ENTREVISTAS
Cavalheiro
O amor é fodido
· 21 Jul 2009 · 00:03 ·
Quem te conhecia dos Veados com Fome e dos Território, não estava à espera disto. Há quanto tempo trazias Cavalheiro e o formato canção dentro de ti?
Há algum tempo acho. Nunca foi algo que levasse muito a sério, até porque nunca me achei capaz de cantar. Mas há uns anos fui para fora viver e lá comecei a experimentar, a coisa foi-se desenvolvendo e ficando mais confortável e aqui está.
Mas foi complicado assumir esta nova faceta?
Muito, ao início sentia-me tremendamente constrangido, por razões de vária ordem, mas sobretudo porque estava a ser muito honesto do que dizia não estava de todo habituado, mas talvez por esse desconforto todo comecei a gostar. Agora sabe-me bastante bem.
O tríptico Malkmus / Bukowski / Enguardas foi um empurrão? Queres explicar o terceiro?
Quando comecei com isto não tinha nada na cabeça e eu achava que precisava de ter algo para falar contar, sei lá. O Malkmus é um gajo descomprometido, muito próprio a fazer música. O Bukowski é o meu escritor americano favorito. E as Enguardas é um bairro de Braga pejado de putas e ciganos onde vivia. Ou seja, era pegar no que gostava e no que era e tentar fazer uma ligação directa para isto começar a andar.
E achas que conseguiste isso no EP que acabou de sair? Como é que sentes esse disco?
Nunca consigo ouvir muito bem, ou pelo menos imparcialmente o que gravo mas acho que está aproximado ao que eu faço e por aí gosto, mas gostava de poder trabalhar melhor as coisas, ter uma banda gigante nas minhas costas e um coro gospel. Tenho a mariana que já é muito.
Isso da banda gigante e coro gospell é para Portugal ou é só nos teus sonhos?
É um sonho. Se calhar se tivesse achava péssimo, mas gostava de poder mandar em gente. Ter um som poderoso.
Querer mandar em gente é uma coisa portuguesa, não é?
Eu acho que querer mandar é um tique de pequenez.
Ou é património mundial?
Não, é mesmo de quem não manda. Ser grande e queixar-se de ser.
Mas o teu som até me parece uma aposta no minimalismo, em vez de uma ausência de recursos... Não parece ser um som de quem quer mandar em muita gente.
Ora bem, há duas explicações para isso. Primeiro, eu gosto de pensar que sou um gajo pragmático e em vez de estar a tentar montar um ensemble de gente para tocar e tudo isso decidi fazer o mais simples que pudesse e por outro lado sou limitado tecnicamente, fazer coisas simples ajuda-me a conseguir tocar.
Quando, como e porquê entrou a Mariana nesse esquema todo?
Ora eu conheço a Mariana de uma pequena aventura musical que tivemos há uns anos chamada Ronda dos Tristes. E damo-nos muito bem e partilhamos fracas aptidões técnicas. O que é bom para trabalhar. Como precisava de ajuda para executar isto ao vivo ela pareceu-me a escolha mais do que óbvia.
Dirias então que cavalheiro é uma aventura despretensiosa a ver no que dá?
É uma quimera pessoal. Para ver até onde posso levar quase uma teima, para ver se sou capaz de fazer isto, se me consigo divertir e sobretudo tocar por Portugal que é sempre o maior prazer.
Isso tem algo a ver com nacionalismo? Ou estás a falar de turismo rural, andar por aí a tocar e a comer sem grandes pretensões?
Ora ainda bem que falas de nacionalismo, porque como sabes têm surgido uma série de imbecis nacionalistas a fazer música em Portugal, dos quais gostava de me demarcar o mais possível. Sou um patriota e tenho o mais progressivo amor por Portugal mas o meu plano é tocar por aí, sem grandes faustos. Conhecer o país e ir tocando a minha música.
Gostavas que alguém em especial reparasse na tua música?
Todos os portugueses não nacionalistas.
Uma das tuas canções lembra-me o Sérgio Godinho, embora saiba que não estás muito de acordo com isso. Ele é uma inspiração possível para a tua música?
Tenho ouvido muitas vezes as pessoas fazerem esse tipo de associações. Nunca ouvi um disco inteiro do Sérgio Godinho, não é inspiração alguma para o que faço. Admito que recorde as pessoas mas pessoalmente não me diz nada, a não ser a música dos Amigos do Gaspar mas acho que essa diz a toda a gente, não conta.
