ENTREVISTAS
Maze
Homem em Missão
· 23 Ago 2007 · 08:00 ·
Homem em Missão é o teu primeiro trabalho a solo. Como foi trabalhar sozinho neste EP?
Sinceramente, o EP resulta de músicas que inicialmente iriam fazer parte do meu álbum e que acabaram por ficar desenquadradas da totalidade do mesmo. Então surgiu a ideia do EP promocional disponível gratuitamente para download. Este EP é fruto de um trabalho conjunto desenvolvido com o Ace para a Ace Produktionz, os instrumentais são todos dele. O Ace esteve presente como produtor executivo desde a gravação até á masterização. No fundo este EP não é só meu, é também um pouco dele.
Havia alguma coisa que não pudesses fazer com os Dealema ou outros projectos e que possas fazer aqui? Ou foi apenas a intenção de controlar todo o processo?
Criar música com os Dealema é um processo totalmente diferente de fazer música a solo. Em Dealema nós juntamos forças e trazemos um bocado de cada um para criar algo com mais poder. A solo podemos desenvolver outro tipo de trabalhos que não são necessariamente o que fazemos em Dlm, e então cada um foca nos seus gostos, na sua expressão e linguagem criativa própria para fazer algo mais pessoal, ou mais específico. É completamente diferente fazer música com mais pessoas, pois tem que existir uma sintonia e um convergir de interesses e de vontades. A solo isso não existe, a criação é uma directa expressão do ser.
O que é que influenciou directamente este disco em termos musicais e de letras?
Principalmente a vida real, de todos os dias. Estas músicas são o reflexo do quotidiano duma determinada altura da minha vida. São músicas escritas há 2 anos atrás, numa altura um pouco conturbada da minha vida pessoal e artística, e são músicas onde exponho o meu intimo, as minhas ansiedades, desejos, medos, paixões… São letras um pouco autobiográficas, os instrumentais do Ace eram os veículos perfeitos para eu transportar essas letras da forma que queria e eram a tradução das mesmas musicalmente, as peças encaixavam na perfeição.
O título do teu EP é bastante explicativo e ilustrativo quanto a uma intenção. Que missão é essa de que falas?
A missão de que falo é a de cumprir meu propósito, neste caso fazer a minha música e transmitir a minha vibração, passar consciência e conhecimento na minha música. É também a vontade de me transformar numa melhor pessoa, é o saber que tenho poder dentro de mim para ser o que quiser ser, quando e como quiser enquanto ser humano, e ao fazer isso servir de exemplo vivo para que toda a gente saiba que transporta também esse mesmo poder, o de criar a sua realidade.
Tens a consciência do poder que a palavra do hip hop tem para influenciar os jovens que a ouvem? Isso significa um especial peso…
Sim, tem um peso muito importante, e realmente tenho um cuidado especial sempre que escrevo. Tenho consciência que sou ouvido por uma ou várias gerações e que tenho oportunidade para mudar mentalidades ou pelo menos direccioná-las num melhor sentido e é o que espero fazer. O meu Rap tem um cariz bastante positivo, acho que é a minha principal característica, não sou um Mc unidimensional, posso fazer Rap politico, de festa, canções de amor, ficção ou das mais variadas temáticas, mas existe sempre uma consciência e uma mensagem subjacente em todas as músicas, nada de muito elaborado, apenas o reflexo da pessoa que sou.
Tens um contacto real com as dificuldades de certos bairros de Gaia e do Porto? Fazes pesquisa de campo, digamos assim, procuras os retratos sociais reais?
Felizmente, eu sempre tive um contacto directo com todo o tipo de pessoas, das mais abastadas às mais humildes, o que me garantiu uma visão ampla da sociedade e me enriqueceu bastante como pessoa. Não vivo no bairro, mas conheço e contacto quase diariamente com pessoas de habitam em bairros do Porto e de Gaia, e sei o que se passa, tenho consciência dos problemas que existem e das dificuldades que muita gente passa nos bairros do grande Porto. Não forço esse trabalho de campo, ele surge naturalmente do meu quotidiano, de conversas, de sítios, da observação e análise que faço constantemente. Vejam o vídeo do single do álbum do Ex-peão, chama-se “Bairro”, e é precisamente um retrato social incrível dos bairros sociais do Porto, realidade nua e crua. Em www.myspace.com/expeao.
Li algures que este teu EP de estreia era algo despretensioso. O que é que isso quer dizer ao certo? Existem planos para seguir uma carreira a solo como fez, por exemplo, o Fuse?
