ENTREVISTAS
Melt Banana
Um dilema que morde
· 09 Jul 2007 · 08:00 ·

Como tem corrido a digressão?
Tem corrido optimamente. Temos feito as primeiras partes do Tool e os nossos concertos em nome próprio. Quando tocamos por nós, acabamos os concertos por volta da 1 ou 2 da madrugada e podemos ir para a cama pelas 4 ou 5. Por sua vez, temos de montar o nosso equipamento pelas duas da tarde, após seis horas de viagem, quando tocamos com os Tool. O que significa que andamos um pouco ensonados.
E tem sido excitante tocar com os Tool?
É divertido tocar em grandes espaços porque não temos qualquer experiência nesse tipo de âmbitos, porque nunca os tínhamos trilhado anteriormente. O responsável pelo nosso som teve alguma dificuldade nos primeiros 2 ou 3 concertos, mas agora já se adaptou. E todos os membros dos Tool, assim como o pessoal que com eles trabalha, são muito porreiros e isso resulta em espectáculos em que nos sentimos muito confortáveis.
A sensação que mais me afectou, ao escutar o Bambi’s Dilemma, foi a de que era um disco coeso e bastante completo na vistoria de todos os estilos que exploraram durante a carreira, um pouco como alguns dos últimos discos dos Sonic Youth em que efectuam um sumário de todas as suas eras. Durante a sua elaboração, sentiram em alguma circunstância que o álbum era representativo de uma grande parte da produção dos Melt Banana?
Eu nunca pensei assim. Procuramos, a partir da ideia original utilizada no primeiro disco, tornar as coisas mais profundas e abrangentes em vez de transitar para um estilo diferente de música. Se ficaste com essa ideia, fica no ar a suspeita de que esta possa ser a altura de avançarmos para outro tipo de música.
Mesmo assim, o dilema de Bambi que mencionam no título refere-se à dificuldade em optar pelos diversos ângulos ao vosso dispor na exploração do som característico dos Melt Banana?
Sim, vivemos vários dilemas ao gravar este disco. Talvez porque nos encarregamos de todos os aspectos do processo: gravamos as músicas por nós mesmos sem a ajuda de um engenheiro de som ou de um produtor, e por aí em diante. Acabámos por escrever uma grande quantidade de músicas e decidimos que o melhor seria descartarmos muitas delas. Reunimos entre 60 a 70 músicas, mas muitas delas suscitavam-me duvidas, porque nem todas me divertiam realmente. Levou isso a que decidíssemos eliminá-las.
Que sinais de frescura te parecem ter resultado do facto de terem vindo a colaborar com novos bateristas ultimamente? Eras capaz de me esclarecer quanto à identidade e papel do baterista em Bambi’s Dilemma?
Os bons bateristas persistem em surpreender-me. Gosto de escutar um baterista que me convença. E o Dave Witte (Burnt by the Sun, Discordance Axis) é um dos meus bateristas favoritos e adoro o seu estilo demolidor. Por isso, desta vez escrevi canções apenas com ele na bateria, a minha voz e o meu theremin de bolso. Depois acabámos por adicionar outros theremins com tons mais próximos do moog e sintetizador.
Como dividiram as tarefas numa faixa de características tão peculiares como “Type: ecco system”? Foi muito diferente?
Foi muito diferente, sim. Editámos as várias pistas dessa música como se fosse uma colagem.
No seguimento disso, recordas-te também de como foram adicionadas as diferentes partes que compõem “Cat Brain Land”? Qual foi a ordem usada na inserção da parte instrumental, vozes e daquele sample que pára e arranca? Fiquei realmente intrigado com a estrutura dessa faixa...
Tenho ideia de que a estrutura dessa faixa era muito simples desde o início e assim me parece ainda. Acho que, se escutares atentamente a bateria, darás conta de que a estrutura é, à sua maneira, bastante simples.
