ENTREVISTAS
Lapalux
Verdade de Lapalux
· 17 Out 2012 · 00:34 ·
Estreou-se em 2008 com o EP Forest - que foi alvo de reedição no ano passado -, mas são os seus novos EPs, editados pela famigerada Brainfeeder, de Flying Lotus, que o têm colocado nas bocas dos conoisseurs da Nova Música Electrónica que vem chegando depois do boom dubstep. Lapalux é Stuart Howard, britânico de escassos 23 anos cujos When You're Gone e Some Other Time se têm revelado como apostas de 2012 para quem procura uma pop de cariz electrónico na mesma onda de, por exemplo, SBTRKT. Irá estar no Jameson Urban Routes - estreia nacional - e o Bodyspace foi à sua procura para uma pequena conversa.
Quando começaste a fazer música, e que te inspirou a fazê-lo? Comecei por aprender a tocar guitarra e pedaços de outros instrumentos aqui e ali. Lembro-me de jogar ao Music, na Playstation, quando era miúdo, e creio que foi isso que me inspirou a criar música com computadores.

Que tipo de equipamento e software usas, tanto no estúdio como ao vivo?

O meu estúdio é uma mistura de tudo aquilo a que deito as mãos. Compro e vendo bastante material, está constantemente a mudar. Uso muito o meu gravador portátil e comprei recentemente um sintetizador Nord, do qual estou a gostar. Tenho alguns gravadores de cassetes e faço umas brincadeiras com outros tipos de equipamento. E uso o Ableton Live para compor a maioria das minhas coisas.

O teu primeiro EP "a sério" (Many Faces Out Of Focus) foi editado em cassete. A que se deveu isso, foi algo surgido de uma certa nostalgia, isto é, teres ouvido cassetes enquanto criança? Achas que iremos ter um revivalismo das cassetes da mesma forma que o tivemos do vinil?

Sim, foi uma espécie de nostalgia, porque cresci a ouvir cassetes e achei que seria porreiro lançar o meu primeiro EP numa edição limitada em cassete. Não creio que as cassetes voltem de forma tão forte, mas é bom ver que há algumas pessoas a editar nesse formato.



Após dois EPs instrumentais, lançaste este ano o When You're Gone, que mantém a génese do teu som - as melodias, os beats... - mas já tem uma componente vocal em algumas das faixas. Chamar-lhe-ias o teu disco mais pop, uma tentativa de fazer algo mais próximo de uma canção pop?

Sim, com o When You're Gone tentei experimentar mais com o formato pop, tentar criar um disco mais próximo do R&B. Foi o meu primeiro lançamento na Brainfeeder e quis mostrar maturidade, que tinha uma forma mais estruturada de fazer um disco.

O Some Other Time, editado recentemente, também saiu pela Brainfeeder. Que nos podes dizer sobre ele?

Diria que é um pouco mais dark, mais profundo que o When You're Gone. Tem uma maior influência do jazz e da electrónica experimental. Tentei focar-me em fazer um EP que fosse uma viagem... as faixas nunca ficam quietas, evoluem constantemente, assim revelando outra parte da história.

Planeias um longa-duração para breve, ou vais continuar com o formato EP? Segues algum plano enquanto compões? Estes EPs nasceram mais da improvisação, ou trabalhaste laboriosamente cada canção? Como costuma ser o teu processo criativo?

De momento estou a trabalhar num LP. Normalmente não sigo plano algum, ao trabalhar num disco. A maioria das vezes selecciono o que acho que funcionará bem e tento organizá-lo num lançamento, de canções que fiz ou nas quais tenho trabalhado, e as quais edito, por vezes, para caber de forma coesa num EP ou LP.



Para mim, a tua música é mais agradável de se ouvir durante um passeio no parque, relaxando sob as árvores, as tuas malhas têm esta qualidade suave e de sonho, mas ao mesmo tempo não consigo deixar de pensar que são algo dançáveis... na tua opinião, criar música para a mente ou para a anca?

Para a mente, definitivamente. Dito isto não acho que seja algo que faça de um modo consciente, apenas prefiro fazer música que tenha um significado mais profundo que aquela que é apontada à pista. Não quero dizer com isto que a música de dança não é profunda - claro que é. Ainda faço uns ajustes à minha música em situações ao vivo, contudo, e sempre que estou a trabalhar em algo mais pesado penso em como soará numa pista, tento fazer com que seja mais dançável se acho que é essa a direcção que está a seguir.

Que se segue para Lapalux? Que planeias fazer após esta tour? Como costumas relaxar depois de tantos concertos?

Como já disse, estou a trabalhar num disco. Tenho tocado muito ao vivo, trabalhado em novo material e a experimentar mais com o som, trabalhando com outros artistas. Normalmente tiro uns dias longe de tudo, após cada tour. Regra geral não faço nada depois de cada qual, levo algum tempo para digerir o que aconteceu enquanto estive em tour, interiorizo aos poucos, para depois poder usar o que ganhei em inspiração no meu trabalho.
Paulo Cecílio
pauloandrececilio@gmail.com

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