ENTREVISTAS
Glauco
Glaucose
· 31 Jan 2012 · 00:42 ·
Quem são os Glauco?
David Estêvão - Somos um trio de música instrumental composto por André No na bateria, Paulo Costa no vibrafone e steel drums e comigo no contrabaixo. Vive no Porto, ensaia e compõem na Baixa da cidade mais propriamente na Travessa de Cedofeita.
Como nasceu este grupo?
Paulo Costa - O grupo começou como quarteto em 2006 quando o André, o David e o Nelson (que tocava trompa) me convidaram para entrar no grupo, para dar continuidade a um projecto que eles tinham a musicar poesia. Eles já tinham algumas ideias que tinham usado nesse projecto e queriam continuar com um instrumento harmónico mas desta vez sem poesia. Quando entrei trouxe o nome ao grupo, que ainda não tinha, e acrescentei a minha parte aos temas. Chegamos a fazer alguns concertos, mas entretanto o Nelson saiu do grupo. Convidamos um saxofonista para substituir o Nelson que também acabou por abandonar o grupo ao fim de um ano de ensaios. Estávamos a meio de 2009 e um pouco cansados destas entradas e saídas de pessoal e então resolvemos ficar em trio e fazer adaptações aos temas para esta formação, foi um período muito produtivo pois acabamos por fazer boas adaptações e compor alguns temas novos.
André No - A ligação entre nós partiu inicialmente da vontade de eu e do David tocarmos juntos. Encontramos um espaço onde estudávamos, fazíamos sessões de experimentação com tudo o que íamos estudando isoladamente. Tinhamos uma vontade enorme de fazer música e crescer. Surgiu assim uma espécie de laboratório onde as composições começaram a ganhar forma e depois de um longo processo é aqui que estamos.
O ponto de partida da vossa música será o jazz, mas assume também diversas direcções. Como arriscariam definir o vosso som? Como arriscariam definir o vosso som?
D.E. - Ora bem, o jazz foi e não foi o nosso ponto de partida porque, apesar de todos nós ouvirmos jazz também ouvimos outros estilos, e ainda bem. Em relação a definir o nosso som, aí, têm importância as referências daquilo que cada um de nós ouve e aquilo de que gosta. Comparo por exemplo com o nome do projecto. Gostámos da palavra Glauco pelo seu significado, não só pela sua sonoridade, mas porque se refere a uma cor que não é uma só, é verde, azul e cinzento, é uma fusão como é a nossa música: são cores que se fundem mas não deixam de ser reconhecíveis entre si. É um azul estranho, o que veio a ser o nome do nosso primeiro album. Glauco designa uma cor que não é fácil de definir, tal como a nossa música não é fácil de designar e definir. No início estávamos à procura do que queríamos fazer e fazíamos muitas experiências, escolhíamos o que funcionava bem e íamos estruturando para formar temas. Criávamos ambientes diferentes feitos a partir da improvisação. As nossas composições apareceram, na maior parte das vezes, do nada: juntámo-nos na sala e começámos a tocar. Podia iniciar com um groove meu a que se juntava o André na bateria e o Paulo no vibrafone. O timbre dos instrumentos, o vibrafone e o steel drum, contrabaixo e bateria contribuem para o tipo de sonoridade que criamos. Quando não temos nada definido e temos que procurar começamos por nos ouvir uns aos outros, reagimos e vamos encontrando caminhos... ou não, porque às vezes não funciona. Este é o nosso modo de composição, desde o início, sem termos pensado que devíamos compor assim. As composições foram, quase todas, surgindo dessa forma espontânea, surge das ideias que cada um leva para a sala de ensaio e que se vão trabalhando.
A.N. - Não sei como definir a nossa música, pois nunca quisemos seguir nehuma corrente em especifico. As coisas iam surgindo naturalmente sem pensar em estilo. A nossa música vive de improvisação e esse foi o nosso ponto de partida. Se isso é jazz, então Glauco pode estar ligada ao jazz. Mas sinto uma boa fusão do nosso percurso e que é muito idêntico. Ambos estudamos clássico, crescemos no rock e estudamos jazz. Daí esta sonoridade.
Como se enquadram na cena jazz do Porto?
D.E. - De facto, não estamos enquadrados na cena de jazz do Porto que me parece muito fechada. O nosso projecto é bastante diferente do que se faz dentro da cena de jazz no Porto. Quando propomos tocar em certos locais onde existe música jazz ao vivo, onde poderíamos enquadrar-nos bem, não o conseguimos. Em contrapartida, outros espaços mais alternativos, também com música ao vivo, permitiram-nos apresentar a nossa música.