Podes adiantar alguns detalhes acerca do livro que têm vindo a preparar? Virá a incluir arte e texto à semelhança daquele que lançaram os Melvins, em jeito de comemoração, com o nome de Neither Here nor There?
Surpreende-me já saberes desse livro. Partilhei a ideia com um escasso número de pessoas e ainda não me decidi ao certo. Se viermos a avançar com o livro, incluirá certamente muito do trabalho artístico e histórias relacionadas com Melt Banana.
De que modo o álbum Spike, a cargo do guitarrista Agata, acabou por ser lançado na Tzadik? O Agata alimenta alguma vontade de gravar um segundo disco a solo?
O John Zorn [patrão da Tzadik] escreveu-lhe subitamente uma proposta para que ele elaborasse um disco a solo. E tenho a impressão de que era suposto já ter concluído o segundo há algum tempo. Gravou algumas faixas para esse segundo e acabou por não gostar muito dessas. É provável que, quando tiver tempo para se aplicar nele, venha mesmo a fazê-lo.
Já agora, podes-me falar um pouco da participação do Agata no projecto Giraffe Running?
Ele disse-me que ainda não tinha recebido cópias desse disco sequer. Parece-me interessante que ele toque guitarra para outras bandas. Ele também participou recentemente nos sete polegadas de Jabara e Exclaim, duas bandas japonesas de hardcore.
Ainda não recuperei do espanto que me provocaram as versões de Queen e Birthday Party que gravaram para as compilações de tributo lançadas na Three-One-G. Têm tentado novas covers ultimamente, nem que apenas por pura diversão?
Fizemos uma cover da “Heart of Glass” dos Blondie durante a digressão do Bambi’s Dilemma - combinando uma drum machine como uma bateria. Ainda a tocámos diversas vezes, mas decidimos deixar de fazê-lo porque as drum machines provocam em nós algum desconforto.
Existem alguns splits alinhados para breve?
Acabámos de enviar umas faixas para uma label que irá lançar um split com uma banda chamada Fat Day, de Cambrige, Massachusetts, nos Estados Unidos.
Miguel ArsénioTem corrido optimamente. Temos feito as primeiras partes do Tool e os nossos concertos em nome próprio. Quando tocamos por nós, acabamos os concertos por volta da 1 ou 2 da madrugada e podemos ir para a cama pelas 4 ou 5. Por sua vez, temos de montar o nosso equipamento pelas duas da tarde, após seis horas de viagem, quando tocamos com os Tool. O que significa que andamos um pouco ensonados.
E tem sido excitante tocar com os Tool?
É divertido tocar em grandes espaços porque não temos qualquer experiência nesse tipo de âmbitos, porque nunca os tínhamos trilhado anteriormente. O responsável pelo nosso som teve alguma dificuldade nos primeiros 2 ou 3 concertos, mas agora já se adaptou. E todos os membros dos Tool, assim como o pessoal que com eles trabalha, são muito porreiros e isso resulta em espectáculos em que nos sentimos muito confortáveis.
A sensação que mais me afectou, ao escutar o Bambi’s Dilemma, foi a de que era um disco coeso e bastante completo na vistoria de todos os estilos que exploraram durante a carreira, um pouco como alguns dos últimos discos dos Sonic Youth em que efectuam um sumário de todas as suas eras. Durante a sua elaboração, sentiram em alguma circunstância que o álbum era representativo de uma grande parte da produção dos Melt Banana?
Eu nunca pensei assim. Procuramos, a partir da ideia original utilizada no primeiro disco, tornar as coisas mais profundas e abrangentes em vez de transitar para um estilo diferente de música. Se ficaste com essa ideia, fica no ar a suspeita de que esta possa ser a altura de avançarmos para outro tipo de música.
Mesmo assim, o dilema de Bambi que mencionam no título refere-se à dificuldade em optar pelos diversos ângulos ao vosso dispor na exploração do som característico dos Melt Banana?