O meu Ep, talvez seja um pouco despretensioso de facto, pois é apenas para promoção, não está nas lojas e logo não tem destaque mediático similar aos discos que são comercializados e que têm um carimbo duma editora de peso e todas as regalias que daí advêm. Sim, claro que tenho planos para seguir uma carreira a solo, tal como todos os elementos de Dealema, aliás, essa mesma carreira a solo já é uma realidade, estou neste momento a gravar o meu primeiro álbum, e pretendo dar concertos a solo depois do seu lançamento e continuar a trabalhar e a fazer cada vez mais e melhor música.
Agrada-te o lado de produtor?
Sim, agrada-me bastante. De facto comecei recentemente a produzir e estou empenhado em aprender o mais possível. Sempre estive rodeado dos melhores produtores durante a minha carreira toda e fui assimilando como tudo se processa o que facilita bastante, mas ainda tenho um longo percurso a percorrer até editar produções minhas e estar satisfeito com os resultados, tudo a seu tempo.
Tanto quanto sei estás a trabalhar também no novo disco dos Dealema. Como correm as gravações do segundo disco do colectivo?
O segundo disco já está gravado, foi um processo demorado, mas estamos contentes com os resultados. Neste momento encontramo-nos em fase de mistura, mas já dá para ter uma ideia do que será o resultado final e estamos entusiasmados e ansiosos para mostrar o nosso novo trabalho. Já tocamos alguns temas novos nos espectáculos ao vivo e a reacção do público tem sido muito boa, o que é um bom indicativo para nós, e serve de incentivo para esta recta final de mistura e masterização do álbum.
Que retrato fazes de mais de 10 anos dos Dealema? Como é fazer parte dos Dealema?
Estes 10 anos de carreira dos Dealema estão recheados de histórias incríveis, de muitas emoções, de milhares de horas em ensaios, em viagens, palcos, estúdios… O balanço é muito positivo, há 10 anos atrás éramos uns putos cheios de sonhos e vontade, com talento e com muito para aprender, agora fazer música é a nossa vida e não nos vemos sem fazer o que realmente nos dá prazer. É indescritível, não consigo mesmo expressar por palavras como é ser 1/5 dos Dealema, nem sei se eles conseguiriam se a pergunta lhes fosse colocada a eles, sei que quando entramos no estúdio para criar ou quando subimos ao palco, fazemos magia, temos uma empatia muito grande, transformamo-nos num só.
Existe um Maze antes e outro depois de "Brilhantes Diamantes"? Esperavas um sucesso tão estrondoso desse tema?
Não esperava mesmo o sucesso que a música teve, foi uma surpresa muito grande quando o Serial me ligou a dizer que a editora a tinha escolhido para ser o primeiro single do seu álbum. Surpresa que foi aumentando á medida que as rádios e televisão começaram a passar o tema em alta rotação. Obviamente que para mim foi muito positivo do ponto de vista profissional, o facto de ter uma música com o destaque que o “Brilhantes Diamantes” teve, serviu de trampolim para a minha carreira, tenho noção que cheguei a um público mais abrangente, especialmente aos adolescentes e ás crianças, o que é algo que me agrada bastante.
Andas também ocupado com outros projectos actualmente… O que nos podes contar acerca do projecto Sub_verso?
Sub_verso sou eu e o Soma, é um projecto que temos vindo a desenvolver já há algum tempo, algumas das músicas têm 2 anos. É um projecto que nos remete para o Rap dos 90, e para os clássicos dessa década. O álbum está neste momento em fase de mistura, que está a cargo do Serial. Para já ainda não existe uma data de lançamento, mas o álbum está numa fase final e o primeiro single, “Dá-me um sinal”, já pode ser ouvido em algumas rádios. Fiquem atentos!
É uma pergunta algo cliché mas, imaginas-te a fazer música para o resto da vida? Tens condições e força para isso?
Sim, efectivamente imagino-me a fazer música para sempre. Esse é o cenário ideal e espero que se concretize. Não quero só fazer música, pois sou uma pessoa criativa e comunico também com outro tipo de linguagens, gosto de fazer Design gráfico, gosto de pintar, fotografar, escrever poesia, gosto de criar de múltiplas formas, mas a música é a minha verdadeira paixão e vou sempre dar-lhe prioridade. Ao fim de 10 anos consigo finalmente viver da música exclusivamente, o que tem sido uma batalha difícil e continua a ser neste país, de facto espero ter essas condições criativas no futuro, poder focar na música sem ter que pensar em arranjar um part-time ou mesmo um full-time noutra área só para garantir a minha subsistência e continuar a fazer o que realmente amo.
