conceito da capa? O certo abstraccionismo vai ao encontro das quatro composições?
JC: Quem fez ouviu e fez assim. Pereceu-nos muito bem. Depois podemos fabricar todas as explicações mas foi algo bastante simples.
Novidades?
JC: Vamos ter agora alguns concertos, gravar um disco e mais concertos a partir do final de verão. Entretanto estamos mesmo a acabar uma não-edição com a Lovers de um tema longo que gravamos com dois do Srosh, o Gustavo Costa e o Henrique Fernandes. Que umas coisas alimentem as outras. E provavelmente começaremos a pensar em coisas novas entretanto. Neste momento somos assaltados por uma sensação curiosa de satisfação só por ensaiarmos e darmos tempo ao trabalho.
Alexandra João MartinsJorge Queijo: Não deixamos de ensaiar. Porém, fizemo-lo com menos regularidade e cada um esteve envolvido noutros projectos pessoais e em colaborações com outros músicos. Desde Setembro de 2012 voltamos com maior insistência para preparar o novo disco.
Levam as coisas com calma. A apresentação oficial do álbum é só em Junho. Puro perfeccionismo ou falta de tempo?
JQ: O disco vai ser gravado durante o mês de Maio. Ainda não há data para a apresentação.
Vêm de projectos variados, inclusive de géneros bastante distintos. Como se encontraram?
JQ: Eu conheci musicalmente o Coelho e o Miguel quando tocamos juntos numa banda chamada Andrew Thorn, Quando a banda acabou decidimos continuar num outro formato.
© Miguel Oliveira
Torto não soa a nenhuma das bandas em que estiveram envolvidos. De que forma conjugaram as vontades dos três?
JQ: Reina a boa vontade de todos e isso faz a diferença (neste caso).
Ser instrumental foi uma decisão tomada a priori ou foram descobrindo, durante as experimentações, que a voz não acrescentaria nada? O Miguel canta em NACO...
JQ: Nunca foi necessária.
O disco é homónimo. Sem letras, onde se inspiram para os títulos? Alguns soam a aleatoriedade.
JQ: Os títulos vêm depois, por vezes é mera estupidez de banda.....
Jorge Coelho: O facto de estarmos a fazer música sem palavras parece afectar também a capacidade de dar nomes às músicas. Ainda por cima não querendo cair na tentação dos trocadilhos...
A escolha do nome, Torto, está relacionada com Tortoise? Se não, qual é a origem?
JC: Respondo eu a esta. Acho que o nome é culpa minha. Problema que teve que ser resolvido no momento em que a coisa passou a ter que ter um nome. Algo que lhe é imposto, imposto à música que vivia já sem ele. Torto surgiu naturalmente porque eu usava e uso a palavra constantemente para falar de música, da minha. Tinha já dado o nome de Olho Torto a um pequeno EP digital para a Lovers. É uma ideia rebuscada de um olho pineal que usamos para entortar o que fazemos. E logo ficou evidente que, sendo coisa sem voz, apareceria a relação com Tortoise, que será sempre o caminho mais curto. Não há forma de escapar dessas relações e também não vejo que nos deva preocupar. Terá tanto a ver como com tanta outra música.
Ao longo destes dois anos não tocaram muito frequentemente ao vivo. Alguma razão em especial?
JQ: A crise estética?
JC: Preguiça? Se não tocamos foi porque não fizemos por isso. Uma mistura eficiente de preguiça e falta de jeito. Porque nos começamos a mexer e as coisas começam a aparecer. Talvez porque estávamos os 3 com a cabeça noutras coisas e estamos claramente aqui, hoje.
Apesar disso, estiveram no Milhões de Festa e na Casa da Música. Não havendo propriamente uma gravação de estúdio, que tipo de feedback receberam por parte do público? De alguma forma isso torna a música e consequentes reacções mais espontâneas?
JQ: Ainda não consegui perceber o que falta para sermos uma grande banda.
JC: Uma banda grande! Com muitas caixas e papéis com carimbos.
Consideram que a sonoridade dos Torto acrescenta algo ao panorama musical português? Uma das tag's no vosso bandcamp é "avant-rock". O que entendem por tal ideia?
JQ: Torto insere-se num universo de música instrumental que precisa de alguma predisposição para tal. Não é música de consumo fácil e que se deve servir ao vivo o máximo de vezes possível.
JC: Acrescenta algo ao panorama universal porque só os três é que chegámos aquele som. É um facto. Se isso é um mérito em si, já será outra discussão.
Optaram por uma serigrafia para o artwork do disco. Qual é o conceito da capa? O certo abstraccionismo vai ao encontro das quatro composições?
JC: Quem fez ouviu e fez assim. Pereceu-nos muito bem. Depois podemos fabricar todas as explicações mas foi algo bastante simples.
Novidades?
JC: Vamos ter agora alguns concertos, gravar um disco e mais concertos a partir do final de verão. Entretanto estamos mesmo a acabar uma não-edição com a Lovers de um tema longo que gravamos com dois do Srosh, o Gustavo Costa e o Henrique Fernandes. Que umas coisas alimentem as outras. E provavelmente começaremos a pensar em coisas novas entretanto. Neste momento somos assaltados por uma sensação curiosa de satisfação só por ensaiarmos e darmos tempo ao trabalho.
alexandrajoaomartins@gmail.com
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