Sim, vivemos vários dilemas ao gravar este disco. Talvez porque nos encarregamos de todos os aspectos do processo: gravamos as músicas por nós mesmos sem a ajuda de um engenheiro de som ou de um produtor, e por aí em diante. Acabámos por escrever uma grande quantidade de músicas e decidimos que o melhor seria descartarmos muitas delas. Reunimos entre 60 a 70 músicas, mas muitas delas suscitavam-me duvidas, porque nem todas me divertiam realmente. Levou isso a que decidíssemos eliminá-las.
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Que sinais de frescura te parecem ter resultado do facto de terem vindo a colaborar com novos bateristas ultimamente? Eras capaz de me esclarecer quanto à identidade e papel do baterista em Bambi’s Dilemma?
Os bons bateristas persistem em surpreender-me. Gosto de escutar um baterista que me convença. E o Dave Witte (Burnt by the Sun, Discordance Axis) é um dos meus bateristas favoritos e adoro o seu estilo demolidor. Por isso, desta vez escrevi canções apenas com ele na bateria, a minha voz e o meu theremin de bolso. Depois acabámos por adicionar outros theremins com tons mais próximos do moog e sintetizador.
Como dividiram as tarefas numa faixa de características tão peculiares como “Type: ecco system”? Foi muito diferente?
Foi muito diferente, sim. Editámos as várias pistas dessa música como se fosse uma colagem.
No seguimento disso, recordas-te também de como foram adicionadas as diferentes partes que compõem “Cat Brain Land”? Qual foi a ordem usada na inserção da parte instrumental, vozes e daquele sample que pára e arranca? Fiquei realmente intrigado com a estrutura dessa faixa...
Tenho ideia de que a estrutura dessa faixa era muito simples desde o início e assim me parece ainda. Acho que, se escutares atentamente a bateria, darás conta de que a estrutura é, à sua maneira, bastante simples.
Podes adiantar alguns detalhes acerca do livro que têm vindo a preparar? Virá a incluir arte e texto à semelhança daquele que lançaram os Melvins, em jeito de comemoração, com o nome de Neither Here nor There?
Surpreende-me já saberes desse livro. Partilhei a ideia com um escasso número de pessoas e ainda não me decidi ao certo. Se viermos a avançar com o livro, incluirá certamente muito do trabalho artístico e histórias relacionadas com Melt Banana.
De que modo o álbum Spike, a cargo do guitarrista Agata, acabou por ser lançado na Tzadik? O Agata alimenta alguma vontade de gravar um segundo disco a solo?
O John Zorn [patrão da Tzadik] escreveu-lhe subitamente uma proposta para que ele elaborasse um disco a solo. E tenho a impressão de que era suposto já ter concluído o segundo há algum tempo. Gravou algumas faixas para esse segundo e acabou por não gostar muito dessas. É provável que, quando tiver tempo para se aplicar nele, venha mesmo a fazê-lo.
Já agora, podes-me falar um pouco da participação do Agata no projecto Giraffe Running?
Ele disse-me que ainda não tinha recebido cópias desse disco sequer. Parece-me interessante que ele toque guitarra para outras bandas. Ele também participou recentemente nos sete polegadas de Jabara e Exclaim, duas bandas japonesas de hardcore.
Ainda não recuperei do espanto que me provocaram as versões de Queen e Birthday Party que gravaram para as compilações de tributo lançadas na Three-One-G. Têm tentado novas covers ultimamente, nem que apenas por pura diversão?
Fizemos uma cover da “Heart of Glass” dos Blondie durante a digressão do Bambi’s Dilemma - combinando uma drum machine como uma bateria. Ainda a tocámos diversas vezes, mas decidimos deixar de fazê-lo porque as drum machines provocam em nós algum desconforto.
Existem alguns splits alinhados para breve?
Acabámos de enviar umas faixas para uma label que irá lançar um split com uma banda chamada Fat Day, de Cambrige, Massachusetts, nos Estados Unidos.
migarsenio@yahoo.com
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