Mas compreendes certamente que o Sérgio Godinho marcou de certa a forma a maneira de escrever canções em Portugal e que isso acabará por se reflectir ainda que indirectamente...
Claro, digo isto sem qualquer desprimor pela música dele mas como nunca o ouvi, pelo menos decentemente, não o reconheço no que faço. Às vezes dou por mim meio colado noutras coisas.
O quê, por exemplo?
Nunca me apanhei perto do Godinho. Bill Callahan, ou (Smog), como preferires. A música dele diz-me muito.
Mas escreves em português, por exemplo. Há algum escritor de canções português a escrever em português que admires?
O JP Simões escreveu umas canções deliciosas para o Quinteto Tati mas de resto nada mais. E isso é quase batota porque fica mais difícil copiar e eu tento fazer as coisas da forma mais honesta possível…
Nem José Mário Branco, nem Fausto, nem nada desses terrenos?
Nada...
E o Bill Callahan… Gostas tanto dos discos deles dos últimos tempos, como dos primeiros?
Gosto de uma maneira geral.
Porque é que ele te diz tanto?
Gosto muito de ele ter andado com a Cat Power e gosto do facto de ele fazer música muito simples. Muito directa. E pessoal. Franca. Isso apela-me muito,
Ele andou também com a Joanna Newsom…
Dessa não gosto.
O que me leva a perguntar. Todo o escritor de canções tem de ter a sua musa?
Ui. Acho mesmo que não. Eu pouco entendo desse oficio mas acho que quem as faz tem que ser honesto e falar de si.
Achas que o género Bukowski cai melhor a quem escreve canções sobre relações humanas? Ou seja, a perspectiva dele?
O Bukowski é um tipo que me agrada pela mesma razão; era capaz de falar com o mesmo entusiasmo e tom dos episódios mais decadentes como dos mais fabulosos sem empolar, sem fantasiar. Era o que era.
Mas tu, para alguém que diz não perceber nada do campeonato das mulheres, mandas uns bitaites nas tuas canções sobre aquilo que eu identifico como sendo o amor. Andas a apalpar terreno, a caminhar no escuro?
Objectivamente, falo muito de mulheres. Falo do que se passa ou passou entre mim e elas, na maioria das vezes coisas mais feias. Descobri que é mais fácil cantar do que contar.
Já se escreveu tanto sobre amor, relações humanas e temas próximos. O que vale agora é o testemunho pessoal de cada ou a perspectiva diferente de cada acrescenta um novo ângulo à questão? Achas que os filmes de Hollywood e a música pop foderam o amor para toda a gente?
Acho um bocado que sim. A vida é sempre um subproduto dos sonhos e os sonhos foram puxados para a estratosfera; é preciso ser-se demasiado adulto para não ser um inconformado. Ou insatisfeito, melhor. E isso sim fode o amor.
Mudando de assunto. O que ficou para trás… Veados, Território. Deixaste tudo para o passado. Não te apetece recuperar nada disso?
Tenho muitas saudades de Veados, mais das pessoas do que da banda. Gosto de pensar que isto tudo é um processo de enriquecimento e que quando for velho vou fazer música bem mais interessante.
Isto de fazer música é para levar até velho?
Eu faço música desde que sou puto. Sempre de uma forma descoordenada e tremendamente amadora e sempre me deu prazer. Ou seja paro de a fazer quando morrer ou quando já não me apetecer mais.
Este EP de Cavalheiro está a pedir um disco mais cheio, um LP?
Olha, comecei a gravar esta semana em casa o segundo EP. Ainda está verde para um disco como deve ser e quando o fizer gostava de ter condições que não tenho de forma alguma de momento.
De que condições falas? Técnicas?
Também. Primeiro ter um bom conjunto coeso de canções. Depois ter tempo e dinheiro para gravar com boas condições técnicas. Fazer uma edição bem apresentada, tudo como deve ser.
Já temos o contabilista Old Jerusalem. Prometes conseguir conciliar a tua profissão com a música?
Assim o espero. Viver da música deve ser desesperante, a música tem que ser a tua amante nunca a tua esposa.
