ENTREVISTAS
Danças Ocultas
Concertina a quatro
· 04 Dez 2012 · 12:17 ·
O vosso nome surge da inexistência de uma dança associada à vossa música. Entretanto fizeram colaborações na área, nomeadamente com a Companhia Paulo Ribeiro e com o Ballet Gulbenkian. Como resultou a experiência?
Primeiro, a curiosidade no contacto com outros processos de criação artística usando as nossas próprias criações. Depois, o fascínio por estarmos a colaborar com interpretes de alto gabarito internacional, nomeadamente com o Ballet Gulbenkian, e percebermos a entrega e o fascínio deles próprios com nossa música.
Distanciaram-se da música folclórica, mesmo usando um instrumento quase intrínseco ao género. Como surgiu a ideia de reinventar o acordeão diatónico? Quais foram as consequências?
A abordagem estética inicial começou por ser uma "negação" da música folclórica como forma de tentar provar que o instrumento teria outras potencialidades não exploradas. Desta abordagem pela negativa, rapidamente passámos para uma construção de repertório pela positiva, perseguindo as vontades ocultas do próprio instrumento. Mas nunca houve da nossa parte o objectivo de reinventar o instrumento, até porque há outros contributos. Mais do que o instrumento, o que nos motiva é a própria música.
Numa fase inicial as composições eram todas assinadas por Artur Fernandes. Apesar disso, Danças Ocultas foi sempre um projecto colectivo?
Danças Ocultas foi um projecto colectivo desde o primeiro instante. A questão de quem desempenhou primeiro determinada tarefa - seja de criação, de produção, de ensaio ou outras - foi-se devendo a competências que cada um foi adquirindo com o crescimento do projecto.
Para o vosso segundo disco, A, criam uma nova variante do instrumento: concertina-baixo. De que necessidades surge esta construção? Qual foi o processo?
A concertina-baixo surge da necessidade harmónica de ter a totalidade cromática nas notas graves. Partiu-se de uma concepção artesanal muito simples: acoplando duas partes esquerdas a um mesmo fole e subindo meio tom a cada nota do lado direito, ficámos assim com a totalidade cromática. A partir deste protótipo, solicitámos depois a um construtor o fabrico de um instrumento novo respeitando aquela concepção.
Foram também tempos das primeiras internacionalizações. Os países que percorreram a actuar influenciaram as vossas composições posteriores?
Sim, porque nos deram uma visão mais cosmopolita da música. Isso foi concretizado no álbum Pulsar, em temas como “Sirocco", "Porto Seguro", "Sorriso", entre outros.
O terceiro trabalho, Pulsar, demora alguns anos a chegar mas traz consigo várias colaborações como Maria João e Mário Laginha ou Gaiteiros de Lisboa. Foi meramente uma partilha da vossa música ou sentiram que o uso de um instrumento único poderia, em algum caso, limitar a vossa criatividade?
Foi essencialmente a partilha da nossa música com outras sonoridades, tentando provar que as nossas criações transbordam o nosso próprio instrumento.
Tarab é o curioso nome do álbum lançado em 2009. O vosso objectivo, enquanto músicos e grupo, foi sempre atingir esse tal estado de elevação espiritual em simultaneidade com o público? Sentem tê-lo atingido?
Quando tocamos ao vivo é, sem dúvida, um objectivo importante. Felizmente sentimos que o temos atingido frequentemente!
Em 2011 é a vez de Alento, uma espécie de best of. Depois de mais de 20 anos de carreira existe a necessidade de reunir o que de melhor fizeram? O que mudou desde o primeiro CD?
A colectânea Alento reúne, num único objecto, o repertório que mais foi tocado ao vivo nestes anos de carreira, o essencial das nossas criações dispersas por quatro álbuns de originais.
Vão fazer um ciclo de concertos com Dom La Lena. O que haverá de diferente nestas actuações?