A.N. - Não sei muito bem, pois a tradição ainda está muito enraizada no Porto. Mas ao mesmo tempo no Porto sempre tivemos muito talento e grandes criadores. Por isso também acredito que se está a criar um novo espaço musical fresco e cheio de força de crescimento. Se os músicos se unirem e partilharem mais, este processo será mais rápido, variado e com mais qualidade. Terão assim de surgir novos espaços de música ao vivo, pois uma parte dos existents já estão viciados.
P.C. - Acho que saímos um bocadinho fora do normal do que se faz de jazz no porto, quer a nível de instrumentação utilizada quer a nível da maneira como abordamos os temas. Fazemos um jazz de autor e no Porto continua-se a ouvir standards por norma, embora já hajam alguns projectos de autor que se destacam.
Já editaram um primeiro disco. É o resultado fiel daquilo que têm trabalhado?
D.E. - Sim, já editámos o primeiro disco, uma edição de autor, chama-se Azul Estranho. É, sem dúvida, o resultado fiel do que trabalhámos. Já tínhamos os temas prontos há algum tempo, só estávamos à espera da altura certa para ir para estúdio. Gravámos na Quinta da Música com o João Ferraz que nos ajudou bastante: fez um bom trabalho de captação, mistura e de masterização, o que ajudou muito no resultado final.
P.C. - Sim, o disco foi todo gravado ao vivo no estúdio, excepto o sax no tema “Maré” e os brinquedos no tema “Barriga de Clara” que foram acrescentados depois. Nos concertos como normalmente não temos os convidados que participaram no disco fazemos umas pequenas adaptações.
Como têm recebido as reacções ao disco?
D.E. - Temos recebido bem porque, até agora, as pessoas que viram os espectáculos e as que ouviram o disco elogiam bastante o nosso som, dizem que é forte e, de certa forma, original. O que nos deixa contentes e nos põe a pensar porque na fase de criação dos temas nunca pensámos, de facto, que queríamos certo tipo de público ou seguir um estilo o que se nota nos temas, que são muito diferentes, apesar de se manter a sonoridade dos instrumentos, que são quase sempre os mesmos.
P.C. - Temos tido óptimas criticas, quer por parte da imprensa, quer por parte das pessoas que ouvem o disco e nos dão o seu feedback.
Têm tido vários concertos. Como têm corrido estas experiências ao vivo?
D.E. - Sim, alguns. Na minha opinião todos os concertos são experiências diferentes. Depende do ambiente, das pessoas, do nosso estado de espirito... Desde o primeiro concerto de apresentação do nosso disco até ao último, temos tido uma evolução bastante positiva e o público tem-se manifestado também de uma forma bastante boa.
P.C. - Muito bem, realmente é ao vivo que conseguimos passar melhor a mensagem.
Têm ideias para convidar outros músico para colaborações, com músicos portugueses e não só?
P.C. - Nada está fora de hipótese, temos algumas pessoas em vista para colaborarem connosco, mas só quando formos gravar outra vez é vamos pensar nisso mais seriamente.
D.E. - Quando pensamos na gravação do disco, já tínhamos a ideia de convidar certos músicos para gravar connosco, o que se concretizou com três músicos portugueses, o Paulo Gravato no saxofone, o Zé Miguel na guitarra eléctrica e o Bandeira no trombone. Sempre tivemos a ideia de acrescentar um quarto elemento ao nosso projecto. Quando começarmos a compor outra vez gostávamos de experimentar outros timbres, outras sonoridades, electrónica, samplers, guitarra eléctrica outro tipo de sopro. É um caso que ainda está em estudo.
A.N. – Sim, o nosso trio está aberto a novos timbres e boas propostas de valor. Neste disco tivemos a participação de bons amigos e músicos, escolhidos pelo timbre e pelo linguagem que se encaixava de uma forma perfeita. Para o próximo, durante o processo de composição iremos perceber se acrescentaremos um quarto elemento como referiu o David ou se faremos como em Azul Estranho. Já alguns músicos têm mostrado interesse em participar com Glauco, e nós também temos músicos com quem gostaríamos muito de trabalhar. O rumo das composições é que irão decidir as participações.
Quais os planos para os próximos tempos?
D.E. - Nos tempos mais próximos queremos tocar este disco. Naturalmente, vamos encontrar o espaço para compor outra vez, porque estamos cheios de vontade de compor temas novos e já temos algumas ideias gravadas. Depois, quando for possível, gravar outro disco. Agora, o essencial é mostrar a nossa música, dar a conhecer os Glauco.
P.C. - Já temos alguns concertos agendados para este ano, e vamos tentar tocar o máximo possível e reunir condições para gravar outra vez.