Até porque se for esposa as coisas começam a arrefecer?
Pois claro. A arrefecer, a exigir, a agredir. Por esta ordem cronológica.
A música pode ser tão complicada como as mulheres mais complicadas que conhecemos?
De forma alguma. Considero que as mulheres são muito mais.
Mas não fazemos a mínima ideia de como viver sem ambas...
Mas se fosse uma ou outra... Responde tu.
Depende da mulher e do disco.
Vá, não vamos ser pulhas e vamos fingir que a resposta é categoricamente mulheres, de acordo?
De acordo. Até porque o Grace do Jeff Buckley tem 200 mulheres lá dentro. É um disco que te cai bem?
Em 98 era. Ouvi-o há um ano. E ainda parecia óptimo.
Às vezes acho que ouço qualquer coisa dele nas tuas canções…
Ele tinha aquele primeiro disco que era gravado num café ou algo assim. Recordas-te?
O Live at Sin-é...
Confere! Esse era muito bom. Porque era homem e guitarra e ele fazia as duas coisas muito bem. Talvez por aí o possa ter ido roubar.
És dos que preferem o Buckley pai? Como o João Bonifácio, do Ípsilon?
Não. Mas digo que não porque só ouvi praí três músicas do pai. Se calhar é melhor tipo Tony e Mickael, não sei mesmo…
Mudando de tema, esta altura é a altura perfeita para ser-se Cavalheiro no Porto?
Excluindo o tempo de exílio já cá moro há tempo suficiente para ver que as coisas estão melhores agora. A altura perfeita não é pela certa mas a melhor que já conheci é.
Pelas minhas contas há umas duas mãos cheias de sitios onde o Cavalheiro pode tocar hoje em dia no Porto por exemplo...
Isso é óptimo, até porque acho que o que faço por agora só se justifica quando tocado para pequenas plateias, o que é bem mais libertador. E proporciona-te mais oportunidades.
Concertos como aquele que deste no Cafe au Lait no mês passado?
Isso é o meu terreno. Casas pequenas, gente silenciosa. Espero encontrar outros.
Está aí o oxigénio para o Cavalheiro?
De certa forma sim. Poder tocar muda tudo para mim, é o que me puxa. Se não tiver concertos marcados não me mexo. Tendo, fico totalmente motivado.
André GomesHá algum tempo acho. Nunca foi algo que levasse muito a sério, até porque nunca me achei capaz de cantar. Mas há uns anos fui para fora viver e lá comecei a experimentar, a coisa foi-se desenvolvendo e ficando mais confortável e aqui está.
Mas foi complicado assumir esta nova faceta?
Muito, ao início sentia-me tremendamente constrangido, por razões de vária ordem, mas sobretudo porque estava a ser muito honesto do que dizia não estava de todo habituado, mas talvez por esse desconforto todo comecei a gostar. Agora sabe-me bastante bem.
O tríptico Malkmus / Bukowski / Enguardas foi um empurrão? Queres explicar o terceiro?
Quando comecei com isto não tinha nada na cabeça e eu achava que precisava de ter algo para falar contar, sei lá. O Malkmus é um gajo descomprometido, muito próprio a fazer música. O Bukowski é o meu escritor americano favorito. E as Enguardas é um bairro de Braga pejado de putas e ciganos onde vivia. Ou seja, era pegar no que gostava e no que era e tentar fazer uma ligação directa para isto começar a andar.
E achas que conseguiste isso no EP que acabou de sair? Como é que sentes esse disco?
Nunca consigo ouvir muito bem, ou pelo menos imparcialmente o que gravo mas acho que está aproximado ao que eu faço e por aí gosto, mas gostava de poder trabalhar melhor as coisas, ter uma banda gigante nas minhas costas e um coro gospel. Tenho a mariana que já é muito.
Isso da banda gigante e coro gospell é para Portugal ou é só nos teus sonhos?
É um sonho. Se calhar se tivesse achava péssimo, mas gostava de poder mandar em gente. Ter um som poderoso.
Querer mandar em gente é uma coisa portuguesa, não é?
Eu acho que querer mandar é um tique de pequenez.
Ou é património mundial?
Não, é mesmo de quem não manda. Ser grande e queixar-se de ser.
Mas o teu som até me parece uma aposta no minimalismo, em vez de uma ausência de recursos... Não parece ser um som de quem quer mandar em muita gente.
