ENTREVISTAS
Liars
Mentir não é assim tão feio
· 21 Jul 2011 · 00:19 ·
Os Liars nunca foram uma banda que parasse num sítio específico. Mudam o vosso som de um disco para o outro, rejeitam a etiqueta dance-punk que vos deram... acham que é esta "indefinição" que vos define?
Acho que nos é mais natural. Não nos parece que mudemos a nossa forma de fazer discos com cada qual tanto quanto as ferramentas que usamos ou enfatizamos. Acho que a rotulagem chateava-nos mais quando éramos uma banda jovem com pouco trabalho feito que mostrasse os nossos interesses. Parece-me que essas etiquetas ajudam as pessoas a falar de discos diferentes.
Também foram adjectivados como art rock, e até se conheceram numa escola de artes... quão pensado é o vosso trabalho? Procuram criar algo que possa ser discutido e avaliado academicamente, ou não é mais que a simples canção pop - que pode, igualmente, ser encarada como arte?
Depositamos tudo nos Liars. Quanto mais tempo passa e mais trabalho produzimos, parece que as nossas intenções acabam quando lançamos o disco. Qualquer ligação, seja académica ou por prazer é-nos especial. Apesar de termos sensibilidades que vão de um espectro a outro, não sentimos tanto a necessidade de reiterar o que pretendíamos assim que o lançamos.
Pouco mais de dez anos passaram desde que formaram a banda. Qual considerariam a vossa maior conquista? Foi difícil acompanhar, criativamente falando (por exemplo, já passaram por algum período de bloqueio)?
Que tenhamos trabalhado juntos durante tanto tempo e desenvolvido uma maior compreensão mútua é a nossa maior conquista.
Que planeiam fazer a seguir, tanto a nível de banda como individualmente?
Eventualmente, um novo disco, e mantermo-nos focados nos Liars.
A press release do Sisterworld dizia que esse era «o próprio espaço dos Liars, completamente livre de influências». Diriam que a música que aí se ouve é o que poderemos definir como o "vosso" som, mais que noutro disco? O próximo álbum continuará nestes trilhos?
Não... nem sequer sei em que consistiria o "nosso" som. Estaria reluctante em afirmá-lo mesmo que tivesse alguma ideia, porque parece que acabaria com muitas interpretações.
O disco parece andar à volta da ideia de alienação. Acham-se outsiders? Sentem-se mais deslocados em L.A. que em qualquer outra cidade em que estiveram?
Talvez nos consideremos solitários por vezes, mas não diria outsiders... parece um clube social. Desde que continuemos a ser criativos acho que nos sentimos em casa em qualquer lado.
Considerando esta alienação, que acham da sociedade moderna em que todos estão ligados ao outro através da internet e das redes sociais? Estaremos progressivamente a rejeitar a individualidade?
É tudo uma ferramenta para ser utilizada, bem ou mal. Não estamos muito por dentro das redes sociais modernas, por isso não estamos qualificados para medir os efeitos negativos.
Já fizeram dois álbuns conceptuais, porém disseram numa entrevista que tal ideia vos dava medo... nesse caso, o Drum´s Not Dead e o They Were Wrong, So We Drowned foram "estórias" que sentiram ter de contar mesmo que criativamente tal vos assustasse? Sentiram, durante a criação do Sisterworld, que não é um álbum conceptual mas tem uma temática central, que pudesse ser encarado como um?
Acho que temos tentado relaxar um bocado nesse aspecto. Limitamo-nos a tentar que o álbum cumpra os nossos propósitos e esperar que comunique as nossas ideias.
Vão tocar num festival lendário em Portugal e noutro que não é assim tão bom, convidados pelos Portishead. Quais são as vossas expectativas? Têm algum ritual antes de tocar?
Os rituais normais de esvaziamento/desordem mental... alguns não tão normais.
Qual foi a melhor coisa que um fã vos disse após um concerto?
«Vocês soam a Primus».
Paulo CecílioAcho que nos é mais natural. Não nos parece que mudemos a nossa forma de fazer discos com cada qual tanto quanto as ferramentas que usamos ou enfatizamos. Acho que a rotulagem chateava-nos mais quando éramos uma banda jovem com pouco trabalho feito que mostrasse os nossos interesses. Parece-me que essas etiquetas ajudam as pessoas a falar de discos diferentes.
Também foram adjectivados como art rock, e até se conheceram numa escola de artes... quão pensado é o vosso trabalho? Procuram criar algo que possa ser discutido e avaliado academicamente, ou não é mais que a simples canção pop - que pode, igualmente, ser encarada como arte?
Depositamos tudo nos Liars. Quanto mais tempo passa e mais trabalho produzimos, parece que as nossas intenções acabam quando lançamos o disco. Qualquer ligação, seja académica ou por prazer é-nos especial. Apesar de termos sensibilidades que vão de um espectro a outro, não sentimos tanto a necessidade de reiterar o que pretendíamos assim que o lançamos.
Pouco mais de dez anos passaram desde que formaram a banda. Qual considerariam a vossa maior conquista? Foi difícil acompanhar, criativamente falando (por exemplo, já passaram por algum período de bloqueio)?
Que tenhamos trabalhado juntos durante tanto tempo e desenvolvido uma maior compreensão mútua é a nossa maior conquista.
Que planeiam fazer a seguir, tanto a nível de banda como individualmente?
Eventualmente, um novo disco, e mantermo-nos focados nos Liars.
A press release do Sisterworld dizia que esse era «o próprio espaço dos Liars, completamente livre de influências». Diriam que a música que aí se ouve é o que poderemos definir como o "vosso" som, mais que noutro disco? O próximo álbum continuará nestes trilhos?
Não... nem sequer sei em que consistiria o "nosso" som. Estaria reluctante em afirmá-lo mesmo que tivesse alguma ideia, porque parece que acabaria com muitas interpretações.
O disco parece andar à volta da ideia de alienação. Acham-se outsiders? Sentem-se mais deslocados em L.A. que em qualquer outra cidade em que estiveram?
Talvez nos consideremos solitários por vezes, mas não diria outsiders... parece um clube social. Desde que continuemos a ser criativos acho que nos sentimos em casa em qualquer lado.
Considerando esta alienação, que acham da sociedade moderna em que todos estão ligados ao outro através da internet e das redes sociais? Estaremos progressivamente a rejeitar a individualidade?
É tudo uma ferramenta para ser utilizada, bem ou mal. Não estamos muito por dentro das redes sociais modernas, por isso não estamos qualificados para medir os efeitos negativos.
Já fizeram dois álbuns conceptuais, porém disseram numa entrevista que tal ideia vos dava medo... nesse caso, o Drum´s Not Dead e o They Were Wrong, So We Drowned foram "estórias" que sentiram ter de contar mesmo que criativamente tal vos assustasse? Sentiram, durante a criação do Sisterworld, que não é um álbum conceptual mas tem uma temática central, que pudesse ser encarado como um?
Acho que temos tentado relaxar um bocado nesse aspecto. Limitamo-nos a tentar que o álbum cumpra os nossos propósitos e esperar que comunique as nossas ideias.
Vão tocar num festival lendário em Portugal e noutro que não é assim tão bom, convidados pelos Portishead. Quais são as vossas expectativas? Têm algum ritual antes de tocar?
Os rituais normais de esvaziamento/desordem mental... alguns não tão normais.
Qual foi a melhor coisa que um fã vos disse após um concerto?
«Vocês soam a Primus».
pauloandrececilio@gmail.com
RELACIONADO / Liars