Nuno CatarinoDavid Estêvão - Somos um trio de música instrumental composto por André No na bateria, Paulo Costa no vibrafone e steel drums e comigo no contrabaixo. Vive no Porto, ensaia e compõem na Baixa da cidade mais propriamente na Travessa de Cedofeita.
Como nasceu este grupo?
Paulo Costa - O grupo começou como quarteto em 2006 quando o André, o David e o Nelson (que tocava trompa) me convidaram para entrar no grupo, para dar continuidade a um projecto que eles tinham a musicar poesia. Eles já tinham algumas ideias que tinham usado nesse projecto e queriam continuar com um instrumento harmónico mas desta vez sem poesia. Quando entrei trouxe o nome ao grupo, que ainda não tinha, e acrescentei a minha parte aos temas. Chegamos a fazer alguns concertos, mas entretanto o Nelson saiu do grupo. Convidamos um saxofonista para substituir o Nelson que também acabou por abandonar o grupo ao fim de um ano de ensaios. Estávamos a meio de 2009 e um pouco cansados destas entradas e saídas de pessoal e então resolvemos ficar em trio e fazer adaptações aos temas para esta formação, foi um período muito produtivo pois acabamos por fazer boas adaptações e compor alguns temas novos.
André No - A ligação entre nós partiu inicialmente da vontade de eu e do David tocarmos juntos. Encontramos um espaço onde estudávamos, fazíamos sessões de experimentação com tudo o que íamos estudando isoladamente. Tinhamos uma vontade enorme de fazer música e crescer. Surgiu assim uma espécie de laboratório onde as composições começaram a ganhar forma e depois de um longo processo é aqui que estamos.
O ponto de partida da vossa música será o jazz, mas assume também diversas direcções. Como arriscariam definir o vosso som? Como arriscariam definir o vosso som?
D.E. - Ora bem, o jazz foi e não foi o nosso ponto de partida porque, apesar de todos nós ouvirmos jazz também ouvimos outros estilos, e ainda bem. Em relação a definir o nosso som, aí, têm importância as referências daquilo que cada um de nós ouve e aquilo de que gosta. Comparo por exemplo com o nome do projecto. Gostámos da palavra Glauco pelo seu significado, não só pela sua sonoridade, mas porque se refere a uma cor que não é uma só, é verde, azul e cinzento, é uma fusão como é a nossa música: são cores que se fundem mas não deixam de ser reconhecíveis entre si. É um azul estranho, o que veio a ser o nome do nosso primeiro album. Glauco designa uma cor que não é fácil de definir, tal como a nossa música não é fácil de designar e definir. No início estávamos à procura do que queríamos fazer e fazíamos muitas experiências, escolhíamos o que funcionava bem e íamos estruturando para formar temas. Criávamos ambientes diferentes feitos a partir da improvisação. As nossas composições apareceram, na maior parte das vezes, do nada: juntámo-nos na sala e começámos a tocar. Podia iniciar com um groove meu a que se juntava o André na bateria e o Paulo no vibrafone. O timbre dos instrumentos, o vibrafone e o steel drum, contrabaixo e bateria contribuem para o tipo de sonoridade que criamos. Quando não temos nada definido e temos que procurar começamos por nos ouvir uns aos outros, reagimos e vamos encontrando caminhos... ou não, porque às vezes não funciona. Este é o nosso modo de composição, desde o início, sem termos pensado que devíamos compor assim. As composições foram, quase todas, surgindo dessa forma espontânea, surge das ideias que cada um leva para a sala de ensaio e que se vão trabalhando.
A.N. - Não sei como definir a nossa música, pois nunca quisemos seguir nehuma corrente em especifico. As coisas iam surgindo naturalmente sem pensar em estilo. A nossa música vive de improvisação e esse foi o nosso ponto de partida. Se isso é jazz, então Glauco pode estar ligada ao jazz. Mas sinto uma boa fusão do nosso percurso e que é muito idêntico. Ambos estudamos clássico, crescemos no rock e estudamos jazz. Daí esta sonoridade.
Como se enquadram na cena jazz do Porto?
D.E. - De facto, não estamos enquadrados na cena de jazz do Porto que me parece muito fechada. O nosso projecto é bastante diferente do que se faz dentro da cena de jazz no Porto. Quando propomos tocar em certos locais onde existe música jazz ao vivo, onde poderíamos enquadrar-nos bem, não o conseguimos. Em contrapartida, outros espaços mais alternativos, também com música ao vivo, permitiram-nos apresentar a nossa música.
