ENTREVISTAS
Raccoo-oo-oon
Soletra-me o noo-oo-ooise
· 29 Out 2007 · 07:00 ·

Têm trabalhado em algum material novo recentemente?
Na verdade, a banda recolheu a um hiato durante alguns meses. O Andy (Spore) tem estado a viver em Los Angeles, mas, antes disso, tínhamos estado em digressão pelos Estados Unidos durante várias semanas e, depois, fomos até Chicago, onde passámos uma semana inteira a gravar novo material ensaiado e improvisado. Agora basta-nos decidir o que fazer com tudo aquilo.
Achas que algum desse novo material gravado em Chicago pode vir a constituir um novo volume na série Mythos Folkways ou essa foi colocada em hibernação por agora?
Sim, definitivamente. Formaremos dois discos a partir do material acumulado nas sessões conduzidas em Agosto em Chicago, e, pelo menos um desses será incluído na série Mythos Folkways.
Podes-me dizer se existe um enquadramento especial que distingue a gravação dos discos que formam a Mythos Folkways? Existe algum factor ou equipamento comum a todos esses discos?
Toda o material inserido na Mythos Folkways é completamente improvisado e editado de modo a adequar-se à duração de cada disco – não fazemos overdubs sobre o que temos gravado e limitamo-nos a cortar as piores sobras antes de ser transposto para disco. Tudo foi gravado logo no lugar, de modo totalmente improvisado. Habitualmente, ocupávamos com improvisações o tempo que sucedia à gravação de um álbum de estúdio. Acho que o próximo álbum misturará as facetas do improviso e material ensaiado.
Tiveram algum colaborador inédito nessas sessões de Agosto que mencionaste? Algum dos membros internos tentou tocar um instrumento ou ensaiar uma técnica a que não estivesse à partida afeiçoado?
Estamos sempre, nem que seja muito subtilmente, a mudar de equipamento e outras coisas entre álbuns, mas, nas improvisações inseridas no âmbito Mythos, estamos sempre a variar. O nosso baterista Ryan acabou por tocar muito órgão no novo material improvisado e eu próprio dediquei-me mais do que o habitual às electrónicas. O Daren (Ho) tocou vários sintetizadores e o Andy encontra-se sempre disperso por um monte de instrumentos. O nosso amigo Mike Dixon, que nos costuma gravar, toca também minimamente em algumas cenas e entrou em acção ao tocar guitarra em algum do novo material.
Que características cruciais contribuíram para que Behold Secret Kingdom fosse lançado como o vosso primeiro álbum propriamente dito? Isto se eu estiver certo...
Não é o nosso primeiro álbum – o Is Night People e o The Cave of Spirits Forever são também dignos desse nome. O Behold será apenas aquele a que dedicámos mais tempo e o que gravámos com o equipamento de mais alta fidelidade. Passámos um ano inteiro a trabalhar aquelas músicas. Talvez aquele fosse o disco que absorveu mais concentração da nossa parte, porque tínhamos experimentado e tocado ao vivo imenso material antes do álbum ter sido concebido.
Ao formarem Behold Secret Kingdom, sentiram necessidade de deduzir ou adicionar texturas de modo a satisfazer a vossa vontade? Ou tudo isso foi muito espontâneo na forma como se adequou à visão de cada membro?
Tudo isso procedeu-se de um modo muito orgânico – perdemos uma enorme quantidade de tempo a elaborar essas músicas e deixámos que adquirissem forma por si próprias. É assim que escrevemos música – é como se ela fluísse e necessitasse apenas de ser editada de um modo orgânico. Obtemos resultados ao tocar sem reparar no passar do tempo e mantendo intacto o que de melhor daí resulte. Tentamos depois tornar mais elaborados esses pontos altos.
Consegues fazer uma estimativa em relação a quantas pistas foram usadas na gravação de uma faixa como “Invisible Sun”, que parece completamente maciça quando aquele clímax se apodera da música?
Não estou muito certo em relação a isso, mas diria que não terão sido muitas. Foi basicamente gravada como se fosse ao vivo. Até mesmo as vozes. Foram escassos os overdubs - um pouco de baixo aqui e ali, e só mesmo isso. Gravamos tudo como se fosse ao vivo. Por vezes, é necessário começar do zero, construir algo a partir daí e depois deixar isso à solta.