Ora bem, há duas explicações para isso. Primeiro, eu gosto de pensar que sou um gajo pragmático e em vez de estar a tentar montar um ensemble de gente para tocar e tudo isso decidi fazer o mais simples que pudesse e por outro lado sou limitado tecnicamente, fazer coisas simples ajuda-me a conseguir tocar.
Quando, como e porquê entrou a Mariana nesse esquema todo?
Ora eu conheço a Mariana de uma pequena aventura musical que tivemos há uns anos chamada Ronda dos Tristes. E damo-nos muito bem e partilhamos fracas aptidões técnicas. O que é bom para trabalhar. Como precisava de ajuda para executar isto ao vivo ela pareceu-me a escolha mais do que óbvia.
Dirias então que cavalheiro é uma aventura despretensiosa a ver no que dá?
É uma quimera pessoal. Para ver até onde posso levar quase uma teima, para ver se sou capaz de fazer isto, se me consigo divertir e sobretudo tocar por Portugal que é sempre o maior prazer.
Isso tem algo a ver com nacionalismo? Ou estás a falar de turismo rural, andar por aí a tocar e a comer sem grandes pretensões?
Ora ainda bem que falas de nacionalismo, porque como sabes têm surgido uma série de imbecis nacionalistas a fazer música em Portugal, dos quais gostava de me demarcar o mais possível. Sou um patriota e tenho o mais progressivo amor por Portugal mas o meu plano é tocar por aí, sem grandes faustos. Conhecer o país e ir tocando a minha música.
Gostavas que alguém em especial reparasse na tua música?
Todos os portugueses não nacionalistas.
Uma das tuas canções lembra-me o Sérgio Godinho, embora saiba que não estás muito de acordo com isso. Ele é uma inspiração possível para a tua música?
Tenho ouvido muitas vezes as pessoas fazerem esse tipo de associações. Nunca ouvi um disco inteiro do Sérgio Godinho, não é inspiração alguma para o que faço. Admito que recorde as pessoas mas pessoalmente não me diz nada, a não ser a música dos Amigos do Gaspar mas acho que essa diz a toda a gente, não conta.
Mas compreendes certamente que o Sérgio Godinho marcou de certa a forma a maneira de escrever canções em Portugal e que isso acabará por se reflectir ainda que indirectamente...
Claro, digo isto sem qualquer desprimor pela música dele mas como nunca o ouvi, pelo menos decentemente, não o reconheço no que faço. Às vezes dou por mim meio colado noutras coisas.
O quê, por exemplo?
Nunca me apanhei perto do Godinho. Bill Callahan, ou (Smog), como preferires. A música dele diz-me muito.
Mas escreves em português, por exemplo. Há algum escritor de canções português a escrever em português que admires?
O JP Simões escreveu umas canções deliciosas para o Quinteto Tati mas de resto nada mais. E isso é quase batota porque fica mais difícil copiar e eu tento fazer as coisas da forma mais honesta possível…
Nem José Mário Branco, nem Fausto, nem nada desses terrenos?
Nada...
E o Bill Callahan… Gostas tanto dos discos deles dos últimos tempos, como dos primeiros?
Gosto de uma maneira geral.
Porque é que ele te diz tanto?
Gosto muito de ele ter andado com a Cat Power e gosto do facto de ele fazer música muito simples. Muito directa. E pessoal. Franca. Isso apela-me muito,
Ele andou também com a Joanna Newsom…
Dessa não gosto.
O que me leva a perguntar. Todo o escritor de canções tem de ter a sua musa?
Ui. Acho mesmo que não. Eu pouco entendo desse oficio mas acho que quem as faz tem que ser honesto e falar de si.
Achas que o género Bukowski cai melhor a quem escreve canções sobre relações humanas? Ou seja, a perspectiva dele?
O Bukowski é um tipo que me agrada pela mesma razão; era capaz de falar com o mesmo entusiasmo e tom dos episódios mais decadentes como dos mais fabulosos sem empolar, sem fantasiar. Era o que era.
Mas tu, para alguém que diz não perceber nada do campeonato das mulheres, mandas uns bitaites nas tuas canções sobre aquilo que eu identifico como sendo o amor. Andas a apalpar terreno, a caminhar no escuro?