Esta digressão faz o remate a dois anos muito intensos com cerca de 50 concertos em 14 países. Haverá uma partilha de repertórios entre nós e a Dom La Nena. O alinhamento será centrado no Alento.
Alexandra João MartinsPrimeiro, a curiosidade no contacto com outros processos de criação artística usando as nossas próprias criações. Depois, o fascínio por estarmos a colaborar com interpretes de alto gabarito internacional, nomeadamente com o Ballet Gulbenkian, e percebermos a entrega e o fascínio deles próprios com nossa música.
Distanciaram-se da música folclórica, mesmo usando um instrumento quase intrínseco ao género. Como surgiu a ideia de reinventar o acordeão diatónico? Quais foram as consequências?
A abordagem estética inicial começou por ser uma "negação" da música folclórica como forma de tentar provar que o instrumento teria outras potencialidades não exploradas. Desta abordagem pela negativa, rapidamente passámos para uma construção de repertório pela positiva, perseguindo as vontades ocultas do próprio instrumento. Mas nunca houve da nossa parte o objectivo de reinventar o instrumento, até porque há outros contributos. Mais do que o instrumento, o que nos motiva é a própria música.
© Rita Carmo
Numa fase inicial as composições eram todas assinadas por Artur Fernandes. Apesar disso, Danças Ocultas foi sempre um projecto colectivo?
Danças Ocultas foi um projecto colectivo desde o primeiro instante. A questão de quem desempenhou primeiro determinada tarefa - seja de criação, de produção, de ensaio ou outras - foi-se devendo a competências que cada um foi adquirindo com o crescimento do projecto.
Para o vosso segundo disco, A, criam uma nova variante do instrumento: concertina-baixo. De que necessidades surge esta construção? Qual foi o processo?
A concertina-baixo surge da necessidade harmónica de ter a totalidade cromática nas notas graves. Partiu-se de uma concepção artesanal muito simples: acoplando duas partes esquerdas a um mesmo fole e subindo meio tom a cada nota do lado direito, ficámos assim com a totalidade cromática. A partir deste protótipo, solicitámos depois a um construtor o fabrico de um instrumento novo respeitando aquela concepção.
Foram também tempos das primeiras internacionalizações. Os países que percorreram a actuar influenciaram as vossas composições posteriores?
Sim, porque nos deram uma visão mais cosmopolita da música. Isso foi concretizado no álbum Pulsar, em temas como “Sirocco", "Porto Seguro", "Sorriso", entre outros.
O terceiro trabalho, Pulsar, demora alguns anos a chegar mas traz consigo várias colaborações como Maria João e Mário Laginha ou Gaiteiros de Lisboa. Foi meramente uma partilha da vossa música ou sentiram que o uso de um instrumento único poderia, em algum caso, limitar a vossa criatividade?
Foi essencialmente a partilha da nossa música com outras sonoridades, tentando provar que as nossas criações transbordam o nosso próprio instrumento.
Tarab é o curioso nome do álbum lançado em 2009. O vosso objectivo, enquanto músicos e grupo, foi sempre atingir esse tal estado de elevação espiritual em simultaneidade com o público? Sentem tê-lo atingido?
Quando tocamos ao vivo é, sem dúvida, um objectivo importante. Felizmente sentimos que o temos atingido frequentemente!
© Rita Carmo
Em 2011 é a vez de Alento, uma espécie de best of. Depois de mais de 20 anos de carreira existe a necessidade de reunir o que de melhor fizeram? O que mudou desde o primeiro CD?
A colectânea Alento reúne, num único objecto, o repertório que mais foi tocado ao vivo nestes anos de carreira, o essencial das nossas criações dispersas por quatro álbuns de originais.
Vão fazer um ciclo de concertos com Dom La Lena. O que haverá de diferente nestas actuações?
Esta digressão faz o remate a dois anos muito intensos com cerca de 50 concertos em 14 países. Haverá uma partilha de repertórios entre nós e a Dom La Nena. O alinhamento será centrado no Alento.
alexandrajoaomartins@gmail.com
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