Existe algum motivo especial para a obsessão do Ryan pelo Michael Jordan? Como aconteceu isso? Ele costuma jogar basquetebol entre as sessões de gravação?
O Ryan não é grande jogador de basquetebol. Ele é mais obcecado pelo Mickey Mouse e isso sente-se actualmente nos seus desenhos. Também anda sempre a ouvir Black Flag e Miles Davis.
Já foram convidados para unir forças com outros colectivo? Essa perspectiva entusiasma-vos?
Sim, falámos acerca da hipótese de gravar com os Yellow Swans o Verão passado, mas isso nunca chegou a acontecer, muito por causa do facto de eles se encontrarem em digressão quando os encontramos e vice-versa. Também ponderámos essa hipótese com os nossos amigos Binges de Chicago, mas temos estado um pouco isolados de tudo. Além de que, quando uma banda passa pela cidade de Iowa em digressão, todos estão mais interessados em aproveitar o tempo em conjunto do que em montar a tralha e gravar. Por isso nunca efectuámos colaborações de maior com outro grupo.
Reparei que tocaram como Old Time Relijun este último Verão. O Phil Elvrum tocou com eles?
Já tocámos como eles umas quantas vezes, mas acho que o Phil Elvrum já não integra a banda.
Quais foram os pontos altos da digressão europeia que fizeram em Março passado?
Tudo foi interessante. O Festival K-raa-k foi muito divertido, assim como assistir aos concertos e gozar da companhia do Dan Higgs e Little Howlin Wolf (Jessie Sanders). Londres foi brutal – o Chris Tipton da Upset the Rhythm tem sempre histórias fantásticas para contar. Halbaard, na Holanda, é um sítio fixe para tocar e passar um bom bocado. Talvez seja o espaço mais próximo daquilo que os nossos corações têm como casa. É uma velha escolha de raparigas. Guiar em excesso e sem paragens foi um dos aspectos da digressão que não nos agradou assim tanto.
Miguel ArsénioNa verdade, a banda recolheu a um hiato durante alguns meses. O Andy (Spore) tem estado a viver em Los Angeles, mas, antes disso, tínhamos estado em digressão pelos Estados Unidos durante várias semanas e, depois, fomos até Chicago, onde passámos uma semana inteira a gravar novo material ensaiado e improvisado. Agora basta-nos decidir o que fazer com tudo aquilo.
Achas que algum desse novo material gravado em Chicago pode vir a constituir um novo volume na série Mythos Folkways ou essa foi colocada em hibernação por agora?
Sim, definitivamente. Formaremos dois discos a partir do material acumulado nas sessões conduzidas em Agosto em Chicago, e, pelo menos um desses será incluído na série Mythos Folkways.
Podes-me dizer se existe um enquadramento especial que distingue a gravação dos discos que formam a Mythos Folkways? Existe algum factor ou equipamento comum a todos esses discos?
Toda o material inserido na Mythos Folkways é completamente improvisado e editado de modo a adequar-se à duração de cada disco – não fazemos overdubs sobre o que temos gravado e limitamo-nos a cortar as piores sobras antes de ser transposto para disco. Tudo foi gravado logo no lugar, de modo totalmente improvisado. Habitualmente, ocupávamos com improvisações o tempo que sucedia à gravação de um álbum de estúdio. Acho que o próximo álbum misturará as facetas do improviso e material ensaiado.
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Tiveram algum colaborador inédito nessas sessões de Agosto que mencionaste? Algum dos membros internos tentou tocar um instrumento ou ensaiar uma técnica a que não estivesse à partida afeiçoado?
Estamos sempre, nem que seja muito subtilmente, a mudar de equipamento e outras coisas entre álbuns, mas, nas improvisações inseridas no âmbito Mythos, estamos sempre a variar. O nosso baterista Ryan acabou por tocar muito órgão no novo material improvisado e eu próprio dediquei-me mais do que o habitual às electrónicas. O Daren (Ho) tocou vários sintetizadores e o Andy encontra-se sempre disperso por um monte de instrumentos. O nosso amigo Mike Dixon, que nos costuma gravar, toca também minimamente em algumas cenas e entrou em acção ao tocar guitarra em algum do novo material.