André GomesSinceramente, o EP resulta de músicas que inicialmente iriam fazer parte do meu álbum e que acabaram por ficar desenquadradas da totalidade do mesmo. Então surgiu a ideia do EP promocional disponível gratuitamente para download. Este EP é fruto de um trabalho conjunto desenvolvido com o Ace para a Ace Produktionz, os instrumentais são todos dele. O Ace esteve presente como produtor executivo desde a gravação até á masterização. No fundo este EP não é só meu, é também um pouco dele.
Havia alguma coisa que não pudesses fazer com os Dealema ou outros projectos e que possas fazer aqui? Ou foi apenas a intenção de controlar todo o processo?
Criar música com os Dealema é um processo totalmente diferente de fazer música a solo. Em Dealema nós juntamos forças e trazemos um bocado de cada um para criar algo com mais poder. A solo podemos desenvolver outro tipo de trabalhos que não são necessariamente o que fazemos em Dlm, e então cada um foca nos seus gostos, na sua expressão e linguagem criativa própria para fazer algo mais pessoal, ou mais específico. É completamente diferente fazer música com mais pessoas, pois tem que existir uma sintonia e um convergir de interesses e de vontades. A solo isso não existe, a criação é uma directa expressão do ser.
O que é que influenciou directamente este disco em termos musicais e de letras?
Principalmente a vida real, de todos os dias. Estas músicas são o reflexo do quotidiano duma determinada altura da minha vida. São músicas escritas há 2 anos atrás, numa altura um pouco conturbada da minha vida pessoal e artística, e são músicas onde exponho o meu intimo, as minhas ansiedades, desejos, medos, paixões… São letras um pouco autobiográficas, os instrumentais do Ace eram os veículos perfeitos para eu transportar essas letras da forma que queria e eram a tradução das mesmas musicalmente, as peças encaixavam na perfeição.
O título do teu EP é bastante explicativo e ilustrativo quanto a uma intenção. Que missão é essa de que falas?
A missão de que falo é a de cumprir meu propósito, neste caso fazer a minha música e transmitir a minha vibração, passar consciência e conhecimento na minha música. É também a vontade de me transformar numa melhor pessoa, é o saber que tenho poder dentro de mim para ser o que quiser ser, quando e como quiser enquanto ser humano, e ao fazer isso servir de exemplo vivo para que toda a gente saiba que transporta também esse mesmo poder, o de criar a sua realidade.
Tens a consciência do poder que a palavra do hip hop tem para influenciar os jovens que a ouvem? Isso significa um especial peso…
Sim, tem um peso muito importante, e realmente tenho um cuidado especial sempre que escrevo. Tenho consciência que sou ouvido por uma ou várias gerações e que tenho oportunidade para mudar mentalidades ou pelo menos direccioná-las num melhor sentido e é o que espero fazer. O meu Rap tem um cariz bastante positivo, acho que é a minha principal característica, não sou um Mc unidimensional, posso fazer Rap politico, de festa, canções de amor, ficção ou das mais variadas temáticas, mas existe sempre uma consciência e uma mensagem subjacente em todas as músicas, nada de muito elaborado, apenas o reflexo da pessoa que sou.
Tens um contacto real com as dificuldades de certos bairros de Gaia e do Porto? Fazes pesquisa de campo, digamos assim, procuras os retratos sociais reais?
Felizmente, eu sempre tive um contacto directo com todo o tipo de pessoas, das mais abastadas às mais humildes, o que me garantiu uma visão ampla da sociedade e me enriqueceu bastante como pessoa. Não vivo no bairro, mas conheço e contacto quase diariamente com pessoas de habitam em bairros do Porto e de Gaia, e sei o que se passa, tenho consciência dos problemas que existem e das dificuldades que muita gente passa nos bairros do grande Porto. Não forço esse trabalho de campo, ele surge naturalmente do meu quotidiano, de conversas, de sítios, da observação e análise que faço constantemente. Vejam o vídeo do single do álbum do Ex-peão, chama-se “Bairro”, e é precisamente um retrato social incrível dos bairros sociais do Porto, realidade nua e crua. Em www.myspace.com/expeao.
Li algures que este teu EP de estreia era algo despretensioso. O que é que isso quer dizer ao certo? Existem planos para seguir uma carreira a solo como fez, por exemplo, o Fuse?