A.N. - Não sei muito bem, pois a tradição ainda está muito enraizada no Porto. Mas ao mesmo tempo no Porto sempre tivemos muito talento e grandes criadores. Por isso também acredito que se está a criar um novo espaço musical fresco e cheio de força de crescimento. Se os músicos se unirem e partilharem mais, este processo será mais rápido, variado e com mais qualidade. Terão assim de surgir novos espaços de música ao vivo, pois uma parte dos existents já estão viciados.
P.C. - Acho que saímos um bocadinho fora do normal do que se faz de jazz no porto, quer a nível de instrumentação utilizada quer a nível da maneira como abordamos os temas. Fazemos um jazz de autor e no Porto continua-se a ouvir standards por norma, embora já hajam alguns projectos de autor que se destacam.
Já editaram um primeiro disco. É o resultado fiel daquilo que têm trabalhado?
D.E. - Sim, já editámos o primeiro disco, uma edição de autor, chama-se Azul Estranho. É, sem dúvida, o resultado fiel do que trabalhámos. Já tínhamos os temas prontos há algum tempo, só estávamos à espera da altura certa para ir para estúdio. Gravámos na Quinta da Música com o João Ferraz que nos ajudou bastante: fez um bom trabalho de captação, mistura e de masterização, o que ajudou muito no resultado final.
P.C. - Sim, o disco foi todo gravado ao vivo no estúdio, excepto o sax no tema “Maré” e os brinquedos no tema “Barriga de Clara” que foram acrescentados depois. Nos concertos como normalmente não temos os convidados que participaram no disco fazemos umas pequenas adaptações.
Como têm recebido as reacções ao disco?
D.E. - Temos recebido bem porque, até agora, as pessoas que viram os espectáculos e as que ouviram o disco elogiam bastante o nosso som, dizem que é forte e, de certa forma, original. O que nos deixa contentes e nos põe a pensar porque na fase de criação dos temas nunca pensámos, de facto, que queríamos certo tipo de público ou seguir um estilo o que se nota nos temas, que são muito diferentes, apesar de se manter a sonoridade dos instrumentos, que são quase sempre os mesmos.
P.C. - Temos tido óptimas criticas, quer por parte da imprensa, quer por parte das pessoas que ouvem o disco e nos dão o seu feedback.
Têm tido vários concertos. Como têm corrido estas experiências ao vivo?
D.E. - Sim, alguns. Na minha opinião todos os concertos são experiências diferentes. Depende do ambiente, das pessoas, do nosso estado de espirito... Desde o primeiro concerto de apresentação do nosso disco até ao último, temos tido uma evolução bastante positiva e o público tem-se manifestado também de uma forma bastante boa.
P.C. - Muito bem, realmente é ao vivo que conseguimos passar melhor a mensagem.
Têm ideias para convidar outros músico para colaborações, com músicos portugueses e não só?
P.C. - Nada está fora de hipótese, temos algumas pessoas em vista para colaborarem connosco, mas só quando formos gravar outra vez é vamos pensar nisso mais seriamente.
D.E. - Quando pensamos na gravação do disco, já tínhamos a ideia de convidar certos músicos para gravar connosco, o que se concretizou com três músicos portugueses, o Paulo Gravato no saxofone, o Zé Miguel na guitarra eléctrica e o Bandeira no trombone. Sempre tivemos a ideia de acrescentar um quarto elemento ao nosso projecto. Quando começarmos a compor outra vez gostávamos de experimentar outros timbres, outras sonoridades, electrónica, samplers, guitarra eléctrica outro tipo de sopro. É um caso que ainda está em estudo.
A.N. – Sim, o nosso trio está aberto a novos timbres e boas propostas de valor. Neste disco tivemos a participação de bons amigos e músicos, escolhidos pelo timbre e pelo linguagem que se encaixava de uma forma perfeita. Para o próximo, durante o processo de composição iremos perceber se acrescentaremos um quarto elemento como referiu o David ou se faremos como em Azul Estranho. Já alguns músicos têm mostrado interesse em participar com Glauco, e nós também temos músicos com quem gostaríamos muito de trabalhar. O rumo das composições é que irão decidir as participações.
Quais os planos para os próximos tempos?
D.E. - Nos tempos mais próximos queremos tocar este disco. Naturalmente, vamos encontrar o espaço para compor outra vez, porque estamos cheios de vontade de compor temas novos e já temos algumas ideias gravadas. Depois, quando for possível, gravar outro disco. Agora, o essencial é mostrar a nossa música, dar a conhecer os Glauco.
P.C. - Já temos alguns concertos agendados para este ano, e vamos tentar tocar o máximo possível e reunir condições para gravar outra vez.
nunocatarino@gmail.com
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