ENTREVISTAS
Nice Weather For Ducks
O indie-pop dos cisnes
· 20 Abr 2012 · 10:04 ·
© Ricardo Graça
A celebração e simplicidade são dois dos ingredientes principais da sonoridade dos Nice Weather for Ducks. Vindos de Leiria, onde “qualquer barracão (...) é uma sala de concertos”, estes cinco jovens adultos já contam com dois anos de existência mas só agora, em 2012, lançaram a sua primeira gravação Quack!, produzido por João Santos dos Allstar Project e posteriormente acolhido pela Optimus Discos. Escolheram o nome numa noite de copos, querem tocar em vários pontos do mundo e em palco já personificaram um cabide em forma de coelho, o Rui. São donos de canções de refrões cativantes e fáceis de memorizar, que vagabundeiam entre coros de inspiração africana, percussões a lembrar Vampire Weekend e os sintetizadores mais fofos do experimentalismo contemporâneo. Não cantam Hollywood, mas “Bollywood”. Não são os patinhos feios da música nacional. Antes pelo contrário.
Então e hoje está bom tempo?

Hugo Domingues - Está! Ultimamente o tempo tem estado sempre bom. E mesmo quando o tempo parece estar a piorar, se a banda sonora e a companhia forem boas… O tempo é sempre bom.

A música de Lemon Jelly é a única explicação para o vosso nome?

Diego Alonso - É, sobretudo aquele videoclipe psicadélico e os seus efeitos secundários às tantas da manhã quando estás a tentar decidir no meio de uma lista de nomes mais ou menos péssimos.

Bruno Domingues – Numa noite de copos, começou a música e o vídeo e era aquilo. Não havia volta a dar.

Quem são os Nice Weather for Ducks?

Tiago Domingues- São um grupo de amigos que gosta de fazer música. Eu sou o baterista, para além de condutor e mecânico, o meu irmão Hugo toca baixo, às vezes guitarra, estuda economia e precisa de um corte de cabelo entretanto, o Bruno está encarregue das teclas, do omnichord e de algumas vozes e tem a chave da nossa sala de ensaios no Clube Recreativo da Carreira, o Diego toca guitarra e às vezes vai ao baixo e ao glockenspiel e precisa de um amplificador novo entretanto que estamos fartos de carregar aquele mono e o Luís encarrega-se da guitarra e de uma série de teclas e botões, canta na maioria dos temas e precisava de ganhar mais uns quilos. Depois no verso do nosso CD podem espreitar as restantes pessoas que pertencem à família Nice Weather For Ducks!

São todos amigos de longa data, menos o Luís Jerónimo. Há quanto tempo tocam juntos?

Luís Jerónimo - Todos juntos tocamos há dois anos. Mas o Bruno, o Diego e o Tiago já tinham tido bandas antes. E na verdade, acho que dois anos já dá para nos considerarmos todos amigos de longa data.

© Ricardo Graça

Já tinham alguma experiência com bandas antes de Nice Weather For Ducks?

Diego Alonso - Sim, já! Apesar de nenhum de nós ter formação musical, com a excepção do Tiago que teve aulas de bateria todos começámos com bandas anteriores. Umas de covers outras de originais, mas sim, todos nos já tivemos bandas mas felizmente nunca nenhuma gravou qualquer disco. [risos]. Para além disso o Luís também faz parte dos Team Maria.

Já este ano lançaram o vosso primeiro álbum Quack!. Como correram as gravações?

Luís Jerónimo - As gravações correram muito bem. Foi tudo muito rápido, um fim de semana numas águas furtadas nos arredores de Leiria com dois ou três takes para cada tema e em registo de ensaio com todos a tocarem ao mesmo tempo. Depois foi só gravar as vozes e um ou outro instrumento mas foi calmo e tranquilo, entre amigos, com o processo a ser conduzido pelo João Santos (dos Allstar Project e dos Slowriders).

Foi lançado pela Optimus Discos. Que vantagens advieram daí?

Bruno Domingues – O disco já estava gravado para uma editora de amigos que se criou em Leiria (a Omnichord Records) quando o primeiro single chegou ao ouvido do Henrique Amaro. Ele gostou e lançou o convite. Acabou por acelerar o processo e acho que a promoção à banda e ao trabalho ganhou outra dinâmica. É uma banda nova que não chega nem de Lisboa nem do Porto e que não está associada a nenhuma grande editora e toda a ajuda nesse sentido é muito positiva. Para além disso a possibilidade de fazer o download legal e gratuito do disco e de o poder comprar a um preço reduzido é importante nos dias de hoje.

Ainda esta semana tocam na FNAC de Leiria. Avizinha-se uma tour pelo país?

Hugo Domingues – Já fizemos oito ou nove FNACs e desde Évora a Guimarães, passando por Lisboa, Coimbra, Aveiro e Leiria já tivemos a oportunidade de fazer uma série de concertos que nos deixam cada vez mais confortáveis em palco. Agora nesta semana vamos ao Porto, à Praia do Pedrógão e à Semana Académica de Castelo Branco e temos alguns concertos marcados de Norte a Sul e do interior ao litoral. Até já apareceram dois contactos para poder ir a Espanha e à Bélgica mas vamos devagarinho e de mansinho e só esperamos tocar muito e bem.

© Ricardo Graça

Há surpresas para as performances ao vivo? O coelho que vos acompanhou no Curto Circuito faz parte do cenário de palco?

Tiago Domingues - Andamos a pensar em algumas coisas, isto para a primeira pergunta. Em relação à segunda, o Rui (que não gosta muito que o tratem por Coelho) foi a um dos nossos primeiros concertos para servir de cabide e acabou por se tornar um amigalhaço. Apresenta-nos miúdas, é o nosso três em um: mascote, psicólogo e roadie.

Lembro-me das bandas de Barcelos irem tocar a Leiria, por exemplo. Há mais bandas e muitos sítios para tocar?

Luís Jerónimo – Recordo-me bem desses concertos serem organizados por um amigo nosso. Basicamente, na nossa zona, qualquer barracão, ou vá, qualquer sede de um grupo desportivo é um local de concertos. Depois também há os locais com boas condições, como o Beat Club. Como tal é normal que hajam muitas bandas, nós somos mais uma das que nasceu com vontade de tocar em qualquer barracão. [risos] E se as coisas corressem bem poder ir ao Beat Club ou aos teatros da cidade. Nisso, o Fade In Festival já nos proporcionou as melhores salas e é por eles que muitas bandas nacionais e internacionais tocam na cidade.

Nunca pensaram em fazer uma versão d"Os Patinhos"?

Hugo Domingues – Por acaso nunca nos passou pela cabeça mas o tema não é mau e era capaz de dar um bom final. [risos]
Alexandra João Martins
alexandrajoaomartins@gmail.com

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