O meu Ep, talvez seja um pouco despretensioso de facto, pois é apenas para promoção, não está nas lojas e logo não tem destaque mediático similar aos discos que são comercializados e que têm um carimbo duma editora de peso e todas as regalias que daí advêm. Sim, claro que tenho planos para seguir uma carreira a solo, tal como todos os elementos de Dealema, aliás, essa mesma carreira a solo já é uma realidade, estou neste momento a gravar o meu primeiro álbum, e pretendo dar concertos a solo depois do seu lançamento e continuar a trabalhar e a fazer cada vez mais e melhor música.
Agrada-te o lado de produtor?
Sim, agrada-me bastante. De facto comecei recentemente a produzir e estou empenhado em aprender o mais possível. Sempre estive rodeado dos melhores produtores durante a minha carreira toda e fui assimilando como tudo se processa o que facilita bastante, mas ainda tenho um longo percurso a percorrer até editar produções minhas e estar satisfeito com os resultados, tudo a seu tempo.
Tanto quanto sei estás a trabalhar também no novo disco dos Dealema. Como correm as gravações do segundo disco do colectivo?
O segundo disco já está gravado, foi um processo demorado, mas estamos contentes com os resultados. Neste momento encontramo-nos em fase de mistura, mas já dá para ter uma ideia do que será o resultado final e estamos entusiasmados e ansiosos para mostrar o nosso novo trabalho. Já tocamos alguns temas novos nos espectáculos ao vivo e a reacção do público tem sido muito boa, o que é um bom indicativo para nós, e serve de incentivo para esta recta final de mistura e masterização do álbum.
Que retrato fazes de mais de 10 anos dos Dealema? Como é fazer parte dos Dealema?
Estes 10 anos de carreira dos Dealema estão recheados de histórias incríveis, de muitas emoções, de milhares de horas em ensaios, em viagens, palcos, estúdios… O balanço é muito positivo, há 10 anos atrás éramos uns putos cheios de sonhos e vontade, com talento e com muito para aprender, agora fazer música é a nossa vida e não nos vemos sem fazer o que realmente nos dá prazer. É indescritível, não consigo mesmo expressar por palavras como é ser 1/5 dos Dealema, nem sei se eles conseguiriam se a pergunta lhes fosse colocada a eles, sei que quando entramos no estúdio para criar ou quando subimos ao palco, fazemos magia, temos uma empatia muito grande, transformamo-nos num só.
Existe um Maze antes e outro depois de "Brilhantes Diamantes"? Esperavas um sucesso tão estrondoso desse tema?
Não esperava mesmo o sucesso que a música teve, foi uma surpresa muito grande quando o Serial me ligou a dizer que a editora a tinha escolhido para ser o primeiro single do seu álbum. Surpresa que foi aumentando á medida que as rádios e televisão começaram a passar o tema em alta rotação. Obviamente que para mim foi muito positivo do ponto de vista profissional, o facto de ter uma música com o destaque que o “Brilhantes Diamantes” teve, serviu de trampolim para a minha carreira, tenho noção que cheguei a um público mais abrangente, especialmente aos adolescentes e ás crianças, o que é algo que me agrada bastante.
Andas também ocupado com outros projectos actualmente… O que nos podes contar acerca do projecto Sub_verso?
Sub_verso sou eu e o Soma, é um projecto que temos vindo a desenvolver já há algum tempo, algumas das músicas têm 2 anos. É um projecto que nos remete para o Rap dos 90, e para os clássicos dessa década. O álbum está neste momento em fase de mistura, que está a cargo do Serial. Para já ainda não existe uma data de lançamento, mas o álbum está numa fase final e o primeiro single, “Dá-me um sinal”, já pode ser ouvido em algumas rádios. Fiquem atentos!
É uma pergunta algo cliché mas, imaginas-te a fazer música para o resto da vida? Tens condições e força para isso?
Sim, efectivamente imagino-me a fazer música para sempre. Esse é o cenário ideal e espero que se concretize. Não quero só fazer música, pois sou uma pessoa criativa e comunico também com outro tipo de linguagens, gosto de fazer Design gráfico, gosto de pintar, fotografar, escrever poesia, gosto de criar de múltiplas formas, mas a música é a minha verdadeira paixão e vou sempre dar-lhe prioridade. Ao fim de 10 anos consigo finalmente viver da música exclusivamente, o que tem sido uma batalha difícil e continua a ser neste país, de facto espero ter essas condições criativas no futuro, poder focar na música sem ter que pensar em arranjar um part-time ou mesmo um full-time noutra área só para garantir a minha subsistência e continuar a fazer o que realmente amo.
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