Que características cruciais contribuíram para que Behold Secret Kingdom fosse lançado como o vosso primeiro álbum propriamente dito? Isto se eu estiver certo...
Não é o nosso primeiro álbum – o Is Night People e o The Cave of Spirits Forever são também dignos desse nome. O Behold será apenas aquele a que dedicámos mais tempo e o que gravámos com o equipamento de mais alta fidelidade. Passámos um ano inteiro a trabalhar aquelas músicas. Talvez aquele fosse o disco que absorveu mais concentração da nossa parte, porque tínhamos experimentado e tocado ao vivo imenso material antes do álbum ter sido concebido.
Ao formarem Behold Secret Kingdom, sentiram necessidade de deduzir ou adicionar texturas de modo a satisfazer a vossa vontade? Ou tudo isso foi muito espontâneo na forma como se adequou à visão de cada membro?
Tudo isso procedeu-se de um modo muito orgânico – perdemos uma enorme quantidade de tempo a elaborar essas músicas e deixámos que adquirissem forma por si próprias. É assim que escrevemos música – é como se ela fluísse e necessitasse apenas de ser editada de um modo orgânico. Obtemos resultados ao tocar sem reparar no passar do tempo e mantendo intacto o que de melhor daí resulte. Tentamos depois tornar mais elaborados esses pontos altos.
Consegues fazer uma estimativa em relação a quantas pistas foram usadas na gravação de uma faixa como “Invisible Sun”, que parece completamente maciça quando aquele clímax se apodera da música?
Não estou muito certo em relação a isso, mas diria que não terão sido muitas. Foi basicamente gravada como se fosse ao vivo. Até mesmo as vozes. Foram escassos os overdubs - um pouco de baixo aqui e ali, e só mesmo isso. Gravamos tudo como se fosse ao vivo. Por vezes, é necessário começar do zero, construir algo a partir daí e depois deixar isso à solta.
Existe algum motivo especial para a obsessão do Ryan pelo Michael Jordan? Como aconteceu isso? Ele costuma jogar basquetebol entre as sessões de gravação?
O Ryan não é grande jogador de basquetebol. Ele é mais obcecado pelo Mickey Mouse e isso sente-se actualmente nos seus desenhos. Também anda sempre a ouvir Black Flag e Miles Davis.
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Já foram convidados para unir forças com outros colectivo? Essa perspectiva entusiasma-vos?
Sim, falámos acerca da hipótese de gravar com os Yellow Swans o Verão passado, mas isso nunca chegou a acontecer, muito por causa do facto de eles se encontrarem em digressão quando os encontramos e vice-versa. Também ponderámos essa hipótese com os nossos amigos Binges de Chicago, mas temos estado um pouco isolados de tudo. Além de que, quando uma banda passa pela cidade de Iowa em digressão, todos estão mais interessados em aproveitar o tempo em conjunto do que em montar a tralha e gravar. Por isso nunca efectuámos colaborações de maior com outro grupo.
Reparei que tocaram como Old Time Relijun este último Verão. O Phil Elvrum tocou com eles?
Já tocámos como eles umas quantas vezes, mas acho que o Phil Elvrum já não integra a banda.
Quais foram os pontos altos da digressão europeia que fizeram em Março passado?
Tudo foi interessante. O Festival K-raa-k foi muito divertido, assim como assistir aos concertos e gozar da companhia do Dan Higgs e Little Howlin Wolf (Jessie Sanders). Londres foi brutal – o Chris Tipton da Upset the Rhythm tem sempre histórias fantásticas para contar. Halbaard, na Holanda, é um sítio fixe para tocar e passar um bom bocado. Talvez seja o espaço mais próximo daquilo que os nossos corações têm como casa. É uma velha escolha de raparigas. Guiar em excesso e sem paragens foi um dos aspectos da digressão que não nos agradou assim tanto.
migarsenio@yahoo.com
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