Objectivamente, falo muito de mulheres. Falo do que se passa ou passou entre mim e elas, na maioria das vezes coisas mais feias. Descobri que é mais fácil cantar do que contar.
Já se escreveu tanto sobre amor, relações humanas e temas próximos. O que vale agora é o testemunho pessoal de cada ou a perspectiva diferente de cada acrescenta um novo ângulo à questão? Achas que os filmes de Hollywood e a música pop foderam o amor para toda a gente?
Acho um bocado que sim. A vida é sempre um subproduto dos sonhos e os sonhos foram puxados para a estratosfera; é preciso ser-se demasiado adulto para não ser um inconformado. Ou insatisfeito, melhor. E isso sim fode o amor.
Mudando de assunto. O que ficou para trás… Veados, Território. Deixaste tudo para o passado. Não te apetece recuperar nada disso?
Tenho muitas saudades de Veados, mais das pessoas do que da banda. Gosto de pensar que isto tudo é um processo de enriquecimento e que quando for velho vou fazer música bem mais interessante.
Isto de fazer música é para levar até velho?
Eu faço música desde que sou puto. Sempre de uma forma descoordenada e tremendamente amadora e sempre me deu prazer. Ou seja paro de a fazer quando morrer ou quando já não me apetecer mais.
Este EP de Cavalheiro está a pedir um disco mais cheio, um LP?
Olha, comecei a gravar esta semana em casa o segundo EP. Ainda está verde para um disco como deve ser e quando o fizer gostava de ter condições que não tenho de forma alguma de momento.
De que condições falas? Técnicas?
Também. Primeiro ter um bom conjunto coeso de canções. Depois ter tempo e dinheiro para gravar com boas condições técnicas. Fazer uma edição bem apresentada, tudo como deve ser.
Já temos o contabilista Old Jerusalem. Prometes conseguir conciliar a tua profissão com a música?
Assim o espero. Viver da música deve ser desesperante, a música tem que ser a tua amante nunca a tua esposa.
Até porque se for esposa as coisas começam a arrefecer?
Pois claro. A arrefecer, a exigir, a agredir. Por esta ordem cronológica.
A música pode ser tão complicada como as mulheres mais complicadas que conhecemos?
De forma alguma. Considero que as mulheres são muito mais.
Mas não fazemos a mínima ideia de como viver sem ambas...
Mas se fosse uma ou outra... Responde tu.
Depende da mulher e do disco.
Vá, não vamos ser pulhas e vamos fingir que a resposta é categoricamente mulheres, de acordo?
De acordo. Até porque o Grace do Jeff Buckley tem 200 mulheres lá dentro. É um disco que te cai bem?
Em 98 era. Ouvi-o há um ano. E ainda parecia óptimo.
Às vezes acho que ouço qualquer coisa dele nas tuas canções…
Ele tinha aquele primeiro disco que era gravado num café ou algo assim. Recordas-te?
O Live at Sin-é...
Confere! Esse era muito bom. Porque era homem e guitarra e ele fazia as duas coisas muito bem. Talvez por aí o possa ter ido roubar.
És dos que preferem o Buckley pai? Como o João Bonifácio, do Ípsilon?
Não. Mas digo que não porque só ouvi praí três músicas do pai. Se calhar é melhor tipo Tony e Mickael, não sei mesmo…
Mudando de tema, esta altura é a altura perfeita para ser-se Cavalheiro no Porto?
Excluindo o tempo de exílio já cá moro há tempo suficiente para ver que as coisas estão melhores agora. A altura perfeita não é pela certa mas a melhor que já conheci é.
Pelas minhas contas há umas duas mãos cheias de sitios onde o Cavalheiro pode tocar hoje em dia no Porto por exemplo...
Isso é óptimo, até porque acho que o que faço por agora só se justifica quando tocado para pequenas plateias, o que é bem mais libertador. E proporciona-te mais oportunidades.
Concertos como aquele que deste no Cafe au Lait no mês passado?
Isso é o meu terreno. Casas pequenas, gente silenciosa. Espero encontrar outros.
Está aí o oxigénio para o Cavalheiro?
De certa forma sim. Poder tocar muda tudo para mim, é o que me puxa. Se não tiver concertos marcados não me mexo. Tendo, fico totalmente motivado.
andregomes@bodyspace.net
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